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"Para o alemão ou o inglês medianamente educado", diz Vasco Pulido Valente, no Observador, "Portugal (fora Ronaldo e o turismo) é um vácuo". Ora, eu como não sou inglês, nem alemão, nem (sequer) medianamente educado (ao contrário de Vasco) gosto de encontrar coisas portuguesas, no meio do vácuo. Por exemplo: há uns tempos, encontrei um teatro em França de que gostei muito. Fazia-me lembrar arquitetura portuguesa. E era: o Théâtre Auditorium de Poitiers (que, curiosamente, é conhecido pela sigla "TAP") é uma obra de Carrilho da Graça.
Sim, temos arquitetura de nível mundial. Mas os franceses, (lá está!) não são "alemães ou o ingleses medianamente educados". E temos dois Pritzker, conhecidos como o Nobel de Arquitetura, mas o prémio é americano. E, também, temos prémios Nobel, propriamente ditos, mas são suecos. Uma amiga minha chama-se Amália, mas é romena. E a Carminho foi convidada para cantar Jobim, que é brasileiro.
No meio disto tudo, o reconhecimento (inglês) de Paula Rêgo, só pode ter sido engano. E o reconhecimento (alemão) de Siza, também. Ou, então, o "alemão ou o inglês medianamente educado" não querem é saber de Vácuo. Fazem bem.
“Já nas bancas”, anuncia um papel à porta da papelaria. Tinha “Observador” escrito no cabeçalho, com lettering e logotipo a condizer. Pensei que fosse publicidade. Um encarte do jornal numa outra publicação. Mas não, vi, depois, que era mesmo o Observador, a assinalar “O melhor dos nosso dois anos”. “Porque é que um jornal digital, publica uma edição em papel?”, perguntei-me, enquanto pegava (e pagava) o jornal.
O Observador é diferente dos outros jornais, porque já nasceu digital, assinala o diretor, Miguel Pinheiro, no seu editorial impresso. Confirma João Miguel Tavares (JMT), coordenador da edição impressa, que escreveu sobre a publicação, em papel, na edição digital. Um paradoxo? Talvez.
Para que fique claro: jornalismo é jornalismo. Dizer que a internet mata o jornalismo não faz sentido. Mas, é claro que a maior parte dos jornais ainda não se encontrou um bom modelo para financiar o seu jornalismo e é claro que o formato importa. Por isso, é que existem vários media: rádio, televisão, jornais, multimedia. Eu, por exemplo, gostei muito mais de ler o artigo da Maria João Avillez (sobre Marcelo Rebelo de Sousa) em papel, do que em digital. Tenho dificuldade de ler textos longos, em ecrãs. Normalmente, passo à frente. Gostava, por exemplo, que o Observador editasse, regularmente, os seus ensaios em papel. Poderá ser outro caminho para explorar no jornalismo.
Cavaco Silva diz-se “mais aliviado” com a privatização da TAP. O alívio foi confessado, aos jornalistas, a bordo de um avião. O local foi bem escolhido…
E onde é que os novos donos vão buscar dinheiro para injectar na TAP? O JN explica: à TAP. Vendem os aviões. Faz sentido?
Pelo vistos faz. Se não há dinheiro que chegue…
Ou há? É que estes senhores, que acabam de chegar à TAP, também querem comprar a Carris e o Metro de Lisboa. Como, vendendo autocarros e carruagens?
Voltando à TAP... Tal como o governo, o Presidente da República está contente, porque “A maioria do capital é português”. Qual capital? O que vier com a venda dos aviões?
Os liberais do costume irão argumentar que o importante é que o Estado saia da empresa. O Estado português, já que (de novo no JN) a operação vai ser realizada com o apoio do Estado… brasileiro.
Tudo isto para dizer que, uma vez mais, a bota não bate com a perdigota.
Termino com dois radicais de esquerda: Marcelo, na TVI, diz que “a TAP foi praticamente dada”; e Marques Mendes, na SIC, resume: “São uns pândegos”.
Pois, estamos mais aliviados, senhor Presidente.