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Depois de janeiro, chega febreiro. Tempo para umas febras na praia.
O inverno começa daqui a pouco. Ainda bem. Estou cansado do verão.
Bem, estava aqui tão distraído a ouvir a "Balada de Outono", de José Afonso, que nem dei pela chegada do verão.
- Sabes, pai, está-me a doer aqui neste sítio.
- Terás batido nalguma coisa?
- Não, pai, acho que foi de jogar futebol.
- Levaste com uma bola? Foste contra algum menino?
- Acho que não. Foi de correr muito.
- Ahhh...
- Deve ser dor de burro.
- Hum. Quando chegares a casa, sentas-te a ler um livro e vais ver que ficas melhor.
- Porquê, pai?
- Porque os burros odeiam livros.
O verão termina, esta semana, e eu não cheguei a tirar uma destas fotos: com os meus pés, numa praia paradisíaca. Não foi por esquecimento. Eu gosto de estar na moda. Mas, infelizmente, moro longe.
Há uma cena do filme "24 Hours Party People", em que um guitarrista está a tocar numa sala vazia. É desolador. No final, só se ouvem os aplausos do dono do clube. O dono é Tony Wilson, o proprietário da editora Factory (Joy Division, New Order, Happy Mondays). O músico, Vini Reilly, está triste, porque ninguém quer saber da sua música e lamenta não estar a ajudar ao negócio. Tony diz-lhe para não pensar nisso: ele é um génio, a música dos Durutti Column é boa, é arte, e não depende da aprovação das massas. Hoje, escrevi um pequeno texto sobre um disco maravilhoso dos Durutti Column chamado "Amigos em Portugal". Contava com uma sala vazia, mas não importava, porque a música é boa. Mas a sala ficou cheia de gente. Fique contente. Pela celebração da música. Por Vini Reilly ter Amigos em Portugal.
Aviso: a próxima imagem pode chocar as pessoas mais sensíveis. É dedicada a toda a gente que anda doida com a reabertura de uma estação de metro, na capital do país.
Adoro a praia, ao final da tarde. O último banho. Os calções que já não vão secar no corpo. O sol a desvanecer-se em laranjas e azuis. A praia a encher-se de deserto, de gaivotas e silêncio. O som do mar. Um cenário quase perfeito. Quase, porque, entretanto, um grupo de jovens resolve ocupar o silêncio. Trazem um telemóvel "4G" e uma coluna "bluetooth". Enchem o areal com batidas "techno". Ah, os jovens - sempre em festa! Distingo, entre os modernos, uma criança. Depois, reparo que dois jovens são muito jovens. E, finalmente, que os outros dois jovens são pouco jovens. Ela, de cabelo apanhado e vestido leve. Ele, de entradas protuberantes e calções de surfista. Os dois a dançar. Jovens, na casa dos 50, de copo na mão e filhos a tiracolo. Todos, animados, para um "sunset", que começo a achar graça. Os mais velhos estão cada vez mais novos. É o que me parece, assim, à vista armada. Armada, sim, que à vista desarmada não vejo nadinha. É da idade. Não perdoa. Tum, tum, tum, tum...