por Miguel Bastos, em 10.03.22
Com 13/14 anos, Alondra de la Parra já queria ser maestrina. Mas depois perguntava-se, a si própria, como é que isso seria possível: "Os maestros têm de ser alemães, muito velhos e de cabelo branco. Eu sou mexicana, sou uma criança e sou mulher". Bem, Alondra de la Parra é maestrina. Já não é criança (o tempo cura tudo!), mas continua a ser mulher e mexicana. A sua história passou, ontem à noite, na RTP 2, e apanhou-me a meio de outra história - a de Angela Merkel. Esta é alemã, mas essa será a única vantagem. Aliás, é só meia vantagem. Porque Angela veio da Alemanha de Leste. As restantes caraterísticas, eram semelhantes, na desadequação. Era uma mulher, no meio de homens. Era uma jovem cientista: demasiado jovem, demasiado provinciana, demasiado descuidada.
Ambas sabem que, lá fora, existe um mundo de oportunidades. E agarraram-nas. Mas, também sabem que o mundo não é justo. E, no entanto, ele move-se. Umas vezes, aproveitaram as mudanças do mundo. Outras vezes, promoveram, elas próprias, essas mudanças. Umas vezes, foram (ainda) aprendizes. Outras vezes, foram (já) feiticeiras. Maestrinas, as duas: cada uma à sua maneira.
Para ver o documentário: clicar na imagem.