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Patti Smith e Robert Mapplethorpe eram tão pobres, tão pobres, que iam, à vez, a museus, galerias ou cinemas. Um entrava, o outro ficava à porta, à espera. O primeiro tinha como missão contar o que viu, ao segundo. A capacidade de chegar ao objeto artístico, dependia da capacidade do primeiro contar o que viu; e do segundo de imaginar o que o primeiro teve oportunidade de ver. Patti conta esta história (e muitas outras) no livro "Apenas Miúdos". Fiquei muito sensibilizado pela história. Porque revela cumplicidade, generosidade, partilha. Porque me lembro de fazermos isso, em casa: por falta de dinheiro, de tempo, de idade. Porque me lembro de conseguir ver filmes, museus, cidades, concertos, nas palavras dos meus irmãos ou dos meus amigos. Porque tenho pena que, cada vez mais, se insista em mostrar tudo, em ver tudo - apenas, para não ver nada.