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A verdade é que, apesar da minha idade, sinto que sou um "millennial". Vivo o dia-a-dia, despojado de grandes bens imóveis. Sei que tudo é movimento, tudo é viagem, tudo é precário, tudo é efémero. Troco a propriedade, pelo usufruto. Mas, claro, adoro tecnologias. E não vivo sem rede.
A TVI está a filmar uma telenovela em Aveiro. Muitos dos meus concidadãos mostraram o seu entusiasmo, nas redes sociais. Eu confesso: também estou entusiasmado. Mangas, papaias, compotas caseiras, ovos, sumos e queijos de todas as variedades. Tudo isto servido por criadas de uniforme. Não há pequenos-almoços como os das novelas da TVI. O único defeito é serem servidos depois das 10 da noite. Mas, não se pode ter tudo…
Há, por aí, um certo jornalismo que anda desassossegado. Diz este jornalismo, que o restante jornalismo e os seus comentadores só vêem para um lado. Não há, dizem os desassossegados, quem defenda líderes como Trump, Le Pen, Orbán ou Bolsonaro. Queixam-se do "mainstream", do politicamente correto, do esquerdismo dos media. Estes defensores do pluralismo consideram que para se discutir questões étnicas, tem de se arranjar um racista; para discutir questões de género, tem de haver um marialva; para discutir democracia, tem de haver um fascista. Esquecem, ou fingem esquecer, que os fascistas são contra a tolerância e o pluralismo que alegam defender.
Enquanto isso, um presidente insulta e manda retirar as credenciais a um jornalista. Não devíamos estranhar. Acabámos de ver um presidente ser eleito nas redes sociais, contra os media. E, em Portugal, políticos desassossegados chamam os jornalistas para uma declaração "sem direito a perguntas". Onde é que está, afinal, a falta de contraditório? Onde deve estar, afinal, o desassossego?
Somos seis, nesta ala do comboio. O jovem “hipster” está no Instagram. A jovem alternativa consulta o Facebook. Dois jovens “yuppies” vêem uma série no Netflix. O jovem xoninhas (desculpa xoninhas, ficas sem nome “cool”) vê vídeos de YouTubers engraçados. Eu sou o único que não estou (não estava) ligado à rede. Leio um livro sobre pescas.
Nos últimos dias, falou-se de rádio. Tudo por causa de Vanda Miranda. “Que bom!”, pensei. A rádio é pouco falada. Primeira decepção: falou-se da rádio e de Vanda, por causa das redes sociais. Ao sair da Rádio Comercial, Vanda escreveu que, ao passar para a noite da m80, podia levar o filho à escola. Agora, ela está, de novo, no horário da manhã. Muita gente perguntou porquê. E até houve indignação, ou lá o que é. Ou seja, não há rádio, nem Vanda. Só parvoíces. Que pena!
Vanda está na capa do b,i., suplemento do jornal Sol, e tem coisas para dizer. O artigo começa por falar em “histórias mal contadas” e na “transferência do ano”. Não foi. Foi só a mudança para a porta do lado. A Rádio Comercial e a m80 são da mesma empresa e partilham instalações. É isso que permite que, por exemplo, Nuno Markl, já tenha tido participações, em direto, nos programas da manhã da Rádio Comercial e da m80. Mas a entrevista correu bem, com boas perguntas e boas respostas. Tenho pena que, para a entrevista existir, tenha que haver “histórias mal contadas” e que para se falar de rádio tenham que existir frases infelizes no Facebook. É o que há.