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A Covid-19 já matou mais norte-americanos (59 mil) do que a Guerra do Vietname. Estou convencido que, mais cedo ou mais tarde, a doença vai inspirar novas produções de Hollywood. Da minha parte, sugiro um remake de Rambo, que passaria a Rainbow - a história de um veterano de guerra que regressa de Covid-19 e que não se consegue adaptar à sociedade. Rainbow sofre de stress pós-traumático e não acredita no arco-íris que lhe deu o nome. O fim do filme já se antevê: vai ficar tudo bem. [Na foto, Rainbow coloca uma máscara cirúrgica antes de ir para a frente de batalha.]
Afinal, o que é um herói? Depende do lado da barricada. Xanana Gusmão, por exemplo: era um terrorista, para o regime indonésio; e um herói, para os timorenses. Nelson Mandela: era um líder subversivo, para o governo branco da África do Sul; e um herói, para o mundo inteiro. Mas, para o homem que quer construir um muro entre o México e os Estados Unidos, não há barricadas. John McCain é um herói de guerra, para os americanos; mas não era um herói, para Donald Trump. Porque se fosse, defendeu Trump, não tinha sido preso pelos vietnamitas. Trump é assim: vê o mundo pelos olhos de Hollywood. Herói é o Rambo.
Só que, entretanto, Trump mudou de opinião e, agora, diz que McCain é um "herói americano". Porquê? Porque o senador, que foi candidato republicano contra Obama, votou a favor do fim do Obamacare. O actual presidente quer acabar com o sistema de saúde, criado por Barak Obama. E quer criar um novo, que ainda não se sabe o que é, mas que será "espetacular", nas palavras de Trump. Só que as palavras de Trump são voláteis, como se vê no caso de McCain. Alguém que arrisca a vida numa guerra, em nome do seu país, não é um herói. Herói é quem vota Trump. Herói é quem lhe der jeito. Herói é ele próprio.
No fundo, Donald Trump, é isto: um herói com o Rambo de fora.