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Ai, o tempo passa a correr! Parece que ainda ontem era Natal e amanhã já é Dia de Reis.
O presidente da República fez mais de 500 quilómetros para assinalar os quase 50 anos de democracia, em Portugal. Recorreu à sua vocação de professor e aos seus dotes de comunicador, para dar uma espécie de aula sobre democracia, num auditório repleto de jovens. O presidente foi recebido com grande entusiasmo. Os jovens bateram palmas e assobiaram, com a excitação reservada às celebridades. Depois, o presidente começou a falar e a juventude esmoreceu. Quando começou a distinguir a monarquia e a república, a Rita resolveu mergulhar no "Instagram". Quando abordou a guerra colonial, o João decidiu fazer uma guerra "online" com o colega do lado. A reflexão sobre a natureza dos partidos políticos foi ofuscada pelas imagens dos guerreiros de "wrestling" do telemóvel do Hugo. E a emergência do populismo não resistiu ao livro do Harry Potter (na realidade, o Harry Potter também não resistiu ao "TikTok" - pois não, Mafalda?"). Bem sei que estava na fila de trás (local onde se costumam sentar os jornalistas e os maus alunos). Bem sei que, nas filas da frente, havia alunos interessados e participativos. Mas, foi uma espécie de constatação "in loco" de algumas das assimetrias sublinhadas pelo presidente: na política ou na educação "há muito bom e há muito mau". O presidente exortou os jovens: "participem", "envolvam-se", "manifestem-se". Uma parte significativa não respondeu, porque estava demasiado ocupada, a bocejar, no ciberespaço. A dada altura, o presidente contou uma história para ilustrar a importância das pessoas se manterem independentes dos cargos políticos: "Eu tinha colegas meus, jovens, que tinham acabado de sair da faculdade e foram convidados para secretários de Estado. Quando saíram do governo não sabiam o que fazer. Achavam que, depois de terem sido secretários de Estado, só podiam ser ministros ou presidentes de um banco". "O que é que achas que eu devo fazer?", perguntavam-lhe. "Eh, pá! E se fosses trabalhar?", respondia-lhes. A resposta (como é evidente) não é válida, apenas, para ex-secretários de Estado. No final - de novo - as palmas e os assobios, reservados às celebridades. E uma selfie (claro!), para partilhar no ciberespaço.
Sou um republicano, com um fraquinho por princesas. E, hoje, a Princesa Diana faz anos.
Está confirmado. Os Estados Unidos vão ter mais um Bush a candidatar-se à presidência. Jeb parece um nome plebeu (resulta das iniciais de John Ellis Bush), mas tem linhagem: é filho de Bush I e irmão de Bush II. Os Estados Unidos - nação jovem, fresca e republicana - estão cada vez mais parecidos com as monarquias. Como a Frente Nacional, em França. Ou com as novelas da TVI, em Portugal. As sondagens dão boas hipóteses do novo Bush ser presidente. Claro que, primeiro tem que ganhar o Partido Republicano. E, depois, tem que ganhar a Hillary.
Hillary, que tem o sobrenome Clinton, já foi Primeira-dama e já tinha sido candidata. Perdeu para Obama, para quem trabalhou, depois, como Secretária de Estado. Fez o primeiro mandato e, depois, saiu para ser candidata.
Obama - que era visto como uma nova voz para a América e para o mundo - arrisca-se, assim, a ser uma espécie de interregno da onda monárquica, que invadiu a política americana. Claro que, antes, já existiam os Kennedy - que tinham mais chame e graça. Mas têm um problema: morrem muito.
De modo que a escolha pode vir a ser entre o Jeb e Hillary. Entre Bush e Estica.