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Portugal está a jogar com a Arménia. Custa-me dizer isto: Arménia. Sem mais nada, sem um “dona” antes.
Arménia não é nome de seleção. É nome de tia da França.
Foi o encore mais original de sempre. Laurie Anderson entra em palco, para uma citação budista e uma aula de Tai Chi. Lou Reed, lembra Laurie, era um fervoroso praticante daquela arte marcial. De tal forma que, na China, era mais conhecido como praticante de Tai Chi, do que como músico. A plateia sorriu, antes de acompanhar a aula de Tai Chi, de Laurie. Aos 78 anos, a artista realizou movimentos elegantes e precisos, no palco; com o público (atabalhoado) a tentar seguir os movimentos, na plateia - chocando mãos, braços e ombros.
Laurie já tinha evocado Lou, passou por "Big Science" e, até, cantou "Beautiful Red Dress": uma canção tão pop, tão pop, que, na altura, colocou a artista - geralmente acompanhada de etiquetas a dizer "avantgarde", "pós-coiso", e "ciber-cena" - a dançar na MTV. E, agora, a dançar, também, no Rivoli. Não se pense, contudo, que foi uma viagem nostálgica ao passado futurista. Laurie tem um olhar no presente - atento, empático, acutilante. Fala do avó sueco, para abordar o tema dos migrantes e dos refugiados. Fala de Nova Iorque, para dizer que as cidades são um posto avançado no combate ao nacionalismo. Fala de Trump, para falar de Mamdani. Fala do mestre budista, para dizer que é preciso estar atento ao mundo e lutar - com consciência - mas sem entrar em depressão. Isto, numa noite em que depressão Cláudia insistiu em descarregar água sobre os manifestantes. Mas estes seguiram estrada fora, serenos, depois de uma aula de Thai Chi.

Os dois juntos, aqui: https://www.youtube.com/watch?v=t3SYR-ENPMM
- … e então o professor começou a falar de vulcões: como é que eles se formam, quando é que entram em erupção, como é que se chamam as coisas que saem de dentro do vulcão…
- Que interessante.
- Mas, entretanto, desatou-se tudo a rir.
- Ai sim, porquê?
- Por causa do nome: “piroclasto”.
- O que é que tem?
- Não sei. Faz pensar noutras coisas: pi-ro-clasto.
- Ahh…
- Tenho fome.
- Vamos lanchar?
- Sim. Ó pai, quando é que tu e a mamã pensaram em ter outro filho?
- Queres, portanto, que eu te fale do meu piroclasto?
- Esquece, pai. Já me arrependi de ter feito a pergunta.
Por fora do Chega, vê-se um partido unido em torno do seu líder - contra tudo e contra todos.
"Por dentro do Chega", lê-se um partido profundamente dividido - com todos contra todos.
Escreve o autor: “Chamar ao Chega partido fascista ou de extrema-direita contém alguma verdade, mas está longe de ser toda a verdade”. Para compreender melhor o Chega, o jornalista Miguel Carvalho mergulhou, a fundo, no caldeirão político e social onde o partido germinou e estudou, a fundo, as pessoas e os movimentos que estão na sua fundação e implementação. Podemos, assim, perceber melhor como é que tantas pessoas, com ideias e práticas tão diferentes, se juntam no mesmo partido - mas, também, porque é que se separam.
O livro está dividido em quatro partes: Deus, Pátria, Família e Trabalho. André Ventura foi buscar as três primeiras palavras ao salazarismo e acrescentou uma quarta - Trabalho. Talvez porque, como Miguel Carvalho descreve no livro, o Trabalho - e, sobretudo, a falta dele - desempenha um papel importantes entre apoiantes, militantes e dirigentes do Chega.
Para compreender o Chega (e “compreender” não significa justificar, muito menos concordar), Miguel Carvalho aproveitou o conhecimento que já tinha da extrema-direita e do populismo, para se lançar à estrada e partilhar “horas e dias” com muitos que o insultaram e ameaçaram, mas que acabaram por lhe confiar “documentos e revelações”. Escreve o autor: “Talvez porque, independentemente de todas as diferenças e propósitos, foi possível definir um local de encontro civilizado”. Parece pouco, mas, nos dias que correm, apetece-me exclamar: “Parece impossível!”
Obrigado, Miguel, e parabéns!
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/o-coliseu-e-nosso-protesto-do-porto-faz-30-anos_n1694832
Esta manhã, a rádio alertou-me para a chuva. Abri a pestana e olhei para o telemóvel: só chove depois das 10. Abri a persiana e pareceu-me ver chuva. De resto, não fui o único. Vi pessoas, na rua, a passar de guarda-chuva. Saí para rua, antes das 10. Pareceu-me, mesmo, que estava a chover. Mas, resisti. Eu não sou pessoa para me deixar enganar por perceções.
- O que é isso, pai?
- O quê?
- Tens uma borbulha no nariz!
- É a adolescência, a chegar.
- Oh, pai, tu tens mais de 50 anos!
- Mas ninguém me dá mais de 20.
- Achas!?
- Então? Com borbulhas e tudo... Estou cada vez mais novo!