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Pelo que percebi, o embaixador de Israel na ONU pediu a “demissão imediata” de António Guterres, porque percebeu que Guterres é (mesmo) Secretário-Geral das Nações Unidas. Não é Secretário-Geral de Israel, nem da Palestina, nem da NATO, nem da União Europeia, nem do G7, nem da Web Summit. É de todos.
Abdulrazak Gurnah ganhou o Nobel da literatura. Subitamente, a internet encheu-se de imagens de Kofi Annan. Não percebi porquê. Ou então... Ei, espera aí...
Corridas de barreiras: há de 60, 80, 100, 110 e 400 m. Feliciano inaugurou uma nova. 1 mês Barreiras.
No meio do entusiasmo à volta de candidatura de Guterres à liderança da ONU, houve conjunto de pessoas “cosmopolitas” que resolveu criticar os “patrioteiros”. É verdade, o futuro de Portugal não depende da eleição de Guterres. Ter Guterres, como secretário-geral da ONU, não vai provocar a recuperação das finanças públicas, nem o crescimento económico, nem vai baixar o desemprego. Não vai aumentar a qualidade da governação, nem da oposição. Não vai acabar com o crescimento da extrema direita na Europa. Não vai decidir as eleições nos Estados Unidos. Não vai acabar com as brincadeiras perigosas da Coreia do Norte. Nem com a guerra na Síria. Mas se for búlgaro, alemão ou russo, também não.
Os “cosmopolitas” não acham relevante ter, pela primeira vez, um português à frente das Nações Unidas. O que é importante é que ganhe o melhor. Mas não dizem qual é o melhor. Não importa se Cristiano Ronaldo é português. Nem Pessoa, Camões, Amália, Saramago, Damásio, Vasco da Gama. Porque o mundo é um só. Porque são “cosmopolitas”. Os “cosmopolitas” não são bem cosmopolitas. São apenas parvos.
Ter um antigo e um actual Presidente da República Portuguesa a apoiar a candidatura de um antigo primeiro-ministro, a secretário-geral da ONU, é (sem ironias) uma coisa linda de se ver. O antigo Presidente (Jorge Sampaio) foi rival de António Guterres no PS. O atual (Marcelo Rebelo de Sousa) foi líder da oposição, quando Guterres foi primeiro ministro. E antigo e o atual Presidente foram adversários nas eleições à Câmara de Lisboa. Nem um, nem outro, hesitaram no apoio a Guterres. Os três conhecem-se há várias décadas. E unem esforços, em termos políticos e pessoais, a favor de Portugal.
Sampaio trouxe consigo o empenhamento na defesa dos refugiados sírios. Marcelo fez um bom discurso. Exagerou (quando evocou Gandhi e Mandela), mas esteve bem na evocação das qualidades do candidato e das qualidades do país. Somos um país pequeno, periféricos, etc. Mas isso, não é uma maldição. Pode, até, ser uma vantagem para este tipos de cargos. Termos jornalistas franceses que não sabem quem é Marcelo, não tem mal nenhum. Alguém, em Portugal, sabe o nome do chefe de Estado da Finlândia ou da Lituânia?
Se não servir para mais nada, a candidatura de Guterres a secretário-geral das Nações Unidas, servirá, ao menos, para mostrar que se pode melhorar a política portuguesa, a partir de dentro. E que se pode trabalhar em conjunto. Basta ter objectivos e desígnios comuns. Não faltam oportunidades.