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Olha-me este, agora! Também quer fazer um "statement", ou não sei quê...
Lembrei-me, agora, que os cabeleireiros vão fechar. Se calhar, devia ter pensado nisso mais cedo.
Filho: Pai, quando chegarmos a casa posso ser eu a pôr um disco?
Pai: Podes, claro.
Filho: É que estou com saudades de ouvir aquele senhor baixinho, sabes?
Pai: Eu também tenho. Há imenso tempo que não ouvimos Camané.
Filho: Não é esse. É aquele que canta com o outro senhor alto.
Pai: Às vezes, o Camané canta com o Carlos do Carmo.
Filho: Não, é aquele em que o mais pequeno quer cantar e o mais alto não deixa.
Chegámos a casa. Fomos ouvir o Paul Simon e imitar o vídeo. Para já, sou eu que imito o senhor alto. Mas cantamos os dois. E dançamos, cada vez melhor.
Grace Jones: 35 anos de "Slave to the Rhythm", com um português a assegurar o ritmo. Foi em 1985, que o produtor Trevor Horn realizou um disco com Grace Jones, que contou com Luís Jardim, no baixo e nas percussões. Em 2004, juntaram-se, na Wembley Arena, em Londres, para celebrarem os 25 anos de carreira de Trevor e contribuírem para a "Prince's Trust" - a instituição do príncipe Carlos, que ajuda os jovens carenciados do Reino Unido. "Ladies and gentlemen, Miss Grace Jones - Slave to the Rhythm".
Acho que estou, novamente, numa fase negra. Mas, não se preocupem: estou a adorar.
"Haverá um tempo para maquilhagem, cabelos e compras?", pergunta-se na canção dos Passengers (U2, Brian Eno, Luciano Pavarotti). A Canção "Miss Sarajevo" foi escrita numa altura em que Sarajevo estava a ferro e fogo, estilhaçada pelo ódio e pelo ressentimento. Sob uma chuva de balas e bombas, realizou-se, em Sarajevo, um concurso de misses. Foi este o ponto de partida para a canção. Um absurdo? Talvez. Na altura, lembrei-me dos filmes da Segunda Guerra, em que as senhoras picavam os dedos para fazerem sangue, que depois usavam como "blush", para dar cor ao rosto; ou pintavam um risco nas pernas para simular "collants". Frivolidade? Talvez. Mas, sobretudo, sobrevivência. Uma boa aparência poderia dar acesso a melhor trabalho, melhor alimentação, a melhor alojamento ou, apenas, a permanecer vivo.
Hoje, em tempo de pandemia, haverá modelos a desfilar na ModaLisboa. Vai-se espalhar beleza, porque é preciso: sobreviver, claro; mas, sobretudo, viver. E agora, com a vossa licença, vou retocar o "eyeliner".
Olá malta "hipster", "trendy" e coiso e tal. Não se iludam: essas camisas de bimbo - com palmeiras, folhas e frutas de todas as cores - que andam a usar, não são "fashion". São mesmo de bimbo. Têm todo o direito a brincar aos telediscos dos Modern Talking e do José Malhoa. Admito, até, que possa ser divertido. Mas é só isso. Não é "cool". E agora, devolvam lá as camisas aos vossos tios e vamos fingir que isto não aconteceu.
Com este calor de ananases, apeteceu-me ouvir "40 graus à sombra", dos Radar Kadafi. A banda teve um sucesso efémero, nos idos de 80 - quando a pop portuguesa vestia-se com um gosto cosmopolita; num país que pouco saía de casa, mas que estava desejoso de o fazer. Nessa altura, a música era, também, uma forma de viajar. De resto, ainda é. Por curiosidade, o baterista não teve grande carreira na música, mas tem uma carreira respeitável na arquitetura: é Francisco Aires Mateus. Mais de 30 anos depois, "40 graus à sombra" está fresca que nem uma alface.
Um facto, talvez, menos conhecido de Morricone. Apesar da ligação intensa ao mundo do cinema, a música de Ennio Morricone não se limitou a ele. Por exemplo, em 1987, Morricone trabalhou com um grupo de música pop: os Pet Shop Boys. A canção foi incluída no segundo disco da dupla e teve o arranjo de Angelo Badalamenti (o criador das paisagens sonoras de David Lynch). E, depois, esta canção deu nome ao filme "It couldn't happen here". É como se não fosse possível afastar Morricone do cinema.