Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Paulo Ferreira desvenda, no Sapo, a eterna questão do ovo e da galinha. A propósito dos baixos salários, pergunta: em Portugal, a produtividade é baixa, por causa dos baixos salários, ou o contrário? Para Paulo Ferreira não há dúvidas: os salários são baixos porque a produtividade é baixa. Mas, então, porque é que temos tantos gestores pagos acima da média europeia? Aqui, as galinhas já não explicam.
E, para falar de produtividade, dá o eterno exemplo da Irlanda. Não tenho a certeza que a Irlanda seja um bom exemplo para nós. Grande parte da sua economia vive da ligação aos Estados Unidos, através das suas comunidades e da ligação linguística, e das grandes empresas multinacionais, que se instalam na Irlanda devido à sua fiscalidade competitiva. Sabemos bem o que isso significa: temos fiscalidade competitiva no Luxemburgo, ou no Panamá.
Mas, claro, podemos aprender algumas coisas. Os irlandeses fizeram menos estradas, por exemplo. Aqui estaremos de acordo. Primeiro, devíamos ter aumentado a produtividade e só depois criado as estradas, para escoar os nosso produtos. Como fizemos as estradas primeiro, produzimos o mesmo, moramos no mesmo sítio, mas vamos à terra com mais rapidez. Sobretudo, os que fazem da baixa produtividade, a galinha dos ovos de ouro.
Gostava de falar do caso dos documentos do Panamá. É um problema dos ricos, que são tão ricos, que não sabem o que fazer com o dinheiro. Não sabem onde o gastar. Nem como o gastar. É um problema grave que, a maioria de nós (felizmente!), não vai ter que enfrentar.
No dia a seguir ao escândalo ter rebentado, Rui Tavares perguntava no Público: “O que é que têm em comum Vladimir Putin e Petro Poroshenko?” e a resposta era “guardam o dinheiro no mesmo sítio”. Que é como quem diz, são adversários, mas não são parvos. São inimigos, mas não são parvos. São ricos, mas não são parvos.
Dinheiro é dinheiro. Pode ser ganho de forma legal ou ilegal; de forma legítima ou ilegítima; à custa de si próprio ou à custa dos outros; cometendo crimes ou sem cometer crimes; ou, mesmo, para cometer crimes. Podem ser democratas ou ditadores; de esquerda ou de direita; artistas ou estrelas do deporto; empresas ou empresários; polícias ou ladrões. É indiferente. O dinheiro, quando é muito, quando é mesmo muito, acaba no mesmo sítio.