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No livro “A Cegueira do Rio”, um conjunto de personagens tenta evitar o início da guerra, a todo o custo. Mia Couto coloca-nos em 1914, mas sabemos que podia ser hoje: o mundo ou está em guerra, ou está à beira dela. Acabo de ler o livro, começa mais uma guerra e volto ao princípio. Escreve o autor: “Para os europeus, o Rovuma era uma fronteira separando a ‘África Oriental Portuguesa', da ‘África Oriental Alemã’. Para os africanos, o rio era uma mulher que engravidava com as grandes chuvas”.
Ah, os talibãs: sempre a aterrorizar as mulheres! Desde sempre, em tantos tempos e sítios diferentes.
"Dias depois de Capitine ter emigrado para a Beira Maniara decidiu, também ela, sair da aldeia. Ia juntar-se ao marido. Sendo mulher, contudo, ela estava interdita de se meter sozinha pela estrada. Infelizmente essa regra nunca mudou. Uma mulher que viaja sozinha é uma criatura que caminha despida. Os homens estão autorizados a fazer com ela o que quiserem.
Mais grave do que viajar sozinha era, nesse tempo, uma mulher entrar na cidade sem ser na companhia do marido. Maniara decidiu desobedecer a esse destino."
Não tenho nada contra livros cor-de-rosa. Tenho é falta de tempo. E tenho livros amarelos. Amarelos e belos.