Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Marine Le Pen mudou o nome do partido que lidera, para "União Nacional". Podia ter sido uma bela homenagem ao Portugal, do Estado Novo. Mas, no mesmo congresso, suspende um luso descendente, por ser racista. Esta gente confunde-nos.
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/marine-le-pen-frente-nacional-passa-a-uniao-nacional_n1063224
"São todos iguais! Querem é tacho! Só pensam neles! Só falam connosco para pedir votos! Eu não voto! Não quero saber! São todos iguais!" Não é verdade. Os políticos não são todos iguais. É verdade que são parecidos. E, às vezes, são tão parecidos, que parecem iguais.
O fim do império soviético e da guerra fria, e a vitória do capitalismo, fez-nos dispensar a Política e tornou os políticos ainda mais iguais. Durante um tempo pareceu que se devia tomar decisões, apoiadas, apenas, na técnica. Cresceram os mercados e os tecnocratas. Diminuiu a lei, o Estado e a política. Desapareceu a ideologia.
E foi crescendo a demagogia, o populismo, que descamba, facilmente, para o racismo e a xenofobia. Os políticos não são todos iguais. Basta olhar para Trump, Farage, Boris Johnson, Marine Le Pen, Putin, Viktor Orbán. O que me deixa triste é que eu sempre achei que as pessoas mudariam de opinião, com os bons exemplos. Não mudaram. Ao menos, que mudem com os maus.
A discussão da Europa está em cima da mesa. Com a Europa a ser empurrada para a porta dos fundos. Catarina Martins também quis dar um empurrão. A altura não podia ser pior. Sejamos claros: a Europa pode e deve ser criticada. Mesmo quando se confunde Europa com União Europeia; com o Euro; com as instituições europeias. Pode (e deve-se) criticar a política orçamental; o peso da Alemanha; a falta de solidariedade dos países mais ricos, com os países mais pobres; sobre tudo o que entendermos. Mas, a verdade é que a Europa tem das costas largas. Mesmo que, às vezes, se diga “esta Europa” ao generalizamos, estamo-nos a atirar, todos, para fora da Europa.
Na ressaca do Brexit e da convenção do Bloco de Esquerda, os media abriram os seus fóruns à discussão da Europa. E aqui se confundem simpatizantes da extrema esquerda utópica, da extrema direita agressiva, salazaristas saudosos, anarquistas enfurecidos, socialistas zangados, social democratas desapontados, etc. Todos convergem para a crítica da Europa, mas por razões diversas e, muitas vezes, inversas.
Vale a pena lembrar que Marine Le Pen foi uma das que mais festejou a vitória do Brexit. E pediu, de imediato, um referendo, em França, sobre a Europa. E que será, sempre, um entusiasta de um próximo referendo. Não por ser um instrumento da democracia, mas porque é uma ótima arma de arremesso, contra a democracia. Catarina não se devia esquecer disso…
Enquanto, em Portugal, discutimos se Passos Coelho é do centro moderado, ou se o governo de António Costa é de esquerda radical, há um país onde a direita radical existe mesmo. Em França, a Frente Nacional cresce, de eleição para eleição. O partido de Marine Le Pen tem, agora, mais de sete milhões de eleitores. Em algumas regiões, a percentagem anda à volta de 50%. Ou seja, Marine Le Pen tem, cada vez mais, hipóteses de vir a ser Presidente da República.
Esta possibilidade limita o otimismo que alguns depositavam na recuperação da popularidade de François Hollande, depois dos atentados de Paris. Antes dos atentados, a popularidade de Hollande era mais baixa do que a de Cavaco, em Portugal.
A expectativa de que a Europa estava a virar à esquerda, com a vitória de Hollande, foi contrariada pela eleição de Merkel, na Alemanha. A vitória de Tsipras, na Grécia, foi contrariada pela vitória de Cameron, no Reino Unido. Não se pode, portanto, falar de viragens à esquerda ou à direita. A estrada da Europa tem muitos ziguezagues. Mas, quando a direita é extrema, a Europa corre o risco de se despistar.