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Kim Wilde

por Miguel Bastos, em 13.03.24

 

A minha rádio anda a passar canções da Kim Wilde. Que maravilha. A Kim é uma velha paixão, de quando eu era novo, muito novo. Era gira, loira, fresca, jovem, moderna, elegante, sensual. Adorei a energia de “Kids In America”. Parecia ser feita para miúdos como eu, apesar de eu não ser americano (com muita pena minha). Mas, gostei (ainda) mais de “Cambodia”: uma canção mais moderna e muito mais exótica. O vídeo (o "teledisco", como então se dizia) expandia o exotismo da canção (como os Duran Duran, nos vídeos de "Rio") e Kim estava (ainda) mais gira. Eu tinha uma paixão pela Kim Wild e tinha um plano (infalível) para a conquistar. Sim, eu era uma criança. Mas iria crescer e ser giro como o John Taylor dos Duran Duran. Infalível.
E, agora, a parte inesperada: eu e a Kim não chegámos casar. Eu sei, é difícil acreditar. Eu, próprio, não consigo encontrar uma explicação.

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Portugal ao espelho?

por Miguel Bastos, em 12.03.24

revolução.jpg

Antes, durante e depois da revolução. A saga de uma família, ou de um país? Ou de vários países, dentro de um mesmo país? Esse país, ainda existe?

"Revolução", de Hugo Gonçalves, conta a história de três filhos, muito diferentes entre si. A mais velha, militante do PCP, foi presa pela PIDE. Abandona o PCP, para se radicalizar, à esquerda. A irmã tem um perfil conservador, que parece conviver melhor com o salazarismo, do que com os tempos conturbados do PREC. O mais novo vive num mundo interior e hedonista, com contactos esporádicos com a irrealidade daqueles anos. Os três são filhos de uma mulher, aparentemente conservadora, outrora mãe solteira, que ascende socialmente pelo trabalho e pelo casamento com um homem de hábitos aristocratas e sobrenome estrangeiro. "Storm" é um nome que antecipa a tempestade perfeita, num país prestes a rebentar - pelas costuras e pelas bombas da extrema-esquerda, das Brigadas Revolucionárias, e da extrema-direita do ELP - Exército de Libertação de Portugal.

Confesso que, ao fim das primeiras páginas, dei por mim a desejar mais literatura e menos Hollywood. A linguagem, o ritmo, a estrutura narrativa - com vários coisas a acontecer ao mesmo tempo e "flashbacks" e "fast fowards" - começavam a irritar-me. Afinal, queria ler um livro. Não queria ver um filme, nem uma série. Acabei a ler um país: trágico, cómico, violento, complexo, contraditório. Um país que continuo a descobrir. Que permanece por descobrir.

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Rimas estrangeiras

por Miguel Bastos, em 08.03.24

godinho.jpg

- Pai, ainda falta muito para chegarmos?
- Um bocadinho.
- Podemos fazer qualquer coisa, para passar o tempo?
- Podemos fazer rimas.
- Começas tu?
- Pode ser: Vamos para o norte / Ou vamos para o sul
- Ahhhh... hummm...
- Desculpa, filho, não deve haver muitas palavras a rimar com "sul".
- Já sei. Podes repetir?
- Sim. Vamos para o norte / Ou vamos para o sul.
- Vamos para a praia / Ou para a swimming pool.

Viu, Godinho? Se um dia destes, precisar de alguém para ajudar nas letras... 
(que, como sabemos, não é o seu forte...)

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Jovens rebeldes

por Miguel Bastos, em 07.03.24

"Ah, os jovens... são rebeldes, gostam de viver no limite..." Não é bem assim. Por exemplo: o jovem, que acaba de se atravessar à frente do meu carro, atravessa a estrada em diagonal e, sem tirar os olhos do telemóvel, vai ao encontro da passadeira. Faz bem. Isso de arriscar a vida é um bocado parvo. Se for para morrer, que seja em segurança.

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Revolução

por Miguel Bastos, em 06.03.24

revolução.jpg 

Revolução na lavandaria

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Discos perdidos

por Miguel Bastos, em 01.03.24

agnetha.jpg

Há 20 anos, Agnetha Fältskog, dos ABBA, editou o disco "My colouring book". O título remete para os livros de colorir, da infância. O disco remete para as canções e os cantores que Agnetha ouviu na infância e que lhe moldaram o gosto. Encontramos, aqui, "crooners" dos anos 50, pioneiros do rock and roll e estrelas da pop dos anos 60. E canções de um tempo em que os autores não eram, necessariamente, os intérpretes. Em que as canções eram partilhadas por diferentes cantores. Em que as canções viajavam entre países, eram traduzidas, recebiam letras novas ou arranjos novos para se adaptarem aos intérpretes - por vezes, tão diferentes, que pareciam canções novas.

E é, assim, que encontramos "Fly me to the moon", em ritmo bossa nova, numa versão mais próxima de Julie London do que de Franka Sinatra. Ou "Love me with all of your heart", original dos cubanos Los Hermanos Rigual, que Agnetha canta num registo próximo da versão de Petula Clark , mas que a generalidade dos portugueses conhece na voz de Marco Paulo (Sempre que brilha o sol naquela praia... sinto o teu corpo vibrar dentro de mim...). E é, assim, que ouvimos "What now my love", canção de Gilbert Bécaud que tem dezenas de versões (não estou a exagerar) e que o mundo anglófilo conhece nas vozes de Shirley Bassey, Sinatra (ele, de novo) ou Elvis Presley. Grande parte dos arranjos de "My colouring book", são típicos da época das canções. Mas, na última canção ("What now my love", precisamente), a sonoridade é mais contemporânea. Ao ponto de ter procurado a ficha técnica, pensando que iria encontrar os U2 ou, pelo menos, a dupla Brian Eno / Daniel Lanois.

Infelizmente, o mundo, sempre atento a mais uma compilação dos ABBA, não reparou em "My colouring book". Mais um disco perdido. Mas pronto para ser descoberto.

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Masculina

por Miguel Bastos, em 29.02.24

casa de banho.jpg 

Casa de banho masculina, no museu dos ABBA, em Estocolmo.
É coisa de homem.

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Um corpo de sonho

por Miguel Bastos, em 28.02.24

"Ganhe um corpo de sonho", disse o anúncio, a oferecer um conjunto de estratégias e exercícios a um preço imbatível. "Um corpo de sonho". Segui a receita e resultou. Fiquei com um corpo de sonho. De sonho! Depois, acordei.

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É o bicho

por Miguel Bastos, em 27.02.24

vamos a votos.jpg 

O coelho, o lobo mau e os pássaros do sul. A campanha está na rua. E está na rádio. "É o bicho!", dizem, "É o bicho!" Para devorar, aqui.

https://www.rtp.pt/play/p12841/e750985/vamos-a-votos

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Salamaleques de avô

por Miguel Bastos, em 26.02.24

O avô era comerciante, de profissão; e comediante, por vocação. Apesar de amador, neste campo, usava as técnicas dos profissionais: escolhia um alvo e não largava o osso. Dessa vez, escolheu a primeira licenciada da família e carregou no formalismo e nos salamaleques:
- Sô Tora, obrigado por nos ter brindando com a sua elegância.
A "doutora" sorria.
- E não me refiro, apenas, à escolha da indumentária, mas também da excelente forma física em que se encontra.
A "doutora" tentava disfarçar algum embaraço.
- Permita-me que lhe sirva um copo de vinho. Espero que este bairrada de reserva esteja à altura da sua fineza.
- Obrigada.
E, depois, outro. E, ao terceiro:
- É melhor, não, que eu não estou habituada a beber.
- Pois eu diria que este bairrada devolve, a Vossa Excelência, a cor exigida pela beleza do seu rosto.
- Já percebi que estou a ficar muito corada.
- Eu diria "coradinha", uma cor que lhe realça a nobreza, que lhe é natural.
É, então, que o tio se aproxima:
- Ó avô, não seja chato!
- Estou só a garantir que a doutora não passa sede, já que você não tem essa preocupação.
E, virando-se para a "doutora" solta um:
- Permita-me só um bocadinho.
- Mas só um bocadinho!
O tio volta à carga.
- Ó avô, não vê que a menina não quer mais vinho.
O avô não perde o tom.
- Fique a saber, cavalheiro, que "a menina", como diz, já é "doutora".
- Mas está a ser chato, avô, não vê?
É, então, que o avô muda de tom.
- Chato és tu. Sempre a interromper... e digo-te mais...
Volta-se para nós, pisca o olho e vira-se, de novo, para o tio.
- ... e digo-te mais: se não estivesse aqui a doutora, chamava-te cabrão.

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