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"Abel Matos Santos quer “romper” com os últimos 25 anos do CDS", escreve, hoje, o jornal Público. Abel Matos Santos é candidato à liderança do partido que, há 25 anos, rompeu com o CDS de Freitas do Amaral. Nessa altura, Lucas Pires já tinha rompido com o CDS e o Partido Popular Europeu já tinha rompido com o CDS, expulsando-o da família europeia de centro-direita. Há 25 anos, o CDS tinha acrescentado o sufixo "PP", que muitos associavam a Paulo Portas. O jornalista-ideólogo apoiava a ruptura de Manuel Monteiro, mas, depois, rompeu com Monteiro num congresso, em Braga. De seguida, Manuel Monteiro rompeu com o CDS, para fundar um novo partido. Foram muitas rupturas, para um partido conservador que Abel Matos Santos quer voltar a “romper”. Já agora, Abel Matos Santos é porta-voz da Tendência Esperança em Movimento. Pelo vistos, o Movimento quer regressar a 1994.
Casado perdeu, Sánchez procura união de facto.
(Foto Reuters)
As eleições espanholas voltaram a dar vitória ao PP, sem maioria. Portanto: na mesma, como a lesma? Pode ser que não. A verdade é que o PP cresceu, em votos e em mandatos; o PSOE perdeu votos e mandados, mas está à frente do Podemos; o Podemos caiu, nas expetativas e na real; o Ciudadanos também. Os jornais de ontem faziam contas e cenários: PP + PSOE; PP + PSOE + Ciudadanos; PSOE + Podemos + Ciudadanos e, a mais provável, PP+Ciudadanos, com apoio parlamentar do PSOE.
Num certo sentido, Espanha não mudou muito, relativamente às eleições de há seis meses. Não há uma vitória clara de um partido, nem a capacidade de um dos partidos clássicos, governar com um dos novos partidos. Uma solução do tipo PP + Ciudadanos ou PSOE + Podemos. Mas há duas diferenças significativas. Primeiro, só há soluções governativas com o envolvimento dos dois principais partidos, o que parece um regresso ao bipartidarismo. Segundo, mesmo sem maioria, a legitimidade para o PP governar, aumentou. Houve um número significativo de eleitores que deram o seu voto ao partido de Mariano Rajoy e castigaram os outros partidos, que foram penalizados por não se entender. A isto chama-se democracia. São os eleitores que têm o poder e o passam aos políticos. Resta saber se eles sabem o que fazer com ele…
Eleições em Espanha: o PP ganhou, porque ganhou; o PSOE ganhou, não sei porquê; o Podemos e o Cidadãos também ganharam, porque passaram a existir e acabaram com o bipartidarismo. Os Espanhóis estão a ficar parecidos com os portugueses. Todos ganham.
Apesar de ter ganho, PP perdeu demasiados votos e mandatos. Sozinho não se aguenta e, mesmo que conseguisse o apoio dos Cidadãos também não seria suficiente. Portanto, PP sozinho não chega; PP + Cidadãos também não; PSOE + Podemos idem; PSOE + Podemos + Cidadãos é esquisito; PP + PSOE também. Venceram todos, mas não se percebe o quê. Fala-se em mudança, mas não se percebe que mudança é que aí vem.
Em Espanha, havia um partido que ganhava, um partido que perdia, e os outros. Agora, temos um empate. Há mais cenários e narrativas possíveis, mas o fim é uma incógnita. Se for bom, é um filme de David Fincher, se for mau é uma novela da TVI.