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É dos Trovante, chama-se "Beirute". Não foi um grande sucesso, mas é uma grande canção. A dada altura, o refrão diz assim:
É mais quente que o ar do deserto!
É mais escuro que um buraco aberto
Na memória de uma terra ainda morna,
Que já não torna
A ser Beirute...
Já agora, esta canção faz parte do mesmo disco que tem "Timor" - canção tornada hino e que fala de um pequeno país esmagado pelos grandes interesses.
Por norma, não gosto de sequelas. Mas desta gostei. O "Namoro II", dos Trovante, é uma sequela do "Namoro", do Fausto, que eu conhecia dos concertos, do Godinho. "Aí, Benjamim", gritávamos nós, da plateia, para que o Sérgio, no palco, nos ouvisse. Para perceber melhor a letra do "Namoro II", ouvi, vezes sem conta, o "Namoro" que o Godinho gravou (com o Fausto na guitarra, curiosamente) no álbum "De pequenino se torce o destino". Finalmente, 3 anos depois do "II", eis que Fausto grava, finalmente, o "seu Namoro", no álbum "A preto e branco" - o mais africano dos seus discos. Em vez de escolher um namoro, em vez de afirmar que não há amor como o primeiro, fico com os três. Fico com um tríptico, ao gosto de Fausto.
- Não me digas que gostas dos Trovante?
- Chegaram a ser das minhas bandas preferidas.
- Ai, não tenho paciência para aquela gente.
- Que gente?
- Os betos de camisa de marca, por fora das calças, e sapatos de vela e fios de cabedal...
- Pois, mas os Trovante não vieram daí.
- Não vieram da linha?
- Não, vieram da esquerda.
- A sério?
- Pensa no nome: "Trovante" é a junção de "trova" com "avante".
- Música de intervenção?
- Sim, politicamente empenhada. Misturavam música popular, com jazz e rock.
- Tens algum disco deles?
- Vários. Comprei o primeiro álbum deles numa discoteca...
- Na linha de Cascais!
- Não... numa loja onde a malta de esquerda se costumava juntar.
- Tenho que ouvir isso.
- Não tens, mas podes. E estás, sempre, a tempo.
Música aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=hml9ubcstRo
Este não é um texto sobre gastronomia. É, apenas, um trocadilho básico, para falar de Ana Bacalhau. A própria encomendou uma letra a Capicua, para brincar com o seu nome, numa canção que funde hip-hop com música tradicional portuguesa. De resto, o seu primeiro disco a solo “Em nome próprio” está cheio de misturas: de estilos e de autores, novos e talentosos.