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João Gobern

por Miguel Bastos, em 15.05.25

gobern.jpg 

Para muita gente, o João Gobern é aquele "gajo gordo do Benfica, que agora é magro". Sim, é esse, o da televisão. Mas não é esse que eu conheço. Para mim, criança com pouco mais de um metro e pouco mais de 20 kg, o João Gobern era um nome com um texto grande e uma foto pequenina na Música e Som e no Se7e. Escrevia sobre os meus heróis da música e entrevistava alguns deles. E, ao fazê-lo, ele próprio tranformava-se num herói. Depois, já adolescente - com o meu corpo a resistir a ganhar peso e altura - continuei a seguir o Gobern: na rádio (Comercial, TSF, Antena 1); nas revistas (Visão, Focus, Sábado), nos jornais (Independente, DN). Há décadas que o João é um produto multimédia.
 
Entretanto, os meus olhos ganharam idade e miopia e passei ver o João no trabalho: no meu, no nosso. Escrevo este texto, com o João (de herói a "boy next door") a trabalhar num estúdio a dois metros de mim e a espreitar o novo livro do Gobern, que o João deixou na minha secretária. Chama-se "Tira o Disco e Toca ao Vivo" - uma variação sobre a expressão "Vira o disco e toca o mesmo". Fala sobre a indústria musical em Portugal, onde (à semelhança do resto do mundo) o disco tornou-se um objeto raro, usado para abrir portas ao mercado da música ao vivo. Ainda não li - o livro caiu-me agora no colo - mas já estou a gostar. Desde logo, pelo tema; depois, pelo nome dos capítulos (são nomes de canções portuguesas) e, finalmente, pela dedicatória que me fez: "Para o Miguel, com quem tenho o prazer de trocar umas bolas sobre (mais) esta paixão que nos aproxima - a da música."
 
Obrigado, João. Devia retribuir, mas não escrevi nenhum livro para a troca. Se calhar, devia-te comprar uma capa - daquelas, de super-herói.

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Gouveia e Melo

por Miguel Bastos, em 14.05.25

Gouveia e Melo é candidato à presidência da República.
Eu sei, é uma grande surpresa. Ninguém estava a contar.
Ninguém, ninguém, ninguém.

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Deslocado

por Miguel Bastos, em 14.05.25

napa .jpg

Comecei a escrever este texto, ontem, mas fui vencido pelo sono. Entretanto, a canção dos NAPA venceu mais uma etapa e vai à final. 
 
"Acabaram as canções", canta (com ironia) Fernando Tordo, no final da Tourada. Não acabaram, evidentemente, e a canção venceu o Festival da Canção, em 1973. Mas, mais importante, ficou inscrita no cancioneiro nacional. Sei que o Festival é um concurso, em que cada canção tem o objetivo de ganhar a competição nacional e chegar aos europeus. Mas não é isso que mais me interessa. O que me interessa são as canções - essas que insistem em não acabar. 
 
A canção "Deslocado", dos NAPA, é muito bonita. Na primeira escuta, achei-a demasiado morna. Na segunda, reparei na melodia à Beatles e nas harmonias vocais muito Beach Boys. E, depois, cheguei à letra: sobre saudade, sobre raízes, sobre inadaptação. Não é uma saudade trágica, fatalista. Afinal, já não arriscamos a vida a embarcar em galés, a enfrentar adamastores, a conquistar o mundo, a defender colónias. É a saudade, de hoje: dos que partem, mesmo tendo pão e amor em casa. Partem, para estudarem numa cidade com melhores escolas, mas com excesso de betão; com melhores transportes, mas com falta de mar; com melhores salários, mas com défice de casa.
 
Muita gente foi tocada pela canção. Muitos outros, continuam obcecados na competição. Não ouvem a canção por si só; não ouvem a canção de acordo com o seu gosto; mas pela sua capacidade de vencer. Ou seja, avaliam a canção tentando adivinhar o gosto dos outros. E são esses que dizem que não gostam da canção A ou B,  porque não tem potencial de vencer. Esquecem-se, talvez, que Portugal ganhou com a mais improvável das canções: "Amar pelos dois", dos manos Sobral. Confesso que, na altura, também achei que a canção tinha poucas hipóteses de ganhar o Festival da Canção. E tinha, ainda, menos hipóteses de ganhar  a Eurovisão. Mas não achei que isso era o mais importante, porque a canção era boa e isso bastava-me. Como ganhou, chegou a mais pessoas e ainda bem.
 
Para mim, a canção "Deslocado" já ganhou. Eu, pelo menos, já ganhei uma canção. Se mais ganharem, tanto melhor. 
 

https://www.youtube.com/watch?v=6QRHcLJS0T0

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Os mortos dançam

por Miguel Bastos, em 12.05.25

dead can dance.jpg

Discos perdidos. Encontrei este disco. Estava perdido, no parapeito de um estúdio cá do meu rádio. Chama-se "Spiritchaser", é dos Dead Can Dance e data do ano da graça de 1996. Não foi de graça. Tem um autocolante, no verso, a dizer 3 mil e 900 escudos - o que quer dizer que não deve aceitar pagamento em euros, nem MB WAY, nem outras modernices. Mas, permanece moderno. E permanece antigo. E é gótico e celta e africano e oriental - é um disco único e indefinível. Tem outro autocolante, na capa, a dizer "Radiodifusão Portuguesa". Radiodifundi este disco, muitas vezes. Misturava-o com coisa tão diferentes como a Banda do Casaco e os Massive Attack; David Bowie e Cesária Évora; Frei Fado d'El Rei e Peter Gabriel.
 
"Spiritchaser" foi o último disco dos Dead Can Dance para a 4AD (a editora dos Cocteau Twins e dos This Mortal Coil) antes de uma pausa, que acabou por durar 15 anos. Pelo meio, os dois membros da banda dedicaram-se a outras aventuras - com destaque para Lisa Gerrard, que se afirmou na escrita para cinema e assinou a banda sonora de "O Gladiador", com Hans Zimmer, que foi distinguida com um Globo de Ouro.
 
Estou a ouvir "Spiritchaser", meio morto, depois de me ter levantado a meio da noite, para uma manhã na rádio. Confirmo: Dead Can Dance. Mal, mas dançam.

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Fumo branco

por Miguel Bastos, em 08.05.25

fumo branco.jpg 

- "Sistina" é com "C" ou é com "S"?
- Com "S". "Cristina" é que é com "C".
- Não me baralhes.
- É com "S".
- De certeza?
- "Certeza" é com "C".
- Estás-me a baralhar. Preciso de ter a certeza.
- De certeza, de certeza, só quando houver fumo branco. Espera...
 

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Nheca nheca

por Miguel Bastos, em 06.05.25
"Um debate nada nheca nheca" foi o título escolhido para o primeiro jornal de campanha, da Antena 1.
Há onomatopeias que valem mais do que mil palavras.
O "zig-zag" soou requentado. Mas, o "nheca nheca" soou-me a "pumba".
 
"Vamos a votos"? Vamos. "Vrum, vrum".
 
Para ouvir, aqui:
 

 

 

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Cortesia

por Miguel Bastos, em 05.05.25
"Passa por cima, ó palhaço!"

"Deves ter tirado a carta por correspondência, pá!"

"Eu vi logo, que era uma mulher ao volante!"

Hoje, é Dia da Cortesia ao Volante. E, portanto, não devia estar, aqui, a escrever estas coisas.

Mas é, também, Dia da Língua Portuguesa. E é preciso celebrar a língua de Camões. Praticando-a.

"Percebeste? Ou queres que faça um desenho!"

"Estás a apitar, é? Isso é para mim?"

"Põe-te mas é a andar!"

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O apagão

por Miguel Bastos, em 30.04.25
O apagão fez acender um amor, inesperado, à rádio. E o amor é lindo. Digo-o, sem ironia. As páginas das redes sociais encheram-se de postais, com mensagens de amor e fotografias de aparelhos de rádio. Rádios novos, comprados à pressa. Rádios antigos, retirados de caixotes que foram caixões. Rádios ressuscitados. Rádios resgatados à memória: às tardes na aldeia, com a avó; às idas à bola, com o avô. Foi o desfile da rádio nostalgia, da rádio saudade, da rádio a pilhas.

Ora, a rádio não é a pilhas. A rádio é tão boa, que até pode ser a pilhas - o que é muito diferente. Como pode ser digital. E pode ser pod coiso, para os pod-modernos. E pode ter imagem, para os selfie made men. E é wireless, de nascença. A rádio não é coisa do passado. É de agora - como se ouviu, quando não se via nada.

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Sá Carneiro

por Miguel Bastos, em 28.04.25

EXPOSIÇÃO SÁ CARNEIRO DEMOCRACIA.jpg 

Quando foi fundado, em 1974, o PPD quis-se afirmar como um partido de centro-esquerda. Ninguém acreditou. A esquerda considerou, logo, que o PPD era um partido de direita disfarçado - que teve de adaptar o discurso, para se poder afirmar no pós 25 de Abril. Pacheco Pereira considera que essa narrativa não serve, apenas, à esquerda. Também dá jeito ao próprio PSD que, para não assumir que virou (ou foi virando) à direita, diz que sempre o foi, mas na altura não o podia assumir. São pessoas (defende) que usam a imagem de Sá Carneiro, sem lhe conhecer o pensamento. A exposição "Francisco Sá Carneiro e a Construção da Democracia" pode dar uma ajuda.
 
Para ver, na Câmara do Porto.
 
Para ouvir, aqui:
 

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/exposicao-sobre-sa-carneiro-inaugurada-no-porto_a1649753

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Dançar na corda bamba

por Miguel Bastos, em 23.04.25

 

DDD FESTIVAL DIAS DA DANÇA.jpg 

Estava a escrever esta peça, sobre o regresso do Festival Dias da Dança, e só me lembrava da canção "Dançar na corda bamba", dos Clã. O DDD vai dançar, uma vez mais, "na corda bamba" com temas como as migrações, o mundo do trabalho ou das questões de género. "Não é techno, não é samba".
 
Para ouvir, aqui: 
 
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/comeca-o-ddd-festival-dias-da-danca_a1649774
 
A canção pode ser ouvida, aqui:
 
https://www.youtube.com/watch?v=qwDdRL25-rc
 
 

 

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