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É claro que não está em causa a liberdade de cada cidadão. Apenas não se pode fumar nem dentro, nem à porta, nem ao ar livre. De resto, pode-se fumar onde se quiser. Mas, tudo isto é transitório, porque vamos criar uma geração sem tabaco, até 2040. As experiências estão a correr bem. Estamos só a acabar os laboratórios.
Ler o jornal devia ser isso mesmo: ler o jornal. Um ato banal, corriqueiro, quotidiano. Será, ainda, um direito e um dever. Mas, hoje, ler o jornal - este, em particular - pode ser, também, um ato de solidariedade e luta. Que não se esgote no dia de hoje.
As imagens das manifestações contra as medidas restritivas, decretadas por vários governos europeus para travar a COVID, são assustadoras. Este fim de semana, milhares de pessoas saíram à rua, em várias cidades de vários países, para pedirem "liberdade". Saíram aos milhares, a maioria sem máscara, exigindo que a sua opinião seja ouvida enquanto se contagiam uns aos outros, alguns acompanhados pelos filhos, no meio de petardos, bombas incendiárias, canhões de água e gás lacrimogénio. Às vezes, a Europa "civilizada" é, mesmo, assustadora.
O MEL - Movimento Europa e Liberdade está a realizar uma convenção, em Lisboa, que tem como objetivo contribuir para a convergência da direita, em Portugal. Vamos a convergências:
O líder da Iniciativa Liberal acusou o PSD de ser refém do Partido Socialista e de fazer o discurso do Bloco de Esquerda e do PCP. Depois, numa referência ao Chega, declara que nunca apoiará o populismo.
O Vice-Presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, do PSD, considera que a discussão sobre a convergência à direita é "extemporânea", reconheceu que Rui Rio não vai ganhar as próximas eleições e que a solução passa por eleições internas.
A deputada do CDS-PP, Cecília Meireles, considera que, primeiro, os partidos têm que se organizar, internamente, mas admitiu que a direita tem de começar a discutir "o que quer para o país", para não fazer "fretes ao PS".
O vice-presidente do Chega, Nuno Afonso, diz que, apesar de dizerem que não fazem governo com o Chega, a Iniciativa Liberal e o PSD estão "a alimentar o sapo que mais cedo ou mais tarde vão ter de engolir".
Tanta convergência fez-me lembrar uma canção de Gonzaguinha, daquelas de partir o coração, que Maria Bethânia cantou num disco que, curiosamente, se chama "Mel":
Primeiro você me azucrina
Me entorta a cabeça
Me bota na boca
Um gosto amargo de fel
Depois
Vem chorando desculpas
Assim meio pedindo
Querendo ganhar
Um bocado de mel
Teletrabalhadores de todo o mundo, uni-vos! Cada um em sua casa.
O novo filme de Spielberg, "The Post", passa-se na era Nixon. Mas, é inevitável vê-lo como uma reacção à era Trump. Não é, no entanto, um filme dos bons contra os maus. É melhor que isso. A história anda à volta de uma investigação, governamental, sobre o Vietname. Fica-se a saber que, afinal, a guerra do Vietname era uma história mal contada. Aliás, era uma história não contada. Porquê? Porque os presidentes anteriores (Kennedy e Johnson) eram do grupo dos bons. O grupo que os jornais gostavam. Com quem tinham cumplicidade. Eram farinha do mesmo saco. Um saco onde estava, desde logo, o Washington Post.
Os protagonistas são a dona do jornal (Meryl Streep) e o diretor (Tom Hanks). São eles que vão ter que colocar em causa a sobrevivência do jornal, em nome da liberdade da imprensa. Mas, tão ou mais importante, vão ter que se colocar em causa.
Nesse sentido, "The Post" é um filme sobre a perda da ingenuidade. Um postal de uma época e do que restou dela.