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Estou a ver o noticiário, na televisão. Em rodapé, anuncia-se o novo filme de António Pedro Vasconcelos, sobre o tema do divórcio. Olho para ecrã. Sóbrio e elegante, um casal de meia idade senta-se, frente a frente. Discutem os problemas que os apoquentam. Separam-nos umas mesinhas, pequenas, e um mundo, imenso: as contas do gás, da eletricidade, a economia doméstica, e a russa que se meteu entre eles. "Eu sou uma mulher livre", diz ela. "Pronto, está consumada a separação", penso em voz alta. Mas, subitamente, pinta um clima. Sim, um clima. "Quem lá ver...", penso, de novo, em voz alta. "Você é uma climo-cética!", atira ele. "E você é um climo-hipócrita", responde ela. O ambiente não está nada bom. Desligo o televisor.
Já se percebeu que a fé em Macron não move montanhas. Mas, Macron está disposto a ir por montes e Valls.
Antes dos “ses" e dos “mas” convém lembrar: Emmanuel Macron ganhou; Mariene Le Pen perdeu. E não foi por pouco. Mesmo que se pudesse desejar que fosse por mais. E Macron não facilitou. Não piscou o olho ao eleitorado de Le Pen (como Fillon). Não procurou a simpatia de Mélenchon (que não lhe deu os votos).
Mas, mais importante, Macron não foi na cantiga de Le Pen. A candidata da Frente Nacional insistiu que o ex ministro de Holland era o candidato das élites: um banqueiro, rico, europeísta e liberal. Ele não negou o que é: lembrou, apenas, que a (alegada) candidata do povo é, afinal, a herdeira rica de um colaboracionista nazi, que cresceu num castelo. Ele não herdou. Teve que se fazer à vida.
Há muitas incógnitas quanto ao futuro de França. A Frente Nacional tornou-se o primeiro partido nacional e anunciou a sua fusão com o outro partido de extrema direita. Os partidos do centro estão em crise. E não se sabe, ainda, quanto vão valer os partidos de Macron e Mélenchon. Estamos,a penas, a seis semana de novas eleições.
Mas, ontem, foi clarinho: 66 - 34. Macron ganhou; Le Pen perdeu. E ouviu-se o Hino da Alegria.
Volta a França. Macron, Fillon, Mélenchon e Hamon: quatro candidatos com nomes terminados em “on”. Os três últimos terminaram a etapa, mas saíram da prova. O primeiro dos quarto quer vencer a Volta. A outra candidata, em prova, também quer vencer. Para acabar com tudo.
Olhando para a tabela classificativa:
Macron: venceu a etapa. Mas, não tem grande equipa. Aliás, não tem equipa: nem grande, nem pequena; nem boa, nem má; nem esquerda nem direita. Pedalou ao centro. Correu-lhe bem.
Le Pen: tem uma máquina bem oleada: É velha, mas parece nova. É uma escaladora: subiu bem à montanha. Mas derrapa, sempre, nos circuitos urbanos.
Fillon: guinou a direita, para a direita. Derrapou e caiu. Está por apurar a gravidade da lesão.
Mélenchon: optou pela pista da esquerda. É formosa, é segura, mas não ganha. Não se sabe quem é que ganha com isso.
Hamon: o PS apostou no melhor atleta para ganhar, e teve a sua maior derrota. A culpa é do treinador?
A Volta a França, continua. Agora com dois atletas. Fazem-se à estrada e aceleram. Correm contra o tempo.