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Trafulhices

por Miguel Bastos, em 27.06.24

futebol.jpg 

- Então, porque é que os nossos produtos não a estão a vender? - perguntou o diretor.
- Estão vender, chefe. Menos, mas estão.
- Eu sei que estão, mas estamos muito longe da liderança. Alguém quer-me dizer porquê?

E, então, chegavam as justificações:
"por causa das importações diretas", "das promoções agressivas", "das regras da grande distribuição", do "dumping".

- Estamos a falar de coisas fora da lei? Se estamos, têm de ser denunciadas - continuava o diretor.
- Anda, para aí, muita trafulhice, chefe. Por isso é que os tipos estão a vender mais do que nós.
- Mas, nós já estivemos muitas vezes na liderança.
- Pois, chefe, mas agora...
- "Mas agora"... Acham, mesmo, que só há trafulhice quando estamos a perder? Ninguém acredita nisso.
- Acha que não?
- Só se for no futebol. Mas não lhes serve de nada.

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Leonardo

por Miguel Bastos, em 20.03.24

leonardo.jpg 

- Como é que é, Leonardo, vamos trabalhar?
- Vamos lá!
- Como é que fazemos com a condução?
- O costume.
- Ok, eu conduzo o carro.
- E eu conduzo o Tchaikovsky.

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Puro e duro

por Miguel Bastos, em 30.01.24
- Sabes o é que devíamos fazer?
- Não.
- Sexo.
- Eu sabia que vinha aí badalhoquice...
- Badalhoquice, não. Estou a falar de coisas puras. Sexo: puro e duro.
- Não, obrigado. Nunca faria sexo contigo.
Não, porquê? Tu és divorciada, eu também. Somos jovens, cheios de vida...
- Porque eu só faço sexo, quando há amor. Percebes?
- Percebo, querida. No fundo, estás com medo é do amor. Sabes que, se fizeres sexo comigo, vai haver amor. 
- Bem, tu, para além de atrevido, tens cá um ego!
- Tenho, tenho. E, então, posso-te levar para a cama?
- Não.
- E desafiar-te para um pequeno-almoço?
- Torradas com muita manteiga e café duplo?
- Sim. Vamos lá? Estás a ver como nos entendemos bem?
- Só ao pequeno-almoço!
- Já é um começo! Agora imagina, nós, a tomarmos um pequeno-almoço, depois de...
- Ai, pá, não sei como é que eu te aturo!

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Despedido

por Miguel Bastos, em 05.12.23

george clooney.jpeg 

Alguma vez foram despedidos? Eu já. Viram o filme "Nas Nuvens"? Eu vi. No filme, George Clooney é um especialista em despedimentos (claro que a profissão tem outro nome, é um perito em "downsizing"). Diz o especialista: "Trabalho para uma empresa que me cede a cobardes, que não têm coragem para despedir os seus próprios funcionários". E explica que têm boas razões para isso: "Porque as pessoas fazem coisas loucas, quando são despedidas". O George ainda não sabe, mas o seu lugar também está a ser colocado em causa. No meu caso, eu também não sabia, mas já desconfiava.
 
Há uns anos, tive direito ao meu George. Claro que não tinha a pinta do original, mas, mesmo assim, tinha a sua pinta. Vou-lhe chamar Jorge (à portuguesa) e adiantar que usava dois sobrenomes - condição importante para perceber a combinação que fazia entre o militar disciplinado e o "cowboy" insolente. Um beto, que dizia palavrões em telefonemas de trabalho. Um profissional, que tratava as pessoas por "você" em "tefonemas" pessoais.
 
A conversa do Jorge foi breve: "Vamos lá a isto"; "Aqui está o contrato de rescisão"; "Este é o valor de indeminização, obrigatório por lei"; "Esta é a carta para o desemprego". Depois, veio um aperto de mão, a transmitir confiança, acompanhado de um "Boa sorte" e, finalmente, um "Vemo-nos por aí". Aqui, não resisti e devolvi-lhe um sorriso amarelo, acompanhado de um "Nós nunca mais nos vamos ver, pois não?". Respondeu-me um vacilante "Nunca se sabe...", que eu atalho dizendo-lhe nos olhos: "Ouve, Jorge, eu sei que o teu trabalho é despedir pessoas e que estás a tentar ser o mais profissional possível. Mas esta era a minha vida. E, agora, acabou. E, a menos que mandem alguém, como tu, para acabar com a tua, nós não nos vamos voltar a encontrar, pois não?". "Não percebi", diz o Jorge a tentar recuperar o equilíbrio. "Se fores despedido, podemo-nos encontrar no Centro de Emprego ou na Segurança Social ou assim. Caso contrário, é pouco provável, não é?". O Jorge esboçou um sorriso e despediu-se. Mas só de mim. Como nunca mais o vi, presumo que continue a trabalhar.

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Setembro

por Miguel Bastos, em 01.09.23

Foi-se embora
O mês de agosto
Logo agora
Que lhe tomara o gosto

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Alegria

por Miguel Bastos, em 19.07.23

eu.jpg

Acordar na noite escura
Chegar à redação
Descobrir um colega doente
Editar a Antena 3
Enfim, a alegria no trabalho.

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Dignidade no trabalho

por Miguel Bastos, em 11.07.23

almofadas.jpg 

Um dia destes, farei um texto espetacular sobre a dignidade no trabalho. Será uma coisa como deve ser: bem pensada, bem escrita, com citações eruditas e notas de rodapé. Infelizmente, agora não tenho tempo. Tenho que pôr estas almofadas na cama, coitadas!

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À boleia

por Miguel Bastos, em 27.12.22

bruce.jpg 

- Vais trabalhar?
- Vou.
- Dou-te boleia?
- Não vale a pena.
- Deixa-te de coisas. Cantamos pelo caminho.
- Obrigado, boss.

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Os pés

por Miguel Bastos, em 01.09.22

IMG_4600 (1).JPG

Queridos pés,
Peço desculpa por interromper, mas acabam de me dizer que está na hora de dar corda aos sapatos.
Obrigado
Miguel

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11 contra 11

por Miguel Bastos, em 16.05.22

De peito cheio e olhos a cintilar, o senhor Lemos e a dona Conceição mostram-nos o carro novo. É um SUV alemão, de vários milhares de Euros. Marca a venda do negócio e a chegada da reforma. O corolário de uma vida, inteira, de trabalho e sacrifício. O SUV irá levá-los à terra, com todo o conforto; e ao Algarve, com todo o estilo. Uma vida, inteira, num carro alemão. Arrisco a pergunta, retórica: "Ainda estiveram uns anos fora, não foi?" "Sim", responde o senhor Lemos, "estivemos 11 anos em França". "E, antes disso", acrescenta a dona Conceição, "estivemos 11 anos em Lisboa". "Que engraçado", digo,"11 anos, em cada lado". Afinal, penso, a vida pode ser como no futebol. São 11 contra 11. No final, ganha a Alemanha.

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