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O sr. Carlos fechou a loja, há poucas semanas. A loja do sr. Carlos tinha muitos anos. Atravessou várias gerações. O sr. Carlos vem de uma família de comerciantes, mas teve de fechar a loja porque "isto não está bom para o comércio". Passei-lhe à porta. Está reaberta. Agora, é uma imobiliária. Agora, o sr. Carlos vende casas: moradias e apartamentos com "acabamentos de luxo" (agora, é tudo "de luxo") e lojas com "excelente localização". Deixo duas questões, para fechar a loja:
Como é que um país que não tem dinheiro para comprar casas normais, só anda a vender casas de luxo?
E como é que um país que não para de fechar lojas, continua a abrir lojas de vender lojas?
A dada altura, os discos de vinil começaram a rarear. O CD é que era. Era moderno, era "cool" e era caro. O vinil já era. Aproveitei para comprar alguns discos adiados, que, agora, estavam abandonados nas prateleiras. Aproveitei para experimentar outros géneros musicais adiados, como o jazz. Mas, por onde começar? Comprei este disco, sem ouvir. Algo que não costumava fazer. Mas, a papelaria não tinha gira-discos. Não conhecia Ahmad Jamal, mas já conhecia Gary Burton. E conhecia a "Manhã de carnaval", de Luiz Bonfá, que abre o disco. E já sabia que o amor entre o jazz e a música brasileira dava bons filhos. Levei a dupla para casa. A papelaria já faleceu, há uns anos. Ahmad Jamal morreu, há dois dias.
As lojas só abrem amanhã, certo? É que precisava de trocar umas prendas, que não me assentam bem. São dois livros. Ficam-me muito grandes.
Fui a um centro comercial novo. Estou muito, muito contente. Finalmente, vou poder comprar as mesmas coisas, nas mesmas lojas, mas num sítio diferente.