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Em 2016, Donald Trump pagou 645 euros de impostos, revela o New York Times. Nessa altura, Trump era, apenas, um empresário de sucesso. 645 euros. Um ordenado mínimo nacional, em Portugal. Não admira que, com as dificuldades, se tenha candidatado a presidente. Isto só lá vai, quando se valorizar o trabalho e os trabalhadores.
O referendo, diz-nos a Infopédia, é o "instrumento democrático pelo qual os cidadãos eleitores são chamados a pronunciar-se (...) sobre uma ou mais questões de relevante interesse nacional". O "instrumento democrático" deveria permitir dizer "sim", ou dizer "não". A prática demonstra, no entanto, que o referendo tem sido usado como arma de arremesso do "não". Quando alguém está contra pede um referendo. O que me leva a outra definição: "não fazer nada; atrasar; não resolver; demorar; empatar". É a definição de "'Encanar a perna à rã". Encontrei-a no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
Falou-se muito dos elevados níveis de abstenção nas Europeias. Não aceito o argumento de que a culpa é (só) dos políticos. Claro que têm culpa. Uma culpa que é proporcional às suas responsabilidades. E, sim, muitas vezes não estão à altura das responsabilidades. Só que nós, os cidadãos que prescindem da cidadania, também não. Somos os que não vão à reunião de condomínio, porque é chato. E, depois, queremos ter aceso à ata, criticar a discussão, contestar as decisões. Além disso, temos os pagamentos atrasados. Mas a culpa não é nossa, o condomínio é que não responde às nossas necessidades.
A abstenção aumentou (uma vez mais) em Portugal. E aumentou, precisamente, numa altura em que os níveis de abstenção baixaram na Europa. Li várias explicações. Tenho uma, entre várias. Os níveis de abtenção baixaram na Europa, por causa do avanço da extrema direita. Como esse problema (ainda) não se coloca em Portugal, não votamos. Porque não é preciso. Tal como não é preciso ir às reuniões de condomínio. Pelo menos, enquanto não chover cá em casa.
É claro que, no futuro, corrermos o risco de batermos à porta do condomínio com a casa já inundada, ou em chamas. Podemos, até, já não ter casa. Eu sei que é chato, mas evitar as reuniões no hall de entrada, não é uma boa saída. Para ninguém.
Gostei tanto desta entrevista de Marco António Costa, no i, que estou desejosos por chegar a casa. Quero reler algumas passagens do livro "Os Predadores", do Vítor Matos. Também fala de estratégias...
Deus (também) é omnipresente. Felizmente, sem problemas com o registo de presenças.
Angola. Podíamos falar da diplomacia e da economia. Da justiça e da política. Da banca e da dívida. Do petróleo e dos diamantes. Da democracia e da liberdade. Da cooperação, do poder, da construção, dos media, da emigração, das telecomunicações, da energia.
Podíamos. Mas não podemos. Demasiado ocupados que estamos com as calças de ganga de Costa.
Parece que, em Espanha, há políticos que estão a ter problemas com as suas habilitações literárias. Algo que, dificilmente, poderia ter acontecido em Portugal. Somos um país de gente pobre, mas honrada. E de Espanha nem bom vento... nem bom doutoramento.
15% dos professores nunca deviam ter entrado no sistema de ensino. 25% são excepcionais. 60% são bons/razoáveis. Quem fala assim não é Gago. Esse já faleceu. Quem fala assim é Justino. O ex-ministro da educação - nos duros tempos de Durão - diz, ainda, que é preciso tratar melhor os professores. Pois...
“Portugal vive de costas para o mar”, dizia o orador. “Basta andar meia dúzia de quilómetros, para o interior, e vemos os portugueses agachados, a cavar a terra”. Aquilo estava-me a irritar. “Aliás, nem é preciso tanto. Os próprios pescadores têm que cavar umas batatinhas e umas couves no quintal, para compensar a falta de rendimento”. A sério, senhor orador? E o que me diz, por exemplo dos nosso valentes do bacalhau? “São excepções”, respondeu o antropólogo encartado. Teria razão?
António sorria. Revejo imagens suas, nos jornais e nas televisões, e está quase sempre a sorrir. Ele, que era um homem de batalhas. Ele, que era um homem de princípios. Talvez, porque defendesse convicções. Talvez, porque não confundisse adversários com inimigos. A sabedoria da idade, poderia ser uma ajuda. Mas, nas fotografias mais antigas, também o encontramos a sorrir. Coisa rara na política.
António sorria. Mesmo quando alertava para as ameaças à democracia; para os perigos da austeridade; para os ataques ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). Ele, que criou o SNS, em tempos de austeridade, a sorrir. No país do “muito riso, pouco siso”, o sorriso de António era uma benção.
António sorria. Não lhe faltava siso, nem conhecimento, nem experiência, nem trabalho. Trabalhou, de resto, até ao fim da vida. Este ano, editou o livro “Salvar o SNS”, com João Semedo, do Bloco de Esquerda, (outro lutador). Deixou, ainda, uma proposta para renovar o SNS que vai ser discutida e votada no parlamento. E tudo isto, a sorrir.