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- Ai, ai, ai!
- O que foi, filho? A rebolar no chão?!
- Ahhh...
- Dói assim tanto?
- Dói. O mano bateu-me no ombro.
- Mas estás a agarrar o joelho!
- Eu sei, pai.
- Isso não faz sentido.
- Faz, sim, pai.
- Não percebo.
- Eu sou jogador de futebol, pai. Estou a praticar.
- Vamos acordar, filho?
- Estou acordado, pai.
- Então, porque é que não desligas o despertador?
- Estava a ver se ele desistia.
- Parece-me que não vais ter sorte.
- Pois, parece que não. Ainda dizes que eu é que sou teimoso!
- Mas, vamos todos morrer, pai?
- Vamos, filho.
- Mas isso não é justo
- Pois não, mas são as regras do jogo.
- E não dá para mudar?
- Não. Mas temos um plano.
- Qual é?
- Mais cedo ou mais tarde, vamos todos morrer, não é? Portanto, o plano é... mais tarde.
- É, esse, o plano?
- É. Eu sei que não parece grande coisa, mas é o que temos. Tentar ter uma vida boa, com os que mais amamos: ter cuidado com a saúde, comer poucos doces, fazer ginástica, ir à escola, ser um bom menino, fazer amigos, amar a família... é por aí.
- Ah... mesmo assim, estou triste.
- E deves estar, filho. Ficamos tristes, quando nos morre alguém tão especial.
- E já não volta?
- Não. Mas não te esqueças do plano. Já que, mais cedo ou mais tarde, vamos todos morrer, vamos fazer tudo para que seja... mais tarde.
O mais velho anda todo contente, porque é mais alto do que a mãe. Eu também, mas não ando por aí a gabar-me. Enfim...
O mais velho anda todo contente, porque é mais alto do que a mãe. Eu também, mas não ando por aí a gabar-me. Enfim...