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Chuva de mísseis

por Miguel Bastos, em 10.02.23

zelensky macron scholz.jfif

Olho para a televisão. Zelensky acabava de chegar a Paris.
- Dava jeito ter um correspondente em Paris, não dava?
- O que é que lhe aconteceu?
- O José Manuel Rosendo está a caminho da Turquia.
- Achas que a Ucrânia está a perder peso nos noticiários?
- Não. Também estamos lá.
Esta manhã, o repórter Nuno Amaral chegou a Kiev, sob uma chuva de mísseis.  
Outro enviado especial, Luís Peixoto está em Donestsk, onde chove ao contrário. 

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Palavra do ano: "guerra"

por Miguel Bastos, em 05.01.23

"Guerra" é a Palavra do Ano, de 2022. Numa altura de abundância de palavras (ditas, escritas, gritadas, escarrapachadas), em que se usa e abusa das palavras, escolher uma palavra - uma só - por ano, soa a tarefa hercúlea. Quando a iniciativa da Porto Editora começou, perguntei-me se fazia sentido elaborar um "top" de palavras, submetê-las a votação e eleger uma só palavra. Porque a escolha pode refletir, apenas, a espuma dos dias. Mas, também é verdade que pode servir de barómetro, que ajuda a perceber os assuntos que mais preocupam os portugueses. No ano de 2022, marcado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, a palavra escolhida foi "guerra". As palavras relacionadas com a Covid-19, que tinham dominado os dois últimos anos (no ano passado foi "vacina"), desapareceram. Se passarmos por 2017, ano dos grandes incêndios, a palavra do ano foi, precisamente, "incêndios". Em 2011, o ano da chegada da troika, a palavra escolhida foi "austeridade". Uma palavra - uma só - pode dizer muitas coisas. Pode dizer muito.

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A Guerra na Ucrânia

por Miguel Bastos, em 29.03.22

ucrania.jpg

- Estás a ler um livro sobre a guerra da Ucrânia?
- Estou.
- A sério, já há livros sobre a guerra na Ucrânia?
- Já, mas não é bem sobre esta guerra.
- É sobre a 2.ª Guerra Mundial?
- Também não. É da altura em que a Rússia invadiu a Crimeia, que é uma região...
- Eu sei onde é.
- Estou a ver, tu sabes muitas coisas.
- O Putin está a tentar refazer a União Soviética, não é?
Nuno, 9 anos de sabedoria. Estudante (de Ciência Política ou Relações Internacionais, presumo).

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Dissimulação russa

por Miguel Bastos, em 14.03.22

angela.jpg

"A 'maskirovka' (dissimulação) é uma técnica desenvolvida pelo exército russo que pode resumir-se em três palavras: engano, negação e desinformação." A invasão da Ucrânia, em 2014, e a técnica utilizada (com um grupo não identificado, formado por veteranos soviéticos, agentes russos, ucranianos pró-russos e mercenários) surpreenderam os líderes dos Estados Unidos e de vários países europeus. Angela Merkel não foi surpreendida, escreve Kati Marton, na biografia "A chanceler", que dedica um capítulo à guerra na Ucrânia. Educada (como Vladimir Putin) na fé soviética, Merkel não tinha ilusões: sabia que Putin era um antidemocrata e que estava empenhado em minar as democracias e alargar a sua influência. A Ucrânia fazia parte do plano.

A eternização de Putin no poder, foi um dos motivos pelo qual Merkel se candidatou a mais um mandato. Mas não foi o único. O nacionalismo continuava a crescer: não só na Rússia, mas também na China, no Reino Unido, na Polónia, na Hungria, na Turquia e, até, na própria Alemanha. Mais, nos Estados Unidos também - com a chegada de Donald Trump. Enquanto Putin mantinha uma guerra em lume brando, na Ucrânia, os Estados Unidos escolheram um presidente incendiário. "Sabe, a Alemanha não fez quase nada por vocês", disse Trump no primeiro encontro com Volodomyr Zelensky. Também não foi surpreendente. Trump é especialista no insulto, na fanfarronice e, sobretudo, na ignorância. No final do primeiro encontro, com Trump, na Casa Branca (em que o novo presidente americano defendeu que "A UE é pior do que a China, só que mais pequena"), Angela Merkel afirmou, aos jornalistas: "A próxima década nos dirá se aprendemos com o passado". Fez uma pausa e acrescentou: "Ou não". Já antevíamos a resposta. Agora temos a certeza. Infelizmente, é "Ou não".

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As cores da guerra

por Miguel Bastos, em 06.03.22

rosa.jpg

Uma guerra, qualquer guerra, não deve ser vista a preto-e-branco. Para que não seja vista a preto-e-branco, é preciso mostrar outras cores. Neste caso, optou-se pelo cor-de-rosa. Estou elucidado.

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O comediante

por Miguel Bastos, em 02.03.22

zelensky.jpg

Há muitos, muitos anos, li, na extinta Grande Reportagem, uma entrevista com um comediante. Na introdução, o texto descrevia o comediante como alguém que nos fazia rir de coisas tão sérias como o cancro ou a legislação europeia. Gostei muito. Infelizmente, perdi-lhe o rasto. Reencontrei-o, uns anos depois, quando os comentadores europeus começaram a falar de um movimento político, descrito como demagógico e populista, liderado por um comediante que apelidaram, depreciativamente, de "palhaço". Só, mais tarde, percebi que era o tal comediante que eu tinha gostado: Beppe Grillo. Não vou fazer uma avaliação sobre o seu pensamento e a sua ação política, em Itália, por falta de conhecimento. Mas, custa-me a acreditar que fosse, "apenas", um "palhaço".

 
Vem isto a propósito do atual presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que, apesar de estar a colher uma simpatia generalizada no ocidente, tem sempre alguém a assinalar que, antes de ser presidente, foi um comediante. Uma vez mais, não sei avaliar o seu desempenho: nem antes, como ator e criador artístico; nem depois, enquanto presidente. Noto, apenas, que o riso continua a motivar reações de desdém, de quem se julga mais inteligente, mais culto, mais preparado. O riso continua a meter medo a muita gente: porque questiona, interpela, subverte, incomoda. Porque afasta o medo. E, estes, são dias de medo. No livro "O Nome da Rosa", de Umberto Eco, fala-se do riso. Mata-se muito, por causa do riso. Nos dias de hoje, no país do ex-comediante, também. Mas, neste caso, a ironia não tem graça nenhuma.

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Ucrânia

por Miguel Bastos, em 26.02.22

jornais cortados.jpg

Estou a ler notícias de ontem e a ouvir notícias de hoje.
São muito parecidas e profundamente tristes.

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