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Avignon

por Miguel Bastos, em 19.12.24

avignon.jpg 

No ano passado, estive no Festival de Teatro de Avignon. Todos os anos, a pequena cidade francesa transforma-se na grande cidade mundial do teatro. Uma das peças do festival chamava-se (chama-se) "A noiva e o boa noite Cinderela". "Boa noite Cinderela" é o nome dado à adição de droga na bebida alcoólica de outra pessoa - sem o seu conhecimento, sem o seu consentimento. É, também, conhecida como a droga da violação. A encenadora brasileira, Carolina Bianchi, estreou esta peça sobre violência sexual contra as mulheres, em Avignon.
 
É a mesma cidade onde, hoje, o tribunal condenou o marido de Giséle Pelicot a pena máxima: 20 anos de prisão, por drogar a sua própria mulher e por recrutar dezenas de homens para a violarem.
 
Uma coincidência infeliz, repugnante, perturbadora.

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Socialismo dentro de casa

por Miguel Bastos, em 15.04.23

mau maria.jpg 

"A tua vontade, justiça, igualdade / Não chega aqui dentro de casa", canta a Mariazinha, que se vai tornar Marta, numa das melhores criações de José Mário Branco. Sempre foi das minhas canções preferidas. Fala da mulher, dos direitos da mulher, esquecidos na agenda do homem que, por mais de esquerda que fosse, tinha outras preocupações e prioridades. "E fico à espera que me socializes", canta Maria (zinha), já em transformação para Marta. Lembro-me de ouvir a canção a pensar nas mulheres. Como é que é possível que alguém que se queixa do patrão, que luta pelos seus direitos, não se aperceba que, em casa, reproduz o que lhe fazem fora de casa? Sim, muitas vezes, o socialismo fica à porta de casa. Porque não sai de nós próprios, não sai para os outros, é um socialismo só para nós. O que é, obviamente, a negação do socialismo. Pensei, muitas vezes, nesta canção. Extrapolei-a, para pensar que todos nós, explorados, somos, tantas vezes, exploradores dos que nos rodeiam. Mas, hoje, apetece-me voltar a fechar o foco. Porque há um homem, visto como farol da esquerda, que está a enfrentar um processo de assédio sexual em praça pública. Não sei (não sabemos, ainda) se as suspeitas têm fundamento. Mas sei que, em 1972, José Mário Branco já escrevia sobre mulheres que se transformaram em Martas. Martas que cantam: "Sei aquilo que fui e que jamais serei".

Canção aqui: https://youtu.be/Av-bxaTtkYs

Letra aqui: https://genius.com/Jose-mario-branco-aqui-dentro-de-casa-lyrics?fbclid=IwAR1-c6nkKXxyhk6j2fIMKaV58dcoMmWFqYG8nGrDZs1G0HPwQ8V2aVug27E

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