Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Olha-me este, agora! Também quer fazer um "statement", ou não sei quê...
Lembrei-me, agora, que os cabeleireiros vão fechar. Se calhar, devia ter pensado nisso mais cedo.
O que eu gostava, mesmo, era de ser um jovem: para andar por aí, em grande estilo, de manga curta, indiferente aos 2 graus. Só não percebi, ainda, se um jovem é um ser humano estilizado ou um termómetro avariado.
Passei o fim de semana a dar graxa. Até agora, não me serviu de nada.
Desde que Jair Bolsonaro me disse para encarar a pandemia como um homem, que ando a lavar as mãos com este sabonete. A fábrica de sabonetes diz que é para homem e eu acredito. Agora, por favor, não reparem que o sabonete combina com a pastilha da casa de banho, senão lá se vai esta minha afirmação pública de testosterona.
Imagino sempre que, um dia, vou ser grande e bonito. Não é que eu não me sinta bem na minha pele. A questão é que tenho uma pele utópica.
A Redshoes cá de casa.
Está um dia tão soalheiro, que resolvi pôr uma roupa no Stendhal.
"Haverá um tempo para maquilhagem, cabelos e compras?", pergunta-se na canção dos Passengers (U2, Brian Eno, Luciano Pavarotti). A Canção "Miss Sarajevo" foi escrita numa altura em que Sarajevo estava a ferro e fogo, estilhaçada pelo ódio e pelo ressentimento. Sob uma chuva de balas e bombas, realizou-se, em Sarajevo, um concurso de misses. Foi este o ponto de partida para a canção. Um absurdo? Talvez. Na altura, lembrei-me dos filmes da Segunda Guerra, em que as senhoras picavam os dedos para fazerem sangue, que depois usavam como "blush", para dar cor ao rosto; ou pintavam um risco nas pernas para simular "collants". Frivolidade? Talvez. Mas, sobretudo, sobrevivência. Uma boa aparência poderia dar acesso a melhor trabalho, melhor alimentação, a melhor alojamento ou, apenas, a permanecer vivo.
Hoje, em tempo de pandemia, haverá modelos a desfilar na ModaLisboa. Vai-se espalhar beleza, porque é preciso: sobreviver, claro; mas, sobretudo, viver. E agora, com a vossa licença, vou retocar o "eyeliner".
Um tango argentino, de Piazzolla; na voz de uma jamaicana, modelo em Paris e cantora em Nova Iorque. Diz que são precisos dois, para dançar Libertango.