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- Como é que é, Leonardo, vamos trabalhar?
- Vamos lá!
- Como é que fazemos com a condução?
- O costume.
- Ok, eu conduzo o carro.
- E eu conduzo o Tchaikovsky.
Vinha a sorrir, a caminho de casa. Degustava, mentalmente, a promoção "leve 3, pague dois" quando me apercebi que já tinha 1 dos 3 discos acabados de comprar. Voltei para trás, para devolver a gravação da "Sagração da Primavera", de Stravinski, dirigida por Leonard Bernstein para a Deutsche Grammophon. Tinha pouco mais de meia hora para escolher outro disco. Faço uma selecção de 5/6 discos até chegar à final, com duas hipóteses. O meu coração balançou entre um disco de Amália e outro de Madonna. Ganhou Amália, já em tempo de compensação. Voltei para casa a sorrir, desta vez do meu ecletismo.
Dizemos, muitas vezes, que uma música ou um artista nos salvou a vida. É, obviamente, uma metáfora, um exagero. Mas, para o maestro José Antonio Abreu, salvar a vida era mais do que uma figura de estilo: transformou-se numa missão. Abreu fundou o "El Sistema": um sistema para salvar as crianças pobres da Venezuela, através da música. Uma rede de escolas, orquestras e coros que se foi espalhando pelo país. Centenas de milhares de crianças e jovens, saíram de meios de pobreza extrema - ligados à droga e à criminalidade - e chegaram aos maiores palcos do mundo. E apaixonaram os maiores maestros do mundo. E geraram um dos maiores maestros do mundo: Gustavo Dudamel.
Ei-los a celebrar "Mambo", de Leonard Bernstein. O tema faz parte do musical West Side Story: uma variação de "Romeu e Julieta", em que dois grupos rivais de jovens delinquentes (um deles latino) se digladiam nas ruas de Nova Iorque. No fundo, o meio de onde vieram os músicos e a música que estão em palco. "Mambo", no Dia Mundial da Música, a salvar a vida: a deles, mas também a nossa.