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Beirute

por Miguel Bastos, em 04.10.24

É dos Trovante, chama-se "Beirute". Não foi um grande sucesso, mas é uma grande canção. A dada altura, o refrão diz assim:

É mais quente que o ar do deserto!
É mais escuro que um buraco aberto
Na memória de uma terra ainda morna,
Que já não torna
A ser Beirute...

Já agora, esta canção faz parte do mesmo disco que tem "Timor" - canção tornada hino e que fala de um pequeno país esmagado pelos grandes interesses.

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Namoro x 3

por Miguel Bastos, em 02.07.24

trovante.jpg 

Por norma, não gosto de sequelas. Mas desta gostei. O "Namoro II", dos Trovante, é uma sequela do "Namoro", do Fausto, que eu conhecia dos concertos, do Godinho. "Aí, Benjamim", gritávamos nós, da plateia, para que o Sérgio, no palco, nos ouvisse. Para perceber melhor a letra do "Namoro II", ouvi, vezes sem conta, o "Namoro" que o Godinho gravou (com o Fausto na guitarra, curiosamente) no álbum "De pequenino se torce o destino". Finalmente, 3 anos depois do "II", eis que Fausto grava, finalmente, o "seu Namoro", no álbum "A preto e branco" - o mais africano dos seus discos. Em vez de escolher um namoro, em vez de afirmar que não há amor como o primeiro, fico com os três. Fico com um tríptico, ao gosto de Fausto.

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Trovante

por Miguel Bastos, em 26.04.23

trovante chao.jpg

- Não me digas que gostas dos Trovante?
- Chegaram a ser das minhas bandas preferidas.
- Ai, não tenho paciência para aquela gente.
- Que gente?
- Os betos de camisa de marca, por fora das calças, e sapatos de vela e fios de cabedal...
- Pois, mas os Trovante não vieram daí.
- Não vieram da linha?
- Não, vieram da esquerda.
- A sério?
- Pensa no nome: "Trovante" é a junção de "trova" com "avante".
- Música de intervenção?
- Sim, politicamente empenhada. Misturavam música popular, com jazz e rock.
- Tens algum disco deles?
- Vários. Comprei o primeiro álbum deles numa discoteca...
- Na linha de Cascais!
- Não... numa loja onde a malta de esquerda se costumava juntar.
- Tenho que ouvir isso.
- Não tens, mas podes. E estás, sempre, a tempo.

Música aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=hml9ubcstRo

 

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A Lisboa de Eugénio

por Miguel Bastos, em 23.01.23

Para celebrar os 100 anos de Eugénio de Andrade, a minha rádio andou a passar músicas com as palavras do poeta. Esta foi uma das que ouvi. E lembrei-me que esta foi, talvez, a primeira vez que entrei em contacto com a sua poesia. Os Trovante voltaram, várias vezes, à grande poesia portuguesa. Por vezes, com resultados épicos. Não é o caso desta canção. "Lisboa" é "Descalça e leve": como o poema de Eugénio, como a poesia de Eugénio.
 
LISBOA
 
Alguém diz com lentidão:
"Lisboa, sabes..."
Eu sei. É uma rapariga
Descalça e leve,
Um vento súbito e claro
Nos cabelos,
Algumas rugas finas
A espreitar-lhe os olhos,
A solidão aberta
Nos lábios e nos dedos,
Descendo degraus
E degraus
E degraus até ao rio.

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O assobio da Cobra 2

por Miguel Bastos, em 27.09.22

manuel paulo.jpg 

O Manuel Paulo escreveu, cá para casa, há vários meses. O Manuel Paulo é músico, há vários anos. Nos anos 80, era "teclista" na banda do Rui Veloso. Nos anos 90, fundou, com João Gil, a sua própria banda: a Ala dos Namorados. Mas os holofotes estavam focados no compositor dos Trovante e num "alien" chamado Nuno Guerreiro (um homem, com voz de mulher?!). O Manuel estava lá, a fazer aquilo que sabe fazer melhor: música. Nunca teve pinta de "pop-star". Penso que nunca quis ter. Há quase 20 anos, assinou o seu primeiro disco em nome próprio: "O assobio da Cobra". Mas, nem aqui saltou para o primeiro plano. Cedeu (uma vez mais) o palco, às canções e às vozes que convidou. Este ano, voltou a repetir a receita. "O assobio da Cobra 2" tem vários cantores convidados (cantoras, sobretudo). Tem Nancy Vieira, A garota não e Ana Deus, logo a abrir. Na primeira canção, o Manuel nem sequer aparece. Apesar de ser teclista, muitas canções são dominadas pelas guitarras. As letras são do (genial) João Monge.
 
Por falar em letras, já o disse: o Manuel Paulo escreveu-me. Enviou o disco, por correio, com os endereços escritos à mão. Assinou o disco, por dentro. E eu, que mal sabia juntar as letras quando o vi, pela primeira vez. Eu, deixei o disco do Manuel Paulo dentro do envelope, esquecido entre as cartas com as contas da luz e da água e os folhetos das imobiliárias e dos supermercados. Eu, só agora cheguei ao disco do Manuel Paulo. Eu, na verdade, já nem o merecia ouvir. Mas o disco merece, certamente. Que belíssimo disco. As minhas desculpas ao autor. As minhas desculpas, a mim mesmo e a quem me trata das coisas do espírito.

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Bacalhau com todos

por Miguel Bastos, em 26.03.18

ana bacalhau.jpg

Este não é um texto sobre gastronomia. É, apenas, um trocadilho básico, para falar de Ana Bacalhau. A própria encomendou uma letra a Capicua, para brincar com o seu nome, numa canção que funde hip-hop com música tradicional portuguesa. De resto, o seu primeiro disco a solo “Em nome próprio” está cheio de misturas: de estilos e de autores, novos e talentosos.

 
Faltava a prova ao vivo. Tive-a neste fim-de-semana. A cantora voltou a misturar. Desta vez, as canções do seu disco, com clássicos de Fausto, Trovante, Carlos do Carmo (Ary dos Santos / Paulo de Carvalho) e António Variações. Mas separou as águas, ao evitar canções da Deolinda. E agitou as águas, para não ficar em águas de bacalhau. Não gostei de tudo, mas apreciei-lhe a vontade de arriscar.
 
Ana Bacalhau é um exemplo do bom momento da música portuguesa. Um dos melhores períodos, de sempre. Que celebra o novo, apoiada num lastro que, durante muito tempo, foi ignorado. Porque todos queriam parecer modernos.
 
Mas, ser moderno não é comer fast food, como todos. Ser moderno, é gostar de Bacalhau, com todos.

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