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Ganhar o tesouro, perder a secretaria.
É desta que vou comprar um carro alemão de três letras. Lá em casa, não tenho tido sucesso nas minhas alegações: "este carro está velho", "aquele carro é giro", "os outros têm direito (só eu é que não)". Agora, tenho um argumento de peso: boa gestão.
A notícia: o governo quer que o Parlamento vote o plano de recuperação da TAP. O primeiro-ministro considerou, ontem, que a notícia foi dada por uma má fonte. A má fonte, perdão, o ministro Pedro Nuno Santos reafirmou a intenção. Ambos defendem que é preciso alcançar consensos. Falta-lhes, talvez, a capacidade conciliadora do ministro Cabrita.
Sérgio Monteiro é o Agente Privatizador. O ex. governante vai liderar a venda do Novo Banco. Faz sentido: foi o homem que privatizou a TAP e os transportes públicos. E que reavaliou as parcerias público-privadas. É, portanto, o homem ideal? Talvez não.
A privatização da TAP continua polémica. A Autoridade Nacional de Aviação Civil quer saber quem é que, efetivamente, manda na TAP e (ontem mesmo) o jornal Público escrevia que os credores da TAP ameaçam anular a privatização. De resto, existe essa ameaça, caso haja um governo de esquerda. A esquerda que ameaça, ainda, reverter as concessões dos transportes públicos, em Lisboa e no Porto, feitas por ajuste direto e no final da legislatura.
A venda do Novo Banco também não tem sido exemplar. A pressa do governo fez cair Vítor Bento, mas o banco continua por vender. Além disso, parece, cada vez mais claro, que a venda terá custos para os contribuintes. Por fim, colocar Sérgio Monteiro a tratar da venda mostra que o governo esteve sempre envolvido no processo, ao mesmo tempo que dizia que não.
Por tudo isto, 00Sérgio - O Agente Privatizador tem uma Missão Impossível.
Cavaco Silva diz-se “mais aliviado” com a privatização da TAP. O alívio foi confessado, aos jornalistas, a bordo de um avião. O local foi bem escolhido…
E onde é que os novos donos vão buscar dinheiro para injectar na TAP? O JN explica: à TAP. Vendem os aviões. Faz sentido?
Pelo vistos faz. Se não há dinheiro que chegue…
Ou há? É que estes senhores, que acabam de chegar à TAP, também querem comprar a Carris e o Metro de Lisboa. Como, vendendo autocarros e carruagens?
Voltando à TAP... Tal como o governo, o Presidente da República está contente, porque “A maioria do capital é português”. Qual capital? O que vier com a venda dos aviões?
Os liberais do costume irão argumentar que o importante é que o Estado saia da empresa. O Estado português, já que (de novo no JN) a operação vai ser realizada com o apoio do Estado… brasileiro.
Tudo isto para dizer que, uma vez mais, a bota não bate com a perdigota.
Termino com dois radicais de esquerda: Marcelo, na TVI, diz que “a TAP foi praticamente dada”; e Marques Mendes, na SIC, resume: “São uns pândegos”.
Pois, estamos mais aliviados, senhor Presidente.
Hoje é dia de Jesus. Alguém quer saber do IVA da OCDE; do IRS do PSD/CDS; da TSU do PS? Não. Queremos saber do SLB. Queremos saber do SCP. Queremos saber de Jesus.
No dia de Jesus, quem é que quer saber da dívida na Constituição? Só se for da constituição de Jesus: Rui Patrício fica, William Carvalho fica… Quem é que fica mais? Quem é que sai? Quem é que vem?
No dia de Jesus, quem é que quer saber do Novo Banco? Só se for do novo banco de Jesus: Inácio sai, Bruno de Carvalho sai, só Jesus fica.
No dia de Jesus, quem é que quer saber da providência cautelar da TAP; do interesse público da TAP; do bacalhau de Portas; dos telemóveis dos polícias; dos portugueses a 7 mil euros; da lista VIP na ASAE; das dívidas da Grécia? Ninguém…
E não me digam que é porque só se pensa em futebol. Porque não é por isso. Porque, não queremos saber dos golos dos Sub-20; nem da FIFA do senhor Blatter; nem do Rafa Benítez no Real, nem do Quaresma, todo nú, na revista da Cristina.
Queremos saber de Jesus. Só Jesus, importa. Aleluia. Amén.