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Desordem e retrocesso

por Miguel Bastos, em 12.01.23

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O presidente do Brasil tocou num ponto-chave: "com a bandeira nacional nas costas ou com a camiseta da seleção brasileira, para se fingir de nacionalista, para se fingir de brasileiro, façam o que eles fizeram hoje." A questão não é estética, é ética. E é política. O populismo tende a apropriar-se de valores e símbolos nacionais, que representam a identidade e a unidade de um povo. Ao fazê-lo, excluem os outros desses mesmo valores. Ao vestirem a "Ordem e o Progresso", da bandeira do Brasil, estão a sugerir que os outros estão contra esses valores. Eles são os representantes da Nação. Não são, diz Lula. E vai mais longe: fingem-se. Fingem-se de nacionalistas. Fingem-se, até, de brasileiros. Convenhamos, é difícil entender como é que alguém se assume como nacionalista, enquanto ataca as instituições da Nação. Mas já o vimos, recentemente, no país que gosta de se apresentar como farol da democracia. É o país que o antigo presidente do Brasil escolheu para ter uma dor de barriga. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido teve problemas com os nacionalistas que, para defenderem os (alegados) valores da nação, colaboraram com a Alemanha Nazi. Não acabaram bem. Os partidários da "Ordem e o Progresso" mostraram, sem sombra de dúvidas, quem eram e ao que vinham. Eles não querem "Ordem e o Progresso". Quem a Sua "Ordem e o Progresso". Caso contrário, estes partidários partem tudo. Devia ser surpreendente, mas não é.

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Os meio e os fins

por Miguel Bastos, em 03.12.21

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Este é o novo sobressalto da democracia europeia: chama-se Eric Zemmour. O candidato à presidência do país da "Liberdade, igualdade, fraternidade" é um conhecido ex-jornalista e comentador da televisão. Zemmour é um judeu de extrema-direita, simpatizante de Pétain - símbolo máximo do colaboracionismo nazi. Um antimuçulmano, que já foi condenado por racismo, e que conta com o apoio de Le Pen pai. Zemmour anunciou que era candidato, num vídeo publicado no Youtube. Não é surpreendente. Os defensores das ideias mais antigas não hesitam em recorrer às tecnologias mais modernas, para espalharem a sua mensagem. Não é uma invenção do populismo de hoje. É uma invenção do populismo de sempre. Os "modernos", admiradores do teórico dos media Marshall McLuhan, continuam encantados com os "meios que são mensagem". Os "antigos" não olham a meios, para atingirem os fins.

[Foto: Joel Saget / AFP]

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Populismo faz parte

por Miguel Bastos, em 08.01.21

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"O populismo faz parte da democracia?", perguntou o jornalista António Jorge, esta manhã, na Antena 1. "Faz", respondeu António Costa Pinto, "A maioria das democracias não são derrubadas por golpes de estado e revoluções. São derrubadas a partir de dentro". E deu os exemplos recentes dos regimes autoritários e populistas da Polónia, da Hungria e da Turquia. O historiador e politólogo não teve dúvidas: a invasão do Capitólio não foi uma ação folclórica de um grupo de radicais de extrema-direita, foi organizada a partir da presidência. E isso, justificará a falta de reação das forças de segurança. Afinal, Trump ainda é presidente e, como tal, responsável máximo das forças armadas. Trump, como todos os líderes populistas, gosta de lei e ordem: mas só quando lhe convém. Já agora, uma coincidência trágico-cómica: a invasão do Capitólio decorreu no mesmo dia em que Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura debatiam as diferenças entre a direita social e a direita securitária.

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Populismo: quanto custa?

por Miguel Bastos, em 18.11.20

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Parece que, para muita gente, discutir a ameaça do populismo e do nacionalismo é uma coisa muito esotérica: "ah, os valores e tal"; "pois, os princípios e coiso"; "sim, os pobres e as minorias". Vamos a coisas concretas: esta semana, os governos da Polónia e da Hungria (e, agora, da Eslovénia) decidiram vetar 750 mil milhões de euros, para a Europa fazer frente ao impacto económico da Covid-19. Uma retaliação pelo facto da Europa sublinhar valores como a democracia e a liberdade. Mais concreto, ainda: com isso, os governos da Polónia e da Hungria bloquearam 15,3 mil milhões de euros a Portugal. A mim, parece-me que é muito dinheiro. Talvez, por ser um idealista. Seguramente, por ser um teso.

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Boatos autênticos

por Miguel Bastos, em 22.10.20

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Estados Unidos: "Estou praticamente decidido a concorrer a presidente. O que o país quer é um candidato que não se deixe ferir por investigações ao seu passado, para que aos inimigos do partido seja impossível desencantar uma história que não seja já de todos conhecida. Se, à partida, se souber o pior acerca de um candidato, todas as tentativas de o surpreender serão derrotadas". Com eleições presidenciais à porta, é impossível não pensar num candidato. Mas não será difícil pensar noutros candidatos, neste ou noutros países, cujos defeitos se transformaram (aos olhos do leitorado) em feitio. O populismo não é coisa de agora. O texto, hilariante, é de 1879. Escreve o criador de Tom Sawyer e Huckleberry Finn: "O boato de que eu teria enterrado uma tia debaixo da minha videira é autêntico. A vinha precisava de adubo, a tia precisava de ser enterrada, e eu consagrei-a a este nobre propósito. Tornar-me-á isso indigno da presidência?" - pergunta Mark Twain. Boa pergunta!

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Benfica

por Miguel Bastos, em 17.09.20

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Luís Filipe Vieira está preocupado: com o sistema de justiça; com o funcionamento dos media; com a opinião pública; com a qualidade da democracia; com o emergência do populismo e da demagogia; com os princípios do Estado de Direito; com as conquistas de Abril. Luís Filipe Vieira é candidato à presidência. Do Benfica.

[Foto: Rodrigo Antunes - Lusa]

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O novo e o velho

por Miguel Bastos, em 27.01.20

A idade não é um posto. A política está cheia de gente nova, com ideias velhas. Mas, felizmente, também há exemplos do contrário.

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Brexit: de saída...

por Miguel Bastos, em 09.07.18

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Os britânicos são bons a sair. O Brexit é a prova disso mesmo. O antigo primeiro-ministro David Cameron saiu, antes mesmo da saída começar. Ontem, saíram o ministro do Brexit (David Davis) e o seu número 2 (Steve Baker). Hoje saiu Boris Johnson. Mas esta coisa de sair, ainda pode melhorar. Basta que os britânicos descubram porque é que saem, para quê, para onde e por onde…

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Questão de vida ou morte

por Miguel Bastos, em 02.02.17

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Há uns anos falava-se muito de temas fraturantes. O termo veio do PS, mas passou a ser associado também (ou, sobretudo) ao Bloco de Esquerda. Desta vez, o tema “fraturante” é a Eutanásia. Discutiu-se hoje, na Assembleia da República. Ou, pelo menos devia-se ter discutido. É que, às vezes, fica a sensação de que nem vale a pena discutir. Toda a gente já sabe tudo. Dentro e fora da Assembleia. Há 10 anos, vimos cartazes com imagens de bebés com mais de seis meses de gestação, a pedirem aos pais para não os matarem nos cartazes. Hoje, tivemos este sinal de STOP. Afinal quem é que fratura?

 

Para algumas pessoas, parece que se vai começar a matar gente: a torto e a direito; e dentro da legalidade. Vão-se usar os mesmos argumentos de outras batalhas. A interrupção voluntária da gravidez ia acabar com o nascimento de bebés. O casamento de pessoas do mesmo sexo ia acabar com a procriação. A procriação medicamente assistida ia acabar com o sexo. É incrível como é que ainda há gente em Portugal!

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Olhe que não, D. Helena!

por Miguel Bastos, em 25.11.16

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A D. Helena era uma crente fervorosa do PSD. Mas afirmava, entre duas vassouradas, que não gostava do Marcelo. Porque não percebia nada do que ele dizia. “Olhe que não, D. Helena!", repetia-lhe eu, "Olhe que não”. Mas ela não cedia. Gostava do Santana, que, ainda por cima, era mais giro. Estávamos, ainda, na ressaca do cavaquismo. Rebelo de Sousa liderava o PSD, mas não o coração das donas helenas. Nessa altura, difundiu-se a ideia que, sendo um intelectual, Marcelo não chegava ao povo.

 

E, de facto, Marcelo chegava, com facilidade, às páginas dos jornais; aos microfones da rádio; aos corredores do poder; às mesas dos pensadores e dos conspiradores. Mas não conseguia “subir ao povo”, como diz o Carlos do Carmo. Isso mudou, claro.

 

Hoje, Marcelo bate recordes de popularidade. O Presidente da República tem uma avaliação positiva de 97% dos inquiridos pela sondagem da Católica (para a Antena 1, a RTP, o JN e DN). A popularidade de Marcelo coincide com uma altura em que se fala de populismo. São coisas bem diferentes. Estou, até, convencido que ser popular pode ser um antídoto contra o populismo.

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