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Primeiro, um piano minimalista. Poderia ser Philip Glass. Mas, 5 segundos depois, chega a voz de Rufus. Aos 30 segundos, chega, também, um violino. A tensão vai subindo, com a entrada da bateria e um som electrónico que lembra Kraftwerk. Pouco depois, explode o refrão: com os metais a juntarem-se às cordas e a um coro de vozes femininas. E é, então, que nos lembramos que Rufus é um compositor apaixonado por musicais; e ópera; e música sinfónica. E cantou Judy Garland; e escreveu duas óperas; e musicou poemas de Shakespeare. Pouco depois do minuto 2, uma pausa dramática serve, sobretudo, para relançar a tensão. A voz de Rufus sobe de tom, depois arrisca o falsete, e as vozes femininas começam a fundir-se com a eletrónica e os sons orquestrais, lembrando os ABBA em fim de carreira. E eu quase que não consigo respirar, e tento retirar a máscara. E, depois, reparo que não tenho máscara. É mesmo da música: de cortar a respiração. Que grande canção, Rufus Wainwright, que grande regresso.