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Há, por aí, um certo jornalismo que anda desassossegado. Diz este jornalismo, que o restante jornalismo e os seus comentadores só vêem para um lado. Não há, dizem os desassossegados, quem defenda líderes como Trump, Le Pen, Orbán ou Bolsonaro. Queixam-se do "mainstream", do politicamente correto, do esquerdismo dos media. Estes defensores do pluralismo consideram que para se discutir questões étnicas, tem de se arranjar um racista; para discutir questões de género, tem de haver um marialva; para discutir democracia, tem de haver um fascista. Esquecem, ou fingem esquecer, que os fascistas são contra a tolerância e o pluralismo que alegam defender.
Enquanto isso, um presidente insulta e manda retirar as credenciais a um jornalista. Não devíamos estranhar. Acabámos de ver um presidente ser eleito nas redes sociais, contra os media. E, em Portugal, políticos desassossegados chamam os jornalistas para uma declaração "sem direito a perguntas". Onde é que está, afinal, a falta de contraditório? Onde deve estar, afinal, o desassossego?