Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Reencontrar um bom disco é como reencontrar um velho amigo. Reencontrei "Body and Soul", de Joe Jackson. Repousava (há demasiado tempo) numa estante lá de casa. O sexto disco de Joe Jackson desenvolve a receita do anterior, "Night and Day": uma mistura de pop, soul, funk, jazz e música latina. "Body and Soul" é um "espetáculo de luz e cor", para dar vida a estes dias cinzentos.
Faltava o frente a frente, o cara a cara, o "Mano a mano". Finalmente, vi (e, sobretudo, ouvi) o Salvador Sobral ao vivo. Confirma-se, é um dos melhores artistas portugueses, de que tenho memória: cantor, músico, "entertainer", intérprete, criador, compositor. Tanto talento, num jovem que se estreou num concurso de marionetes e se tornou conhecido no Festival da Canção. Salvador tem música no coração e tem música à flor da pele. Respira música: expira-nos música e, com isso, inspira-nos vida.
Dizemos, muitas vezes, que uma música ou um artista nos salvou a vida. É, obviamente, uma metáfora, um exagero. Mas, para o maestro José Antonio Abreu, salvar a vida era mais do que uma figura de estilo: transformou-se numa missão. Abreu fundou o "El Sistema": um sistema para salvar as crianças pobres da Venezuela, através da música. Uma rede de escolas, orquestras e coros que se foi espalhando pelo país. Centenas de milhares de crianças e jovens, saíram de meios de pobreza extrema - ligados à droga e à criminalidade - e chegaram aos maiores palcos do mundo. E apaixonaram os maiores maestros do mundo. E geraram um dos maiores maestros do mundo: Gustavo Dudamel.
Ei-los a celebrar "Mambo", de Leonard Bernstein. O tema faz parte do musical West Side Story: uma variação de "Romeu e Julieta", em que dois grupos rivais de jovens delinquentes (um deles latino) se digladiam nas ruas de Nova Iorque. No fundo, o meio de onde vieram os músicos e a música que estão em palco. "Mambo", no Dia Mundial da Música, a salvar a vida: a deles, mas também a nossa.
Antes de vos falar do John, do Paul, do George e do Ringo, deixem-me falar-vos do Tó. O Tó era amigo da minha irmã e fã dos outros quatro. E queria converter-nos à religião dele. Mas, nós não estávamos para aí virados. Tínhamos acabado de descobrir as viagens cósmicas dos Pink Floyd e as transgressões musico-poéticas dos Doors. Os Beatles pareciam-nos demasiado antigos e bem comportados. "I wanna hold your hand" ou "Yellow submarine" pareciam-nos canções inocentes e infantis. Que contraste com o "Shine On You Crazy Diamond", dos Pink Floyd, ou com o "Light my fire", dos Doors! Mas o Tó não desarmava e queria-nos oferecer o seu disco preferido dos Beatles. Acabámos por chegar a uma solução de compromisso. Emprestou-nos o "Abbey Road": se não gostássemos, podíamos devolvê-lo; se gostássemos ficávamos com o disco. Gostámos. O "Abbey Road" tem 50 anos e mora em minha casa, há mais de 30. É maravilhoso e está cada vez mais novo.
Mário Centeno está a ser apontado como candidato à liderança do FMI. Acho uma injustiça. Em Portugal, há outro Mário que contribuiu muito mais para a popularidade do FMI. O José Mário.
Gosto de olhar para as mãos da Alondra de la Parra. Volta e meia, a maestrina pousa a batuta e deixa que as suas mãos dancem livremente. E, depois, as mãos fazem dançar o resto do corpo. Ombros, braços, anca. Boca, olhos, sobrancelhas. Alguns maestros usam a batuta como fosse uma arma, um instrumento de domínio, uma espada afiada. Alondra parece que, apenas, pede aos músicos que a levem a dançar. Pode ser Prokofiev ou Beethoven. Mas é claro que dança melhor com a música do México. Do seu México. Vejam aqui como ela dança Arturo Márquez, com a Orquestra de Paris.
Amanhã, Donald Trump chega ao Reino Unido. Mas, já enviou cartas de amor a Boris Johnson, que daria um “excelente” líder do Partido Conservador; e a Nigel Farage, que é a pessoa ideal para negociar o Brexit. No fundo, Trump tem dois amores, como na canção de Marco Paulo. Mas, se Johnson e Farage são parecidos, Marco e Donald em nada são iguais: um é um cantor popular, o outro é um senhor populista.
Olá, amigos! Neste Dia da Criança, sejam homenzinhos e ouçam música como deve ser!
Amigos, fazem muito bem em vir para aqui recordar as (excelentes) canções de Chico Buarque. Mas já agora, deixem-me recordar-vos que o Prémio Camões, deste ano, também escreve livros. E muito bons, por sinal.
Fernando Tordo anda a cantar "Adeus tristeza", há mais de 35 anos. É uma das canções tristes, mais tristes que eu conheço. Arrepiava-me ao ouvi-la na rádio (ainda me arrepia). Arrepiava-me ao ver Fernando Tordo a cantar "a tristeza" ao vivo, encharcado em suor, num espetáculo da Aula Magna transmitido na RTP. A intensidade da música e da interpretação faziam de Tordo uma espécie de Brel: um pouco mais gordo, um pouco mais luso. "Adeus tristeza", cantava num quase grito, mas a tristeza teimava em ficar. Até agora. Fernando acaba de regressar à canção, num dueto com Héber Marques, dos HMB. E a tristeza disse "Adeus", pela primeira vez. Lindo.