Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Thai Chi

por Miguel Bastos, em 14.11.25

laurie.jpg 

Foi o encore mais original de sempre. Laurie Anderson entra em palco, para uma citação budista e uma aula de Tai Chi. Lou Reed, lembra Laurie, era um fervoroso praticante daquela arte marcial. De tal forma que, na China, era mais conhecido como praticante de Tai Chi, do que como músico. A plateia sorriu, antes de acompanhar a aula de Tai Chi, de Laurie. Aos 78 anos, a artista realizou movimentos elegantes e precisos, no palco; com o público (atabalhoado) a tentar seguir os movimentos, na plateia - chocando mãos, braços e ombros.

Laurie já tinha evocado Lou, passou por "Big Science" e, até, cantou "Beautiful Red Dress": uma canção tão pop, tão pop, que, na altura, colocou a artista - geralmente acompanhada de etiquetas a dizer "avantgarde", "pós-coiso", e "ciber-cena" - a dançar na MTV. E, agora, a dançar, também, no Rivoli. Não se pense, contudo, que foi uma viagem nostálgica ao passado futurista. Laurie tem um olhar no presente - atento, empático, acutilante. Fala do avó sueco, para abordar o tema dos migrantes e dos refugiados. Fala de Nova Iorque, para dizer que as cidades são um posto avançado no combate ao nacionalismo. Fala de Trump, para falar de Mamdani. Fala do mestre budista, para dizer que é preciso estar atento ao mundo e lutar - com consciência - mas sem entrar em depressão. Isto, numa noite em que depressão Cláudia insistiu em descarregar água sobre os manifestantes. Mas estes seguiram estrada fora, serenos, depois de uma aula de Thai Chi.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Laurie Anderson

por Miguel Bastos, em 12.11.25

laura.png 

Quando Laurie Anderson conheceu Lou Reed, estranhou que ele não tivesse pronúncia britânica. "Porque é que haveria de ter?", terá perguntado Lou. Laurie estava convencida que os Velvet Underground eram britânicos e ficou surpreendida ao saber que Lou Reed era de Nova Iorque, que vivia em Nova Iorque, e que os dois eram quase vizinhos.
 
Como se costuma dizer (em Portugal, não sei como é que é lá, em Nova Iorque!), "palavra puxa palavra e casaram". E foram felizes para sempre. Pelo menos, até Lou ter morrido. Laurie está em Portugal: hoje e amanhã, no Porto.
 

Os dois juntos, aqui: https://www.youtube.com/watch?v=t3SYR-ENPMM

Autoria e outros dados (tags, etc)

Um jovem de 80 anos

por Miguel Bastos, em 11.11.25

neil young.jpg 

Neil Young faz 80 anos e eu regresso aos anos 80. Enfeitiçado, ainda, pelo álbum "Harvest", arrisquei trazer "Rust Never Sleeps" para casa. Ouvi o lado A: lá estava o trovador folk, a voz cristalina, a guitarra acústica, a harmónica. O tom intimista continuava no lado b, mas, agora, com guitarra elétrica, baixo e bateria. Na segunda música, levantei o braço do gira-discos para soprar o lixo na agulha; na terceira, a minha irmã saiu do quarto a gritar "tira essa porcaria dos Ramones"; na quarta não tive duvidas - o disco estava sujo ou estragado. Não estava. O Neil Young é que tinha um som sujo, distorcido, que não lhe imaginara. Ainda, hoje, não é o Neil Young que eu mais gosto. Mas o certo é que, quando o Pedro veio com os Jesus and The Mary Chain debaixo do braço a dizer "aposto que nunca ouviste este tipo de guitarras, cheias de distorção", eu pude responder - com aquela arrogância que os adolescentes adoram exibir - "o Neil Young já faz isso, há montes de anos" e emprestei-lhe o "Rust Never Sleeps".
 
Ao longo da semana, na Antena 1, o João Gobern vai evocar a carreira de Neil Young. Começa, precisamente, nos anos 80 - com folk, rock, rockabilly, eletrónica, country - para alertar que Neil Young não é, apenas, um cantor folk. É um artista de variedades. Continua Young, apesar dos 80. 
 
Para ouvir, aqui:

Autoria e outros dados (tags, etc)

Once upon a time

por Miguel Bastos, em 24.10.25

IMG_2751.jpeg 
A dada altura, chamaram aos Depeche Mode “a maior banda alternativa de estádio”. Bem apanhado. Antes deles, só me lembro dos U2 e dos Simple Minds. Mas, os U2 cresceram de tal forma, que se tornou difícil pensá-los como “alternativos”. Já os Simple Minds foram muito grandes, mas durante muito pouco tempo.
Há 40 anos, estavam no topo do mundo, com um disco “blockbuster”, que tinha tantos sucessos, que mais parecia um “best of”. Era uma vez…

Autoria e outros dados (tags, etc)

Pais e filhos

por Miguel Bastos, em 17.10.25

gnr.jpg 

Jorge Romão: Já há pais a levar os filhos.
Toli César Machado: Agora é mais os filhos a levar os pais.
Rui Reininho: Eles também não têm onde os deixar... Não têm onde deixar os pais.
Os GNR: desconcertantes, antes dos concertos deste fim-de-semana.
 
Para ouvir, aqui:

https://www.rtp.pt/noticias/pais/gnr-celebram-45-anos-nos-coliseus_n1691945

Autoria e outros dados (tags, etc)

Cantar Supertramp

por Miguel Bastos, em 09.09.25

 

Deviam ter-me ouvido a cantar Supertramp. Toda a gente dizia que eu era um espetáculo. Os meus irmãos adoravam o meu “swing” e os meus agudos. Sim, a minha especialidade era imitar o que cantava fininho. Nem precisava de fazer falsete. Bastava-me ter seis, sete, oito anos. Também não era preciso saber a letra. Pelo menos, não foi - até os meus irmãos começarem a aprender inglês. Nessa altura, tudo mudou. Passaram a gozar com a língua que eu inventei para o “Logical Song” e o “Breakfast in America”. A minha carreira acabou por ignorância. Ignorância deles, claro, longe que estavam da poesia fonética, da poesia concreta, do esperanto. Coitados!
Continuo a ouvir Supertramp, mas, agora, sou um não praticante. O meu inglês melhorou um bocadinho, é certo, mas sinto-me incapaz de imitar o tipo que cantava fininho. O outro, talvez dê: o da voz grossa, o que morreu. Rick Davies tinha 81 anos. Eu gostava de ter 8 e de cantar com ele. Saio, de fininho.
 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Algoritmo

por Miguel Bastos, em 04.07.25

 

Esta semana, por causa dos 80 anos de Debbie Harry, andei a ouvir os Blondie no computador. E a ter problemas com o algoritmo. Eu a pedir "Bota aí o 'Heart of Glass', 'fachabôr'!". E ele "Com certeza". Mas, logo a seguir, "Tomei a liberdade de lhe sugerir a 'Serenata para cordas', de Dvořák". E eu "Pois, mas não quero. Quero o 'Call me', ok?". E ele "A sua solicitação foi atendida. Agora, sugiro a suíte 'Os Planetas', de Holst". E eu “Mas pensas que estás na Gulbenkian, ou quê? Tens aí o 'Atomic'?". E ele "Tenho". E, depois, "Também tenho 'O Barbeiro de Sevilha', de Rossini". E eu, "Ai, o caraças...".
Portanto, cuidado, meus amigos. O algoritmo tem a mania que é esperto. Ou, então, tem a mania que somos espertos. O que, ainda, é pior.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Blondie

por Miguel Bastos, em 01.07.25

blondie.jpg 

Debbie Harry faz 80 anos... e eu regressei aos anos 80.


007, ABBA, Agua Brava, Água Viva, Airfix, Alsa, Barra, Bee Gees, Berros e Bocas, Bien-être, Blondie, Bravo, Boca Doce, Bombocas, Brut, Caminho das Estrelas, Capri-Sonne, Casal, Casio, Cassetes, Citroën GS, Crónica Feminina, Da Vinci, Dallas, Dancin Days, Desportex, Discos Pedidos, Discoteca, Doce, Duran Duran, Ennid Blyton, Fá, Festival da Canção, Fittipaldi, Flash Gordon, Flippers, Frenéticas, Ford Capri, Galactica, Gitanes, Herman José, Heróis do Mar, Homem-Aranha, Human League, Jáfu'mega, Jogos sem Fronteiras, John Player Special, Júlio Isidro, Júlio Verne, Kalkitos, Kim Wilde, Kispo, Le Coq Sportif, Lena d'Água, Lin Chung, Lois, Lucky Luke, Magos, Mako Jeans, Major Alvega, Majora, Majorette, Martini, Michel Vaillan, Molotof, Monopólio, Música e Som, Nestum, Nívea, Olá, Old Spice, Orbita, Ópera Nova, Parodiantes de Lisboa, Passeio dos Alegres, Police, Rádio Comercial, Raposeira, Raul Solnado, Regina, Riamar, Ricard, Rock em Stock, Rui Veloso, Sandokan, Sanjo, SG Filtro, Sheena Easton, SIS Sachs, Ski, Snack-bar, Spandau Ballet, Super-homem, Tahiti Douche, Táxi, Telefone, Tintin, Trinaranjus, UHF, UMM, Verão Azul, Vivá Música, Viva o Gordo, Windsurf, Yoplait.

https://www.rtp.pt/play/p15189/e861045/debbie-harry

Autoria e outros dados (tags, etc)

15 anos depois

por Miguel Bastos, em 04.06.25

CURA.jpg 

Passaram mais de 15 anos, desde o último disco, e quase 35, desde "Desintegration" - o último disco relevante dos The Cure. Depois de várias aventuras sonoras (umas mais bem sucedidas do que outras), o álbum "Desintegration" foi encarado, na altura, como um regresso à sonoridade de Faith (1981) e Pornography (1982) - com músicos mais competentes, em termos técnicos, e arranjos mais sofisticados. Por sua vez, o novo disco dos The Cure ("Songs of a Lost World ") tem sido comparado a "Desintegration". Desta vez, porém, a maior diferença está no quase alheamento da estrutura tradicional da canção pop. Neste disco, não há canções que se aproximem de "Lullaby", "Pictures Of You" ou "Lovesong". Em compensação, os temas são muito bem cuidados, em termos instrumentais, podem estender-se para lá dos 10 minutos e parecem condensar o melhor dos The Cure, ao longo dos anos, e dos grupos ao seu redor. As letras sobre perda e abandono remetem para os Joy Division; a tensão e raiva, para Siouxie and The Banshees; a sonoridade melancólica para os Cocteau Twins ou Durutti Column. "This is the end", canta Robert Smith no início do disco - que termina com "It's all gone" (...) "Left alone with nothing". Sim, “tudo isto é triste", "tudo isto existe" e, até, parece fado. Bem bonito, este "Songs of a Lost World".


Vá lá, meninos, ponham-se aí… um chorozinho para a fotografia. Já está, obrigado.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Queres? Toma!

por Miguel Bastos, em 27.05.25

lena.jpg 

"Desalmadamente", foi o disco que trouxe de volta Lena d'Água. O disco é maravilhoso e a história é encantadora. Vou resumir. Lena nasceu cantora, num país de bigodes e camisas de flanela. Era jovem, linda e fresca e teve um sucesso arrebatador, nos anos 80. Nos anos 90, o sucesso começou a desvanecer-se, até que Lena quase desapareceu. Nos últimos anos, foi sendo - aqui e ali - (re)descoberta por uma geração de músicos mais jovens. Até que um compositor (Pedro Silva Martins, da Deolinda - admirador de Lena, desde criança) resolveu escrever-lhe um disco inteiro. O disco foi bem acolhido, mas não foi um fenómeno - como os Humanos ou o Buena Vista Social Club. A pandemia terá desajudado.

Cá em casa, gostámos tanto de "Desalmadamente" que, quando chegou o Natal, comprámos dois exemplares do sucessor - o igualmente maravilhoso "Tropical Glaciar". Tem boas canções (música e letra), bons arranjos e bons músicos (gente da Deolinda, do Godinho, dos Ornatos, dos Clã). A voz de Lena teima em não envelhecer e está tão à vontade nos temas mais introspectivos ("O que fomos e o que somos" ou "Metaversão") como nas canções mais enérgicas ("Carne Vegan" e "Pop Toma"). Numa evocação de Bordallo, Lena atira "Queres pop, toma". Quero, tomo e pago já. Que, isto, nunca fiando.

Para ouvir, aqui:

https://youtu.be/K4J7NiGMb9w?si=xFj2_CPiE_4ZbjSu

Autoria e outros dados (tags, etc)


Mais sobre mim

foto do autor


Calendário

Novembro 2025

D S T Q Q S S
1
2345678
9101112131415
16171819202122
23242526272829
30

Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D