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"Tipo" é tique de linguagem, que passou dos jovens adolescentes aos velhos "tipo" moderno. Mas "tipo" é também cópia, imitação, pechibeque: "tipo azeitão", "tipo serra". Há um tom de comédia, de circo, de farsa, na canção "Tipo Contrafacção". Letra precisa (Godinho), música arrojada (Nuno Rafael), arranjo certeiro (Filipe Melo). Pim, pam, pum.
O novo disco de Sérgio Godinho é de uma economia de meios notável. O mestre assina duas canções e divide autorias com outros compositores nas restantes, escrevendo as letras depois. Há uma excepção: "Delicado", uma canção de Márcia. Grande parte das canções tem um ou dois músicos, que tocam todos os instrumentos, o que lhe dá uma sonoridade mais artesanal, mas também mais original. Em pouco mais de meia hora, Godinho divide créditos e junta talentos: de "Grão da mesma mó" (David Fonseca) a "Até já, até já" (Pedro da Silva Martins, dos Deolinda).
"Nação valente" fala de nós todos, em geral, e de cada um, em particular, num universo só dele. E não é "tipo". É mesmo genuíno. É mesmo Godinho.
"Quando o teu corpo oscila no meu/ Quando é já carne o que era só céu". É por esta e por outras (muitas outras!), que o novo disco de Godinho não me sai da cabeça.