por Miguel Bastos, em 29.08.23
"It's The Who, man!", escreve Phil Collins, a dada altura. Se eles o tivessem convidado para abandonar os Genesis, para se tornar o baterista da banda, ele tê-lo-ia feito. Nessa altura, Phil Collins estava quase no auge da popularidade, com os Genesis quase a conquistar o mundo e Phil quase a arrancar com a sua carreira a solo.
Em "Not dead yet", o comportamento de Phil Collins alterna entre a estrela consagrada e o fã dedicado. Viaja de limousine e de jato privado, anda de iate, priva com as celebridades, presta vassalagem à família real britânica, mas, ao mesmo tempo, admite que deixaria tudo, para substituir Keith Moon, nos The Who, e deixa a entender que faria o mesmo, para substituir John Bonham, nos Led Zeppelin. Phil vive anos e anos atormentado por não ter aparecido no disco de estreia de George Harrison, apesar de ter colaborado nas gravações. E adora tocar com Eric Clapton, um herói da sua juventude, que, entretanto, se tinha transformado em vizinho de casa e de bar.
Phil foi uma das maiores estrelas do mundo, usufruiu dos benefícios de ser uma das maiores estrelas do mundo, mas, mesmo assim, procurou sempre o reconhecimento dos seus pares: fossem eles Eric Clapton ou Robert Plant. E lamenta nunca ter tido o reconhecimento que a imprensa deu, por exemplo, ao seu amigo Peter Gabriel - a quem dirige sempre palavras amáveis.
"Not dead yet" ajuda-nos a perceber que Phil teve uma vida musical antes dos Genesis, e a perceber melhor as opções musicais que foi tomando, durante e depois dos Genesis.