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A Argentina tem um novo Presidente. Javier Milei tem um ar de "Nouvelle Vague" francesa, mas é da velha guarda sul-americana.
Não é tarde, nem é cedo. É às oito, em Belém. O presidente vai falar ao país.
O presidente do Brasil tocou num ponto-chave: "com a bandeira nacional nas costas ou com a camiseta da seleção brasileira, para se fingir de nacionalista, para se fingir de brasileiro, façam o que eles fizeram hoje." A questão não é estética, é ética. E é política. O populismo tende a apropriar-se de valores e símbolos nacionais, que representam a identidade e a unidade de um povo. Ao fazê-lo, excluem os outros desses mesmo valores. Ao vestirem a "Ordem e o Progresso", da bandeira do Brasil, estão a sugerir que os outros estão contra esses valores. Eles são os representantes da Nação. Não são, diz Lula. E vai mais longe: fingem-se. Fingem-se de nacionalistas. Fingem-se, até, de brasileiros. Convenhamos, é difícil entender como é que alguém se assume como nacionalista, enquanto ataca as instituições da Nação. Mas já o vimos, recentemente, no país que gosta de se apresentar como farol da democracia. É o país que o antigo presidente do Brasil escolheu para ter uma dor de barriga. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido teve problemas com os nacionalistas que, para defenderem os (alegados) valores da nação, colaboraram com a Alemanha Nazi. Não acabaram bem. Os partidários da "Ordem e o Progresso" mostraram, sem sombra de dúvidas, quem eram e ao que vinham. Eles não querem "Ordem e o Progresso". Quem a Sua "Ordem e o Progresso". Caso contrário, estes partidários partem tudo. Devia ser surpreendente, mas não é.
- Olha, um peru!
- Como é que lhe chamaste?
- Peru. Em português, este animal tem o nome do teu país.
- Não acredito!
- Acredita, que é verdade.
O Peru volta a estar em crise. Estou chateado que nem um peru.
A Consuelo não vai perceber a expressão, mas, talvez, acredite.
Dia de Portugal. Este dia, que já foi da raça, é, agora, das Comunidades. O Presidente vai ao encontro delas, espalhadas pelo estrangeiro. Todos os anos, voa para um sítio diferente. Mas há, também, novas comunidades a nascer. Pessoas que vieram de fora, mas que, também, já são de cá. Falam português, comem bacalhau e têm filhos que, por vezes, são tão (ou mais) portugueses do que dos países dos pais. E que se sentem tão portugueses, como os meninos que são filhos de pais que nasceram na Beira, no Minho ou no Alentejo. Hoje, ouvi meninos a cantar a história de Portugal e das suas várias regiões. Varri o palco, com o olhar, e vi meninos de várias origens. Pensei nos que têm origens na Rússia, na Bielorrússia ou na Ucrânia. E pensei que Portugal é um Dia Bom.
Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden anunciou que o uso da máscara deixa de ser obrigatório, para quem já tomou as duas doses da vacina contra a COVID-19.
Covid-19. Portugal é, hoje, o país da União Europeia com menos novos casos por 100 mil habitantes. O que é que isto nos diz? Bem, antes de mais, convém dizer que é melhor ser "o melhor", do que ser "o pior". Certo? Mas convém, também, lembrar que fomos "os piores", há bem pouco tempo. Tivemos, até, direito ao discurso indignado e acusatório de um ex-presidente, eternamente obcecado com a ideia de "pelotão da frente". Portanto, não vale a pena embandeirar em arco com os dados mais recentes. Da mesma forma que não vale a pena gritar que o barco está a afundar-se, quando o que é importante é pegar no balde e tirar a água do convés. Não somos os melhores, nem somos os piores. Somos como os outros: subimos e descemos nos números, avançamos e recuamos, resistimos, erramos, caímos ao chão, levantamo-nos. No final, eu também acho que "vai ficar tudo bem". O problema é que não sabemos quando é que chegamos ao fim, como é que chegamos, e, pior ainda, sabemos que não vamos chegar todos.