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Acho uma certa graça à insistência na idade de Biden. Tem 77 anos, é certo. Não vai para novo. Mas, Trump tem 74. Portanto, se quiserem focar a discussão na questão da idade, direi que os Estados Unidos lançam para a disputa presidencial, em tempo de pandemia, dois candidatos no grupo de risco. Mas um representa mais riscos do que o outro. E não é, necessariamente, o mais velho.
Há, por aí, um certo jornalismo que anda desassossegado. Diz este jornalismo, que o restante jornalismo e os seus comentadores só vêem para um lado. Não há, dizem os desassossegados, quem defenda líderes como Trump, Le Pen, Orbán ou Bolsonaro. Queixam-se do "mainstream", do politicamente correto, do esquerdismo dos media. Estes defensores do pluralismo consideram que para se discutir questões étnicas, tem de se arranjar um racista; para discutir questões de género, tem de haver um marialva; para discutir democracia, tem de haver um fascista. Esquecem, ou fingem esquecer, que os fascistas são contra a tolerância e o pluralismo que alegam defender.
Enquanto isso, um presidente insulta e manda retirar as credenciais a um jornalista. Não devíamos estranhar. Acabámos de ver um presidente ser eleito nas redes sociais, contra os media. E, em Portugal, políticos desassossegados chamam os jornalistas para uma declaração "sem direito a perguntas". Onde é que está, afinal, a falta de contraditório? Onde deve estar, afinal, o desassossego?
Oprah poderá ser candidata à Casa Branca. Em 2020, a escolha será entre o talk show e o reality show. Vai-se votar com o comando.
We'll Always Have Paris. Entre o Casablanca e a Casa Branca há mais do que a troca de uma consoante.
Pergunta o DN: "Quem quer ser diretor do FBI?" Estranhei. Então, o concurso não era "Quem quer ser milionário"? Mas, depois, pensei: o cargo de milionário já está ocupado...
Já foi o rosto da crise da Europa. Mas, entretanto, vieram outras crises. Os refugiados: a caminho da Europa. O Reino Unido: a sair da Europa. Le Pen: a crescer, contra a Europa. A Rússia: a lançar Trump, por cima da Europa. E Trump: sem saber o que é a Europa. Merkel sabe, claro. E é, cada vez mais, a afirmação da Europa.
Ágata resolveu acrescentar profundidade ao universo fútil de Leonard Cohen. Vai daí, anunciou uma nova versão de “Hallelujah”. Diz Ágata: “Não foi por ele ter partido que gravei o tema”. Raios te partam, Ágata! Mas, quem é que iria pensar numa coisa dessas? Não nos esquecemos da cantora que disse, em tempos, que “uma mulher deve ser sensual, até a pôr a mesa”. E, vai daí, Ágata resolveu vestir uma toalha de mesa de natal (daquelas prateadas e brilhantes) e pôr uma unhas no mesmo tom. Mas, deixou um decote sensual, para provar que é sempre consequente com as suas afirmações. Depois, foi só acrescentar seis crianças com ar de anjinho e voz de catequese, e um altar em azulejo e talha dourada. Coisa mais linda. Aprende, Leonardo!
Por uma vez na vida, Ágata deixa o universo lírico de “Perfume de Mulher”, “Mãe solteira” e “Comunhão de bens”, e mergulha no universo de um cantor popular. É assim mesmo. A cantora não tem preconceitos. Nós também não. Temos é medo. O que é que se vai seguir? Donald Trump a cantar “First we take Manhattan”?
O senhor Trump está na televisão a dizer que o país voltou a ser independente. Alguém explique ao senhor Trump, que o Reino Unido não é bem um país. É mais um conjunto de "países". E que alguns desses "países" não querem sair da União Europeia (UE). E que, já agora, estava a falar num desses "países": a Escócia. Esse "país" votou, maioritariamente, "Remain" e quer, agora, fazer um referendo para votar a possibilidade de se separar do Reino Unido, permanecendo na UE. E que a Irlanda foi um "país", que se dividiu em dois. Agora, uma parte vai continuar no Reino Unido, que vai sair da Europa - apesar de ter votado na manutenção, e a outra parte, que tinha saído do Reino Unido, mas vai continuar na UE. E, entretanto, expliquem também ao senhor Trump, que as pessoas daquela zona ainda há pouco tempo andavam à porrada, aos tiros e às bombas. Ali e na capital do Reino, que também votou "remain".
A questão não é saber se concordamos, ou não, com o senhor Trump. A questão é que o senhor Trump não faz nenhuma ideia do que está a defender. E isso seria caricato, se não fosse perigoso. Tem graça quando falamos da eleição da Miss Mundo. Não tem, quando falamos do futuro da Europa, dos Estados Unidos e do mundo como o conhecemos…
Mas isso, devo ser eu que não percebo… Como não percebo Boris Johnson todo contente a dizer que ganhou a sua campanha de independência, mas que não tem pressa nenhuma em sair. Ai não!? Eu acho que para perceber melhor Trump, Johnson e o mundo, tenho de deixar de acompanhar a informação e passar a ver reality shows e ler revistas de cabeleireiros. E será essa a altura, em que passarei a perceber melhor os penteados dos dois senhores. Mas será, também, a altura em que perceberei que o mundo está mesmo assustador…