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Piano de pau

por Miguel Bastos, em 16.01.25

jornais.jpg 

Tom Jobim ficou horrorizado, quando ouviu o pianista César Camargo Mariano chamar "piano de pau" ao piano acústico. "De pau", por oposição ao piano elétrico - que era de plástico. O episódio é contado por Ruy Castro no livro "O ouvidor do Brasil - 99 vezes Tom Jobim" e leva-o a uma reflexão mais alargada: "quando surge uma nova tecnologia, é a mídia antiga que muda de nome, e não o que acabou de chegar. Quando apareceu o CD, feito de metal, o velho LP passou a ser chamado de 'vinil', que é o material com que ele era fabricado. Porque não deixaram o nome LP em paz e, em vez disso, chamaram o CD de 'metal'?" E, a seguir: "Por que o telefone, diante dos celulares e 'smartphones', deixou de se chamar só telefone e tornou-se 'telefone fixo'? Por que o jornal, que há séculos nos abraça quando o abrimos de manhã, passou a ser chamado, diante dos jornais 'on-line', de 'jornal impresso' ou 'de papel'?"
 
São excelente questões. Querem ser novos? Ótimo! Mas arranjem um nome, por favor, não mudem o nome aos mais velhos. Sobretudo, quando os estão a imitar. Jobim tinha razão. Piano de quê? É preciso ter cara de pau!

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Cidade maravilhosa

por Miguel Bastos, em 24.12.24

"Já contei esta história", escreve Ruy Castro. E começa a contar: "Em 2015, uma cantora de bossa nova interrompeu seu show para se referir ao Rio dos anos 70 como 'a cidade ainda maravilhosa'" - onde se podia andar a pé, sem medo. E, depois, começou a cantar a "Carta do Tom", onde Chico Buarque diz "Eu saio correndo do pivete / Tentando alcançar o elevador". A cantora não se terá apercebido da contradição, sublinhada pelo autor do livro "O ouvidor do Brasil - 99 vezes Tom Jobim". Pelos vistos, nos anos 70, a "cidade maravilhosa" já não era assim tão maravilhosa. E quando é que foi? Talvez nos anos 60. Ou talvez não, porque foi nessa década que a capital federal se transferiu para Brasília. Nos anos 50 é que era? Também não. O autor descobriu uma série de entrevistas sobre Carmen Miranda, onde se lamentava o estado da cidade do Rio, e concluiu que, nos anos 50, a cidade já não era maravilhosa. Maravilhosa era nos anos 30. Quer dizer, nessa altura já havia quem lamentasse a construção de casas "Art Déco" que estavam a destruir a paisagem natural do Rio. E, de repente, vemo-nos a recuar até ao século XVI. E são isto as perceções de insegurança, nas cidades "maravilhosas": seja o Rio de Janeiro, de Estácio de Sá; seja a Lisboa, do Martim Moniz.

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O Ouvidor do Brasil

por Miguel Bastos, em 10.12.24

tom.jpg

 

Leio a definição, logo a seguir ao índice:

"Ouvidor. S.m. Do latim auditor, -oris; auditor, ouvinte. Aquele que ouve. (...) os sons do país, venham da floresta ou da cidade. Exemplo: Antonio Carlos Jobim."

Ao virar da página, a Apresentação:

"Os 99 textos a seguir foram publicados originalmente entre 2007 e 2023, na página 2 da Folha de S. Paulo. Todos tratam de Tom Jobim, o homem e o artista, e do mundo que girou tendo-o como centro."

E, para concluir:

"Ah, sim, a definição de 'ouvidor' que você deve ter lido há pouco. Foi tirada de um dicionário - mas de um dicionário que estou pensando em escrever."

Começa bem este "O Ouvidor do Brasil: 99 vezes Tom Jobim", de Ruy Castro.

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