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Os queridos andam-nos a mudar a casa. Ainda faltam imensas coisas: cortinados, reposteiros, naperones, alcatifas, lustres, etc. Mas, já temos uma mesa nova. E é linda!
Pirilampo a brilhar no estúdio
"Nem a alegria da pobreza", nem a elegia da riqueza. Germano Silva - o decano dos jornalistas - apresentou-se no programa "Primeira pessoa", de gola alta. Quando era criança, Germano queria ter uma camisola de gola alta. Pedia uma camisola de gola alta, ao menino Jesus. Mas, o menino Jesus nunca lhe trouxe uma camisola de gola alta. Germano achava que talvez fosse porque ele vivia numa casa muito, muito pobre. Não há alegria na pobreza. Pior, há um sentimento de culpa, que é triste. Muito triste. Porque os pobres - que já não bastava serem pobres - ainda tinham de pedir desculpa, por serem pobres, e carregar a culpa de serem pobres. Depois de ter sido várias coisas, Germano tornou-se jornalista e deixou de ser pobre, sem passar a ser rico. Germano tem dinheiro, para uma camisola de gola alta. "Agora tenho", diz ele, a atirar um sorriso à Fátima Campos Ferreira. Ao mesmo tempo, fala de "memórias gratificantes" da sua infância, pobre, em várias ilhas do Porto. Estive a rever o programa (que maravilha!). Fiquei mais rico.
O Dallas está a dar, de novo, na RTP. Eu gostaria muito de voltar a ver, mas aquilo faz-me mal aos nervos. Portanto, vou precisar da vossa ajuda. Alguém pode avisar a Miss Ellie que o JR é mau como as cobras, por favor? Com jeitinho, que é para a senhora não ter um chilique. Ainda me desata a beber, ou assim ... e para bêbada já nos basta a Sue Ellen. Obrigado.
Tirámos esta fotografia, há quatro anos. O gang do Portugal em Direto, da Antena 1, juntou-se para um almoço. Gostaria de dizer que foi um almoço frugal, com uma agenda de trabalho extensa e extenuante. Mas não foi. Foi uma festa. Fomos (muito bem) recebidos pelos camaradas de Coimbra. Não estão todos na fotografia, porque nunca estamos todos. Trabalhamos numa fábrica em laboração continua - e há sempre gente que está de serviço. Mesmo assim, juntámo-nos quase todos. Lembrei-me, várias vezes, desta fotografia - ao passar, diariamente, à porta deste local onde leitoámos (esta conjugação verbal não devia ser neologismo) com alegria. Esta é, também, uma forma de mandar um abraço especial a todos os que me receberam, em Coimbra - que eu não concebo a rádio (e a vida, em geral) sem afetos. Obrigado.
Esta manhã, fez uma chamada para a corresponde em Londres.
A seguir, passou este "London Calling".
Só para chamar a atenção. Está toda gaiteira, a minha rádio.
Quando fez 60 anos, a norte, a minha RTP escreveu o nome dos seus trabalhadores na parede. O meu nome está lá. E não está só, está bem acompanhado. Tenho orgulho de ter o meu nome escrito naquela parede, no local onde trabalhei quase 8 anos. Vou continuar a trabalhar na Rádio e Televisão de Portugal, apenas mais longe desta parede. Portanto, não há motivo para dramas. Eu é que sou um lamechas, agarrado às pessoas e aos locais onde habito. Onde tenho habitado. Trabalhado. Se pensar bem, a minha casa continua a ser a mesma - a Rádio Pública - só mudo de turma. Já nos encontramos, no recreio. Até já.
"Isto é muito estranho", disse a convidada, "porque eu estou a falar com o João Gobern, mas ele não está aqui". "Estou, estou", disse o João, "garanto-lhe que estou". "Eu vou explicar aos ouvintes", continuou a convidada, "eu estou no estúdio, em Lisboa, com a Margarida à minha frente, mas o João está no Porto. E eu tenho de ter uns auscultadores, na cabeça, para o ouvir. Isto é surreal!". "Não é nada surreal", pensei, "é rádio". A rádio convive, desde sempre, com vozes à distância. A pandemia trouxe a democratização/banalização (riscar o que não interessa) das vozes à distância. Mas elas fazem parte da história e da paisagem sonora da rádio. E, no caso português, da prática diária das rádios do serviço público. Esta semana, tenho "contracenado" com o André Santos, na Antena 3. Hoje, juntámo-nos, pela primeira vez, em estúdio. Aliás, nunca tínhamos estado juntos, fisicamente, no mesmo espaço. É "surreal"?! Não, não: é rádio.