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Era noite e estávamos em frente à televisão. Esperávamos a Dona Xepa. A Dona Xepa vendia no mercado, trabalhava noite e dia para, sozinha, criar e educar os filhos. Parecia a nossa vida. Preparávamo-nos, portanto, para nos vermos ao espelho, quando o Raúl Durão, com voz de BBC e cara de caso, interrompeu a emissão. A minha mãe barafustou. "Não há direito, interromperem assim a novela", mas rapidamente, mudou de tom. Engolimos em seco. Sá Carneiro tinha morrido e a notícia foi mais difícil de engolir do que as chicotadas na escrava Isaura.
O PCP já anunciou que se vai abster. Daqui a pouco, o PAN vai revelar o sentido de voto. A aprovação do Orçamento do Estado parece uma série de televisão. Gostava de seguir o Orçamento com mais atenção, mas o pessoal cá de casa anda mais interessado na Galactica: "By your command!"
No armazém, ao pé da minha casa, estavam pendurados 3 cartazes da AD, emoldurados como se fossem retratos a óleo: num, estava o Sá Carneiro; no outro, o Freitas do Amaral; no terceiro, um senhor mais velho. Na telenovela da noite, um dos protagonistas era jovem, tinha uma namorada bonita e era arquiteto paisagista. Na primeira excursão a Lisboa fomos à Gulbenkian: adorei (tanto) os jardins, que nem entrei no museu. Só mais tarde é que comecei a unir as coisas. Gonçalo Ribeiro Telles era, de facto, mais velho do que os outros, mas não era um velhinho. Os jardins da Gulbenkian dificultavam a entrada no Museu porque eram demasiado belos (acreditam que só à terceira tentativa é que resolvi entrar no CAM?). Ser arquiteto paisagista só é uma profissão jovem e moderna, por causa de pessoas como Gonçalo Ribeiro Telles, que criou um oásis de modernidade, no inverno salazarista. É por isso que, apesar de morrer aos 98 anos, ficamos com a sensação que foi demasiado cedo. Por isso, e, também, porque Portugal teima em chegar demasiado tarde. [Foto: Alfredo Cunha]
- Vai, mas é, dar uma volta ao bilhar grande!
- Vai tu!
- Toma, incha!
- Quem diz é quem é!
- Quem mais jura é quem mais mente!
- Enganei-te, papas com azeite!
- Querias, querias batatas com enguias!
O debate político rejuvenesceu. Está num novo ciclo: o primeiro ciclo.
"Acha que Isabel dos Santos pode vir a ser candidata à presidência de Angola?" / "Quem é que vai ganhar a liderança do PSD?" / "Joacine Katar Moreira tem condições para continuar no partido Livre?"
Eleições no PSD. Curioso: num partido balcanizado, um dos candidatos é Montenegro.
"Abel Matos Santos quer “romper” com os últimos 25 anos do CDS", escreve, hoje, o jornal Público. Abel Matos Santos é candidato à liderança do partido que, há 25 anos, rompeu com o CDS de Freitas do Amaral. Nessa altura, Lucas Pires já tinha rompido com o CDS e o Partido Popular Europeu já tinha rompido com o CDS, expulsando-o da família europeia de centro-direita. Há 25 anos, o CDS tinha acrescentado o sufixo "PP", que muitos associavam a Paulo Portas. O jornalista-ideólogo apoiava a ruptura de Manuel Monteiro, mas, depois, rompeu com Monteiro num congresso, em Braga. De seguida, Manuel Monteiro rompeu com o CDS, para fundar um novo partido. Foram muitas rupturas, para um partido conservador que Abel Matos Santos quer voltar a “romper”. Já agora, Abel Matos Santos é porta-voz da Tendência Esperança em Movimento. Pelo vistos, o Movimento quer regressar a 1994.
Dois dias para debater o programa do governo não é demais. Afinal, este é o país onde se discutiu, semanas a fio, o programa da Cristina. Já agora, reparem que alguns dos protagonistas são comuns. [Foto: Tiago Petinga - Lusa]
Luís Montenegro foi à SIC defender que "é preciso dizer Chega", que "é preciso dizer Basta"! Terá escolhido as palavras à ventura ou foi de propósito?