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Versalhes. Acho ridículo terem posto o nome de uma pastelaria a uma cidadezinha nos arredores de Paris. Enfim, só mesmo os franceses. Ah, já agora, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a recandidatura a Belém.
Um tango argentino, de Piazzolla; na voz de uma jamaicana, modelo em Paris e cantora em Nova Iorque. Diz que são precisos dois, para dançar Libertango.
We'll Always Have Paris. Entre o Casablanca e a Casa Branca há mais do que a troca de uma consoante.
Atordoado pelos acontecimentos em Nice, resolvi publicar de novo um texto que escrevi em Novembro. Chama-se "Terroristas vencem sempre". Aqui vai ele. Acho que está actual. Infelizmente.
"O problema com o terrorismo, é que os terroristas vencem sempre. Vencem, quando falo do assunto. Venceriam, se o ignorasse. Vencem quando matam. Mas, também, quando falham. Matar (ou tentar matar) uma pessoa (uma só) - no sítio certo, à hora certa - é motivo para colocarem os media, do mundo inteiro, a falar sobre o assunto. Com imagens contínuas, em “slow motion” ou “fast foward”. Com notícias e reportagens em direto. Com comentários de especialistas. Com fóruns de ouvintes e espectadores. Com capas de jornais e revistas. Com o tráfego da solidariedade e indignação online. Os terroristas vencem sempre.
Vencem com o crescimento da extrema direita e da intolerância. Vencem com os discursos “compreensivos”, que evocam o passado colonialista do ocidente ou a falta de políticas de integração. Vencem com as acções militares contra o inimigo. Vencem com o medo, com a raiva, com a violência.
Costuma-se dizer, por graça, que o futebol são 11 contra 11 e no final ganha a Alemanha. Com o terrorismo é a mesma coisa. Só que, neste caso, não tem graça nenhuma."
Para que não restem dúvidas: este título foi retirado de uma canção pop dos anos 80, de gosto duvidoso. A canção era uma referência a Amadeus Mozart, transformado em estrela pop, pelo filme de Miloš Forman. Gostava que um músico pop português fizesse algo parecido com o nosso Amadeo. E, se possível, que a música fosse boa.
Amadeo (como Amadeus, em tempos) é um génio a precisar de reconhecimento internacional. Nasceu em Amarante; viveu em Paris; conviveu com os maiores pintores da altura; teve uma carreira de cerca de 6 anos; morreu com 30 anos. E, no entanto, deixou uma obra importantíssima. Profundamente portuguesa, a sua obra está “sintonizada” com as vanguardas do seu tempo. Foi contemporâneo de Picasso e Kandinsky, companheiro de Modigliani e do casal Delaunay. Mas, fora de Portugal, permanece desconhecido.
É, por isso, que a exposição de Amadeo de Souza-Cardoso, no Grand Palais, em Paris, é tão importante. Amadeo chegou a expor naquele espaço, que há pouco tempo recebeu a obra de Picasso, e que recebe visitantes do mundo inteiro. Já disseram que Amadeo é o segredo mais bem guardado do mundo. Está na hora de deixar de ser. Os segredos, ensinou-me a minha mãe, dizem-se alto. Rock me Amadeo.
“A vida sem viver é mais segura”, cantava, a partir de Paris, José Mário Branco. A canção chama-se “Perfilados do medo” (poema de Alexandre O’Neil). Foi registada, em 1971, num disco chamado “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Mudaram-se os tempo, é certo, mas o medo ficou. Ou, pelo menos, vai e volta. Paris tem medo. Bruxelas tem medo. Berlim, Londres e Madrid também têm medo. Toda a Europa tem medo.
Por isso, escrevi, aqui, que os terroristas vencem sempre. Não precisam de disparar. Basta meterem medo. Ouvi, esta manhã, na Antena 1 a descrição de Bruxelas, uma cidade paralisada. E ouvi soluções mágicas de ouvintes. Com voz de homem e atitude de macho, ditaram: é preciso bombardear o Estado Islâmico, na Síria. Pode ser uma acção necessária. Mas, não percebo como é que isso impede os terroristas de atacar Paris ou Bruxelas. É que os terroristas estão cá. Muitos deles, são de cá. Portanto, o assunto, não se resolve “lá”. Nem se resolve, passando de “Rebanho pelo medo perseguido” a fera que ataca sem sentido.
O problema com o terrorismo, é que os terroristas vencem sempre. Vencem, quando falo do assunto. Venceriam, se o ignorasse. Vencem quando matam. Mas, também, quando falham. Matar (ou tentar matar) uma pessoa (uma só) - no sítio certo, à hora certa - é motivo para colocarem os media, do mundo inteiro, a falar sobre o assunto. Com imagens contínuas, em “slow motion” ou “fast foward”. Com notícias e reportagens em direto. Com comentários de especialistas. Com fóruns de ouvintes e espectadores. Com capas de jornais e revistas. Com o tráfego da solidariedade e indignação online. Os terroristas vencem sempre.
Vencem com o crescimento da extrema direita e da intolerância. Vencem com os discursos “compreensivos”, que evocam o passado colonialista do ocidente ou a falta de políticas de integração. Vencem com as acções militares contra o inimigo. Vencem com o medo, com a raiva, com a violência.
Costuma-se dizer, por graça, que o futebol são 11 contra 11 e no final ganha a Alemanha. Com o terrorismo é a mesma coisa. Só que, neste caso, não tem graça nenhuma.