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Jantar de Natal

por Miguel Bastos, em 26.12.24

radio natal.jpg

- Então, foste ao jantar de natal do pessoal da rádio e da televisão?
- Fui. Porquê?
- Eu vi-te nas fotografias.
- Então, porque é que perguntaste?
- Estava-me a meter contigo.
- Ah...
- Desculpa que te diga, mas não ficas lá muito bem nas fotografias.
- No fundo, o que tu queres dizer é que eu sou muito mais bonito ao vivo.
- Tens sempre resposta!
- Nós, os feios, somos assim.
- Ah, ah! Continuação de Boas Festas!
- Igualmente, companheiro!

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Conto de Natal

por Miguel Bastos, em 23.12.24

Saio de casa, à pressa. A guardar as chaves de casa, num bolso. A procurar as chaves do carro, noutro bolso. A certificar-me se tenho tudo: telefones, carteira, mochila, garrafa de água. Cabeça já sei que não tenho. Já nem a procuro. "Desculpe, senhor..." - um homem, nos seus 50/60, de ar abandonado, esquecido - "sei que está com pressa". Adivinho o que se segue: "Por acaso, não me podia ajudar?". "Por acaso, não", respondo, "não tenho dinheiro nenhum. Entre rifas para a escola, para o futebol, para a associação disto e daquilo, não me sobrou nada". "Não faz mal", diz, "se tivesse, agradecia, mas se não tem, não faz mal". "Tudo o que tenho é uma carteira vazia, quer ver?" O homem, assustado, dá um salto para trás: "Ó senhor, não faça isso!" Pois, não se faz isto. Mas eu fiz. De repente, vejo um euro, a espreitar no porta-moedas. Fico feliz. "Afinal, ainda tenho qualquer coisa". Entrego o euro ao senhor, que me agradece e ainda fica preocupado comigo: "Mas, assim, fica sem nada". "Não se preocupe", digo-lhe, "eu tenho onde ir buscar mais". Desejo-lhe um bom Natal e ele também. Seguimos, rumo a vidas diferentes.

E aqui está o meu conto de Natal. Não é Dickens, eu sei. Mas é meu. Escrevi-o esta manhã, depois de encontrar este senhor e (pasme-se!) a cabeça.

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Santa Iria de Azóia

por Miguel Bastos, em 20.12.24

Os doces vinham de Santa Iria de Azóia. Os refrescos também. Os sabonetes vinham de Santa Iria de Azóia. E os desodorizantes e os champôs. O detergente da roupa vinha de Santa Iria de Azóia. Bem como, o pó para a cozinha; o creme para a casa de banho; o líquido para os vidros. Na minha cabeça, a procurar palavras e a decifrar enigmas nas embalagens dos produtos domésticos, Santa Iria da Azóia era um oásis de coisas boas, para comer e cheirar. Um farol de modernidade. O que havia de mais parecido com Nova Iorque, em Portugal. Eu queria ir a Santa Iria de Azóia. Até que fui. E não, não é parecido.

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A Garota bairrista

por Miguel Bastos, em 16.12.24

ELA.jpg 

"Eu sou muito bairrista", disse A Garota Não, "e se eu tivesse uma cantora destas, lá em Setúbal, eu não parava de falar dela". A cantora é Ela Vaz. As duas cantaram juntas e trocaram piropos, pela primeira vez, este fim de semana. "Quem me dera ter a capacidade de falar da Garota", disse Ela. "Se eu tivesse a voz dela só dizia 'boa noite', começava a cantar e estava feito", respondeu a Garota. As duas cantoras partilharam o palco do Teatro Aveirense, na celebração dos 190 anos da Banda Amizade - Banda Sinfónica de Aveiro. A Garota tem feito um percurso extraordinário e tem recebido uma atenção que é mais do que merecida. Já o percurso de Ela Vaz tem sido mais discreto. Talvez, por isso, a Garota não a conhecesse. O que a deixou, até, constrangida. "Como é que eu não conhecia uma voz destas? Incrível!", confidenciou. E foi, nesse contexto, que falou de bairrismo. E da necessidade de falar de Ela Vaz. E de a ouvir, acrescento eu, que não sou nada bairrista. Bem, talvez um bocadinho.
 
Para ouvir, aqui:

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Luzes de Natal

por Miguel Bastos, em 13.12.24

bola disco.jpg 

Dona Alzira, tão moderna! Acabo de olhar para a sua varanda. Uau! Tantas luzes, a piscar: com cores diferentes, intensidades diferentes, velocidades diferentes. Incrível, parece uma discoteca! Uma discoteca de Natal! Só falta juntar uma bola de espelhos e uma máquina de fumos. Tum, tss, tum, tss, tum, tss, tum. Parabéns e boas festas! Tum, tum, tum, tum.

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O medo

por Miguel Bastos, em 12.12.24

mais arrepios.jpg 

Era uma vez uma criança que não tinha medo, porque não sabia o que era o medo. Mas quer saber. A história está num conto dos Irmãos Grimm e é levada a palco pelos alunos da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, no Porto. Tudo gente nova, portanto. Nova e destemida.

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/arrepios-estreia-se-peca-assombrada-para-criancas-no-porto_a1621131

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O Ouvidor do Brasil

por Miguel Bastos, em 10.12.24

tom.jpg

 

Leio a definição, logo a seguir ao índice:

"Ouvidor. S.m. Do latim auditor, -oris; auditor, ouvinte. Aquele que ouve. (...) os sons do país, venham da floresta ou da cidade. Exemplo: Antonio Carlos Jobim."

Ao virar da página, a Apresentação:

"Os 99 textos a seguir foram publicados originalmente entre 2007 e 2023, na página 2 da Folha de S. Paulo. Todos tratam de Tom Jobim, o homem e o artista, e do mundo que girou tendo-o como centro."

E, para concluir:

"Ah, sim, a definição de 'ouvidor' que você deve ter lido há pouco. Foi tirada de um dicionário - mas de um dicionário que estou pensando em escrever."

Começa bem este "O Ouvidor do Brasil: 99 vezes Tom Jobim", de Ruy Castro.

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Natal

por Miguel Bastos, em 09.12.24

mariah.jpg 

"Mamãe, eu quero / Mamãe, eu quero / Mamãe, eu quero mamar"
 
"Eh! Meu amigo Charlie / Eh! Meu amigo Charlie Brown, Charlie Brown"
 
"Não posso ficar nem mais um minuto com você / Sinto muito, amor, mas não pode ser"
 
Desculpem, acabei de levar com uma dose dupla de Mariah Carey e deu-me vontade de avançar no calendário.

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A família

por Miguel Bastos, em 21.11.24

FOTOGRAFIA TNSJ.jpg 

"Todos nós temos Natal", diz o encenador Nuno Cardoso, a lembrar todas as coisas boas, mas também todas as ansiedades e conflitos, recorrentes nesta época. "A família", refere Nuno Cardoso, "é a coisa mais esmagadora que existe". Pode-nos esmagar, mas (ela própria) pode-se partir, estilhaçar, extinguir, com o desaparecimento da figura agregadora: o pai, no caso da peça de Strindberg "O Pelicano".
 
Para ver no Teatro Nacional São João.
 
Para ouvir, aqui:

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/o-pelicano-no-teatro-nacional-sao-joao_a1616546

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Feliz Natal

por Miguel Bastos, em 22.12.23

 

"És um vagabundo"; "És uma porca"; "Feliz Natal, cara de cu". Sim, é uma canção de Natal - cheia de raiva. Mas, também, de poesia: "Tu roubaste-me os meus sonhos, quando eu te conheci"; "Eu guardei-os comigo, querida / Eu construí os meus sonhos, à tua volta". E eu (lamechas) fico sempre de lágrimas nos olhos, nesta parte. Feliz Natal.

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