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Paquete de Oliveira chegou até mim como estrela pop. Ouvi-o, em disco, entre guitarras distorcidas, experimentações sónicas, défice de técnica musical disfarçado de avant garde. No final do anos 80, as bandas de rock começaram a ser substituídas por projetos. Os Pop Dell’Arte e a Ama Romanta eram dois projetos de João Peste. Artista visionário, cantor, performer, intelectual, sociólogo. Paquete fora professor de Peste. Era sociólogo e entrava num disco. Eu não sabia se era jovem ou velho; intelectual distante ou mundano ou, mesmo, se tinha projetos.
Mais tarde, conheci Paquete. Era meu professor. Nessa altura, eu já sabia que era um sociólogo especialisado em media, comunicação e jornalismo. Agia como professor, falava com professor. Cuidava de nós. Falou do bar e da cantinas. De salas e bibliotecas. De fotocópias e estacionamento. Nessa altura, já era uma pessoa conhecida do grande público. Escrevia em jornais, aparecia em programas de televisão. Era um ancião sábio e sereno e, no entanto, cheio de inquietude. Mas, sobretudo, era o mais moderno de todos nós. A maioria dos alunos, continuava com projetos e contactos e ideias. Os anos 80 tinham acabado e nós não sabíamos. Paquete sabia, claro. Era, mesmo, sociólogo.