Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Comecemos pelo estereótipo: a ópera é uma música cantada por pessoas com excesso de peso e de voz. As vozes são demasiado grossas ou demasiado estridentes. As histórias ou andam à volta de amores impossíveis e crimes passionais; ou guerras entre famílias ricas ou deuses gregos. As letras são em italiano ou alemão. E cantarem uma palavra, estendendo-a durante dois minutos, também não ajuda. Cheira a mofo. É de outro tempo.
E, no entanto, a ópera mexe-se.
A RTP2 tem estado a transmitir "Isto é ópera", de Ramon Gener. No último programa, Gener falou de Händel, o alemão que introduziu a ópera em Inglaterra. O apresentador (que é cantor e pianista) passeia-se por Londres, vai a lojas de bugigangas, anda de metro, ao som de pop, rock e jazz. Mostra a casa de Händel, encostada à casa de Jimi Hendrix. Vai ao West End, para contar que foi Händel que antecipou os musicais. Explica, com a ajuda de uma navalha e uma noz, como se castravam os cantores. Põe as pessoas a ouvir música clássica, de auscultadores, no meio da rua. E é assim, que as pessoas descobrem que Händel é o autor da música da coroação britânica ou do hino da liga dos campeões.
E, finalmente, Ramon sorri. Sorri muito. Fazendo da divulgação da música, um exercício de paixão e alegria. Tudo aquilo que não associamos à ópera. Trabalha nas óperas, no duro, porque sabe que nós somos uns preguiçosos. Mas com um coração, pronto a ser seduzido.