Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Com a morte recente de Vangelis, voltei a ouvir "Friends of Mr. Cairo" - disco em parceria com Jon Anderson, dos Yes. E, depois, este "Walk into Light", de Ian Anderson, dos Jethro Tull. Sempre associei os dois discos: juntam dois cantores veteranos do rock progressivo (com nomes quase iguais, ainda por cima), com dois mestres da eletrónica - Vangelis e Peter-John Vettese. Os dois discos afastam-se do progressivo e enveredam por territórios pop, com uma sonoridade mais próxima de nomes como os Kraftwerk ou Ultravox. No caso de "Walk into Light", até os temas das letras se aproximam a estas bandas, com um certo gosto pela modernidade e pela tecnologia ("End Game", "User-Friendly") ou por uma certa ideia romantizada da Europa ("Different Germany"). Já não ouvia "Walk into Light" - com os seus sintetizadores, samples e caixas de ritmo - há muitos, muitos, anos (10? 15? 20?). E a verdade é que se ouve muito bem. Para já, vai ficar mais alguns dias a tocar no prato.
Que interessante, tanta gente a falar de Vangelis. Julgava-o esquecido. Lembro-me de gostar (e de deixar de gostar) de "Friends of Mr. Cairo" - o disco que fez com Jon Anderson, dos Yes. Lembro-me da música da série "Cosmos", de Carl Sagan. Lembro-me da banda sonora de "Blade Runner", filme que só vi muitos anos mais tarde. Lembro-me de o achar parecido com o Demis Roussos, e só depois descobrir que tinham pertencido à mesma banda. Lembro-me do hino de Guterres, claro. Um ovo de Colombo. Mais, recentemente, lembro-me de "Momentos de Glória" / "Chariots of Fire" interpretada pela London Symphony Orchestra, dirigida pelo maestro Simon Rattle, nos Jogos Olímpicos de 2012. Tem uma "performance" hilariante de Rowan Atkinson, como Mr. Bean. Já a vi várias vezes com os meus filhos. Eles adoram. Serve para lhes mostrar que a música orquestral pode ser popular. Que um dos maiores maestros do mundo pode ser divertido. Que os britânicos são os maiores a fazer humor e a fazer espetáculos. Que Rowan Atkinson ficou com a parte mais chata. Que a música é bonita. Que a música é de Vangelis. Vangelis morreu com Covid-19. Tinha 79 anos.