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Está aí o “tempo Novo”, de que falava Sampaio da Nóvoa. O tempo novo chegou, mas sem Nóvoa. As eleições legislativas já tinham dado uma derrota ao PS. Mas, mesmo assim, António Costa formou governo. Mesmo sem ter vencido, mesmo sem coligação. Mas com o apoio da esquerda, que esteve sempre fora do “arco da governação”.
Depois disso, Marcelo venceu as eleições, sem depender da simpatia dos partidos que o apoiaram, ou toleraram. O “tempo novo”, começado com António Costa, seguiu, com Marcelo. A sua tomada de posse em vários atos, e em vários dias, apagou as últimas resistências. Em Lisboa, foi a pé para o Parlamento, teve uma cerimónia espiritual com as várias religiões e um espetáculo musical com músicos populares. No Porto, desfilou nos Aliados, telefonou para a Rádio Comercial e visitou o Bairro do Cerco, com a população a aclamar “Marcelo,Marcelo”.
Foi, também, no Porto (Gondomar, vá!), que o CDS elegeu a sucessora de Paulo Portas. Assunção Cristas vai-se distanciando do PSD e aproximando de António Costa , ao realçar que o voto útil já não faz sentido. O importante é quem tem condições de formar governo. Por isso, as pessoas devem votar no CDS e não no PSD.
Este é o “tempo novo”. Surpreendentemente, tem política. Quem diria?
“Sorria, está na câmara do Cândido”. A frase do programa de apanhados, tem barbas. O candidato Cândido também. Mas não sorri. O candidato Cândido leva-se a sério. Deve ser o único.
O candidato Cândido já tinha ido a um debate na TVI24, apenas para dizer que não ia participar no debate. Ontem, na RTP, quando era questionado pelos jornalistas, não dava respostas. Disse que a sua campanha era descriminada pelos media, que não tinha espaço para debater as suas ideias, etc. E ele tem ideias. Por exemplo: tem ideia que Marcelo não foi à tropa; tem ideia que Paulo Morais não entregou as declarações ficais a tempo; tem ideia que Sampaio da Nóvoa não é licenciado em teatro. Para além de ideias, o candidato Cândido tem uma certeza: é o único que trata Costa por “tu”.
Exímio nas artes da oratória, Tino de Rans recusou a "intrigalhada" no debate e aproveitou para tratar a candidata Matias por “tu”. Marisa sorriu (e não foi para a câmara do Cândido). Ao pé do candidato Cândido, Tino é um político instintivo, perspicaz e sensato.
Candidatos “independentes”, filiados num partido. Candidatos “independentes”, sem partido, mas com várias décadas de partido. Candidatos “do partido”, sem o apoio do partido. Candidatos “sem partido”, com o apoio do partido. Estas presidenciais têm de tudo. Até candidatos “independentes”, com partido, sem o apoio do partido, mas com “recomendação” de mais do que um partido.
A velha discussão sobre a mulher de César (que “não basta ser séria, tem que parecer”) na política, não se aplica às eleições presidenciais. Porque há muitas variáveis a introduzir. Por exemplo: “quem é a mulher de César?”; “ela é (mesmo) casada com o César?”; “ele reconhece o casamento?”; “e ela?”, etc. Todas estas questões confundem o eleitorado, os partidos, os apoiantes, os comentadores e os próprios candidatos.
Poderíamos complicar (ainda mais) e perguntar “quem é César?”. Eu só conheço um. É de um partido e apoia um “candidato independente, sem partido”. Outros, do mesmo partido, não gostaram e apoiam outro candidato, que também é “independente”, mas do partido.
Esta é a campanha mais "independente" de sempre. E a mais aborrecida. No domingo, teremos um "independente" em Belém.
Estamos na campanha para as presidenciais. Tenho tentado seguir os debates na televisão. É difícil. São mais de 20. Ontem, até ouvi o debate, na rádio, com 10 candidatos. Isso mesmo, dez. Enchiam o estúdio da Antena 1. Falou-se do cargo de presidente, de governação, de demitir governos, do Banif. Tino de Rans adaptou António Variações para dizer que “quando os bancos não têm juízo, o povo é que paga”. Foi um debate e pêras!
À noite, Miguel Sousa Tavares considerava que há candidatos que procuram, apenas, publicidade. São as presidenciais ao serviço dos 15 minutos de fama, de Andy Warhol. Freitas do Amaral reforçou o óbvio: ninguém deve começar uma carreira política pela Presidência da República. Maria de Belém já tinha dito o mesmo. Mas Maria é candidata a Belém. Freitas já foi e não volta a ser.
A democracia é de todos e para todos. Mas, ao ver tantos e tão estranhos candidatos, pergunto-me se deve ser um albergue espanhol. Com todo o respeito pelo setor hoteleiro e pelos espanhóis.
Pacheco Pereira tem razão: Marcelo Rebelo de Sousa conseguiu condicionar o tema das eleições presidenciais. Nos últimos anos, não se falou de outra coisa. Quando se falou de eleições legislativas antecipadas, falou-se, também, de presidenciais. Quando se marcaram as legislativas, falou-se de presidenciais. Quando começou a campanha das legislativas, falou-se de presidenciais. Agora, que devíamos estar a discutir presidenciais, falamos de outra coisa qualquer.
Marcelo não condicionou só os media e os outros candidatos da direita. Também condicionou o próprio Partido Socialista. António Costa tem mais estima por ele, do que por Maria de Belém - e não vai mexer uma palha. Manuel Alegre e José Sócrates já chamaram a atenção para os custos que isso vai ter para o PS. Mas já é tarde demais. A “criação” de Sampaio da Nóvoa foi um fiasco; Guterres não estava mesmo interessado; Maria dividiu o caminho para Bélem. O PS vai perder, por falta de comparência. E Marcelo vai mesmo ser entronizado. As eleições serão, apenas, uma formalidade democrática.