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Portugal está a jogar com a Arménia. Custa-me dizer isto: Arménia. Sem mais nada, sem um “dona” antes.
Arménia não é nome de seleção. É nome de tia da França.
Foi o encore mais original de sempre. Laurie Anderson entra em palco, para uma citação budista e uma aula de Tai Chi. Lou Reed, lembra Laurie, era um fervoroso praticante daquela arte marcial. De tal forma que, na China, era mais conhecido como praticante de Tai Chi, do que como músico. A plateia sorriu, antes de acompanhar a aula de Tai Chi, de Laurie. Aos 78 anos, a artista realizou movimentos elegantes e precisos, no palco; com o público (atabalhoado) a tentar seguir os movimentos, na plateia - chocando mãos, braços e ombros.
Laurie já tinha evocado Lou, passou por "Big Science" e, até, cantou "Beautiful Red Dress": uma canção tão pop, tão pop, que, na altura, colocou a artista - geralmente acompanhada de etiquetas a dizer "avantgarde", "pós-coiso", e "ciber-cena" - a dançar na MTV. E, agora, a dançar, também, no Rivoli. Não se pense, contudo, que foi uma viagem nostálgica ao passado futurista. Laurie tem um olhar no presente - atento, empático, acutilante. Fala do avó sueco, para abordar o tema dos migrantes e dos refugiados. Fala de Nova Iorque, para dizer que as cidades são um posto avançado no combate ao nacionalismo. Fala de Trump, para falar de Mamdani. Fala do mestre budista, para dizer que é preciso estar atento ao mundo e lutar - com consciência - mas sem entrar em depressão. Isto, numa noite em que depressão Cláudia insistiu em descarregar água sobre os manifestantes. Mas estes seguiram estrada fora, serenos, depois de uma aula de Thai Chi.

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/o-coliseu-e-nosso-protesto-do-porto-faz-30-anos_n1694832
Esta manhã, a rádio alertou-me para a chuva. Abri a pestana e olhei para o telemóvel: só chove depois das 10. Abri a persiana e pareceu-me ver chuva. De resto, não fui o único. Vi pessoas, na rua, a passar de guarda-chuva. Saí para rua, antes das 10. Pareceu-me, mesmo, que estava a chover. Mas, resisti. Eu não sou pessoa para me deixar enganar por perceções.

https://www.rtp.pt/noticias/autarquicas-2025/postal-da-terra-aveiro-desencontro-de-irmaos_a1686965
O charmoso (e não, desta vez não falamos de Carlos do Carmo) fez anos e o João Gobern resolveu fazer-lhe uma festa, na Antena 1.
80 anos de Bryan Ferry. Para ouvir, aqui:
As pessoas adoram chegar a uma cidade e conhecer as tradições locais. Em Aveiro, por exemplo, existe uma tradição muito, muito antiga, que consiste em colocar uma fita colorida de nylon, nas pontes da cidade. (Há lá coisa mais única e tradicional do que o nylon). É uma tradição que eu julgava secular, mas que, afinal, é milenar, já que nasceu neste milénio. Ah, a tradição...
Não sou fã dos Beatles. Nunca fui. Ouvi-os, pela primeira vez, numa cassete do meu irmão. Gostei, mas não adorei. Na verdade, gostava mais dos Bee Gees: eram mais modernos, com os seus falsetes e ritmos "disco". Depois, encantei-me pelo mundo mágico dos Genesis: com canções que se estendiam por vários minutos, repletas de solos de teclados, guitarras e bateria, e as histórias malucas do Peter Gabriel. Isto foi antes de descobrir a revolução "punk", que trouxe uma série de músicos que defendiam um regresso do rock à simplicidade original. Nem todos queriam ser atletas olímpicos e tocar "mais rápido, mais alto, mais forte". Apaixonei-me, então, pelos Smiths que, curiosamente, me lembravam os Beatles. Surpreendi-me, quando soube que um dos guitarristas preferidos de Johnny Marr era o George Harrison. Mais tarde, fiquei a saber que os Bee Gees formaram uma banda, porque eram fãs dos Beatles - tal como os Genesis, ou muita gente do "glam", do "punk", do metal ou do gótico, e muitos músicos da clássica ou do jazz.
Percebi, então, que, independentemente de ser ou não fã, é difícil escapar aos Beatles. Olha o Bowie a cantar o "Across the Universe" e a Siouxie a reinventar o "Dear Prudence". Olha os U2 a cantarem o "Helter Skelter", o tema que "Charles Manson roubou aos Beatles" e que inspirou o "heavy metal". E o Sinatra, que pegou em "Yesterday" - a canção que McCartney escreveu no banco de trás do carro, a caminho do Algarve - e vestiu-a de "smoking". Ele que descreveu "Something" como uma das melhores canções de amor do século, sem usar a palavra "amor". E que a cantou, maravilhosamente - tal como Shirley Bassey ou Sarah Vaughan, que a gravou, num dueto com Marcos Valle (com Marcos a cantar em português). Sarah tem um disco, inteiramente, dedicado às canções dos Beatles. É tão bom que, quando comprei um para mim, comprei outro para o meu irmão. Tem 13 canções, todas boas, muito boas. E faltam tantas, tantas canções dos Beatles, que variam na classificação entre "muito boa" e "obra-prima". E eu a insistir que não sou fã dos Beatles... já nem sei porquê.
A canção "Something", cantada por Sarah Vaughan e Marcos Valle, pode ser ser ouvida aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=cr98BJAt60A&list=RDcr98BJAt60A&start_radio=1