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Puigdemont quer resolver a questão da Catalunha: "lá fora", com Rajoy. Vamos resolver isto "lá fora" é uma coisa que soa a macho latino à pancada, junto à taberna. Mas, vindo destes dois, será uma coisa diferente. Antes do "lá fora", Puigdemont vai esperar - até ter a certeza que ninguém o vai magoar. E Rajoy vai estudar a constituição - para ter a certeza que os hematomas estarão de acordo com as regras.
“Nunca tinha visto tantos jornalistas interessados em arte contemporânea”, brincou António Costa. Nessa altura, o primeiro ministro inaugurava um museu, de Siza Vieira, sob um manto ruidoso de vaias, assobios, palavras de ordem, bombos e apitos. Foi a primeira grande manifestação do movimento dos colégios privados. Protestava-se contra a decisão do governo de rever os contratos de associação.
Na sexta feira, António Costa voltou a inaugurar uma exposição, num espaço de arte contemporânea, com o dedo de Siza. Mas o cenário era muito diferente. Costa estava com Marcelo, Mariano Rajoy, o presidente da Câmara do Porto e o ministro da Cultura. Foi uma festa, cuidadosamente planeada, com Rui Moreira a anunciar que as obras de Miró ficavam no Porto. O ambiente era de regozijo. O fim de semana trouxe uma enchente a Serralves, com filas de espera para ver a famosa colecção que o governo decidiu que ficava em Portugal. Já agora, a colecção era de um banco que faliu e deu cabo das contas do Estado. O cartoonista Luís Afonso já brincou com o assunto, no Público: ainda vamos ficar gratos ao BPN. Parece que já estamos...
Está toda a agente a preparar-se para as terceiras eleições, consecutivas, em Espanha. Foi neste país que se inventou o concurso “1, 2, 3” que colava Portugal à televisão. Todos queriam saber se saía a casa, o carro ou uma coisa nenhuma, ao casal que tentava descobrir os enigmas lidos por Carlos Cruz.
Recorde-se o “1, 2, 3”. O concurso tinha três partes. Na primeira, uma prova de cultura geral. Na segunda, uma prova de habilidade. Na terceira, havia uns objetos e uns enigmas que os concorrentes iam eliminando, até chegarem à última escolha. A terceira parte sempre me pareceu uma cachada. Basicamente, Carlos Cruz arrastava o programa, ajudando ou baralhando os concorrentes, que, depois de muito pensar, escolhiam à sorte. Às vezes tinham sorte, outras vezes tinham azar. Depois de dois processos eleitorais, os espanhóis vão votar outra vez? Ou vão deixar de votar, e passam a escolher à sorte?
As eleições espanholas voltaram a dar vitória ao PP, sem maioria. Portanto: na mesma, como a lesma? Pode ser que não. A verdade é que o PP cresceu, em votos e em mandatos; o PSOE perdeu votos e mandados, mas está à frente do Podemos; o Podemos caiu, nas expetativas e na real; o Ciudadanos também. Os jornais de ontem faziam contas e cenários: PP + PSOE; PP + PSOE + Ciudadanos; PSOE + Podemos + Ciudadanos e, a mais provável, PP+Ciudadanos, com apoio parlamentar do PSOE.
Num certo sentido, Espanha não mudou muito, relativamente às eleições de há seis meses. Não há uma vitória clara de um partido, nem a capacidade de um dos partidos clássicos, governar com um dos novos partidos. Uma solução do tipo PP + Ciudadanos ou PSOE + Podemos. Mas há duas diferenças significativas. Primeiro, só há soluções governativas com o envolvimento dos dois principais partidos, o que parece um regresso ao bipartidarismo. Segundo, mesmo sem maioria, a legitimidade para o PP governar, aumentou. Houve um número significativo de eleitores que deram o seu voto ao partido de Mariano Rajoy e castigaram os outros partidos, que foram penalizados por não se entender. A isto chama-se democracia. São os eleitores que têm o poder e o passam aos políticos. Resta saber se eles sabem o que fazer com ele…