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"Verba volant, scripta manent" pode ser traduzido por "as palavras ditas voam, as palavras escritas mantêm-se". Aprendi a expressão com uns amigos, no liceu. Eles, sim, aprenderam latim. Eu, não, limito-me a gastá-lo.
Achei graça vestir uma camisola, que diz que a palavra escrita é a que tem mais valor, e, depois, trazê-la para a casa da palavra dita.
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/mulheres-pioneiras-da-fotografia-em-exposicao-no-porto_a1659603
"O apagão fez acender um amor, inesperado, à rádio", escrevei há um mês. Nessa altura, lembrei-me de um outro apagão no (fugazmente ressuscitado) Rádio Clube Português. Dessa vez, o apagão chegou com aviso. A zona dos estúdios da Media Capital Rádios iria ficar sem eletricidade, devido a uma intervenção na rede elétrica. O aviso fora comunicado à empresa que detinha, ainda, a Rádio Comercial, a m80, entre outras. Aos microfones do Rádio Clube Português, Aurélio Gomes e Teresa Gonçalves (acho que não me estou a enganar) partilharam a informação com os ouvintes. Iriam fazer emissão, até deixar de ser possível.
O que se ouviu, depois, foi ao apagão da rádio em direto. "A eletricidade acabou de ser cortada. A partir de agora estamos a funcionar, apenas, com o recurso aos geradores da Media Capital". O episódio foi há mais de 15 anos, e não me lembro da sequência. Mas, o que aconteceu foi que os equipamentos foram entrando em falência, uns atrás dos outros: "já não temos internet"; "a rede interna deixou de funcionar"; "perdemos o contacto com a régie"; "ainda temos música", "o sistema de áudio colapsou", "a mesa de mistura, vai-se apagar", "vamos deixar de ter microfones dentro de alguns segundos". Até que chegou o silêncio.
Comentámos - entre nós, na rádio - aquilo que tinha acabado de suceder. Houve quem achasse que a emissão não tinha feito sentido nenhum. Devia-se ter dito, logo, que "a partir das 'x' horas, vamos deixar de ter emissão". Outros acharam brilhante, a ideia de emitir até ao apagão total. Eu era um desses. Sei que muita gente ouviu com a curiosidade de ver o acidente na autoestrada. Mas eu achei muito interessante levar a resistência da rádio, até ao limite. Como aconteceu, há um mês. Desta vez, porém, a minha rádio não se calou.
112 é número de emergência. Mas, neste caso, é número de permanência. Se fosse viva, Helena Sá e Costa faria 112 anos. Permanece um dos nomes mais importantes da música clássica, em Portugal. Permanece, nas mãos dos pianistas - seus discípulos. Há poucos dias, conversei com um: António Pinho Vargas. Há poucos meses, conversei com outro: Pedro Burmester. Pedro vai tocar esta tarde, com Fausto Neves (outro discípulo), na casa da família. Juntos vão interpretar uma peça para dois pianos, que o pai de Helena escreveu e tocou com a filha. E vão tocar no piano do pai e no piano do avó de Helena. Mais intimidade é difícil.
Para ouvir, aqui:
O amarelinho tem um amigo novo. Mágico.