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Bernstein

por Miguel Bastos, em 17.03.23

bernstein.jpg 

1959. Leonard Bernstein aperta a mão de Eisenhower, o presidente dos Estados Unidos. O maestro acabara de dirigir a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque, na "Fanfarra para o Homem Comum", de Aaron Copland. As cerimónias marcavam o início da construção do Lincoln Centre - o centro de artes, que iria iluminar o mundo, a partir de Nova Iorque. O biógrafo, Barry Seldes, considerou que este era o momento certo, para assinalar tudo o que esteve errado: o controlo político, as pressões, as investigações, as listas negras, os afastamentos, as retenções de passaporte, a censura, a autocensura, as confissões. Bernstein, como tantos artistas e intelectuais seus contemporâneos, passou por tudo isto. Foi, assim, a América do macarthismo. A "caça às Bruxas" está delimitada no tempo, mas vai para além desse tempo.
 
Ao longo de toda a sua carreira, Bernstein - um liberal, um progressista, um homem de esquerda - sentiu pressões políticas, particularmente quando os republicanos estiveram no poder. A forma como Bernstein lidou com essas pressões, faz lembrar os relatos dos artistas portugueses durante a ditadura. Esta biografia política não se limita a tentar perceber as ideias políticas do compositor e maestro, o seu grau de envolvimento na ação política, ou a forma como lidou com o poder político. Tentou perceber, também, de que forma é que a política americana influenciou (condicionou?) a sua música. Do ponto de vista político, esta biografia serve, ainda, para nos lembrar que a liberdade e a democracia estão, permanentemente, em risco. Mesmo quando tudo parece estar bem.

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Fado, Fátima e Futebol

por Miguel Bastos, em 01.07.22

murakami.jpg

No prefácio, Martim Sousa Tavares deixa a pergunta: "Como lhe chegou o livro às mãos"? E deixa duas respostas possíveis: porque gosta muito do autor, Haruki Murakami, ou pelo interesse que tem sobre música. Respondo por mim. Só li um livro de Murakami e (lamento!) não gostei muito. Caio, portanto, na segunda categoria: a dos que gostam de música. Mas, acrescento um terceiro motivo: gosto muito de entrevistas e de conversas. Portanto, a coisa promete. Nos próximos dias, vou ouvir dois velhinhos japoneses a falar sobre Brahms, Beethoven e Bernstein. Deve ser o "Fado, Fátima e Futebol" lá do país deles.

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Raios te partam, Ágata

por Miguel Bastos, em 19.11.16

Raios te partam, Ágata!  .jpg

Ágata resolveu acrescentar profundidade ao universo fútil de Leonard Cohen. Vai daí, anunciou uma nova versão de “Hallelujah”. Diz Ágata: “Não foi por ele ter partido que gravei o tema”. Raios te partam, Ágata! Mas, quem é que iria pensar numa coisa dessas? Não nos esquecemos da cantora que disse, em tempos, que “uma mulher deve ser sensual, até a pôr a mesa”. E, vai daí, Ágata resolveu vestir uma toalha de mesa de natal (daquelas prateadas e brilhantes) e pôr uma unhas no mesmo tom. Mas, deixou um decote sensual, para provar que é sempre consequente com as suas afirmações. Depois, foi só acrescentar seis crianças com ar de anjinho e voz de catequese, e um altar em azulejo e talha dourada. Coisa mais linda. Aprende, Leonardo!

 

Por uma vez na vida, Ágata deixa o universo lírico de “Perfume de Mulher”, “Mãe solteira” e “Comunhão de bens”, e mergulha no universo de um cantor popular. É assim mesmo. A cantora não tem preconceitos. Nós também não. Temos é medo. O que é que se vai seguir? Donald Trump a cantar “First we take Manhattan”?

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