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A história é contada, por Lena d’Água, no livro “António Variações - Entre Londres e Nova Iorque”, de Manuela Gonzaga. Lena, Marco Paulo e Variações eram convidados num programa de rádio, em direto, na piscina de um hotel. Marco Paulo seria a estrela maior, mas as atenções das “senhoras e rapariguitas” estavam centradas no mais extravagante dos cantores. De tal forma, que Marco Paulo encenou uma cena de ciúmes: “António, qualquer dia ainda ponho uma bomba no teu carro!”. “Mas qual carro?”, responde Variações, que hoje faria 80 anos. Muitos anos de vida.
Nas últimas semanas, tenho andado a ouvir o novo disco da Rita Redshoes. Estamos em novembro e, por esta altura, é normal perguntarmo-nos se o disco, que estamos a ouvir, será, ou não, o disco do ano. Também já me fiz essa pergunta. Mas, também, já me fiz outra: "será que isso é assim tão importante?" A seguir, lembrei-me que, há dois anos, um dos discos mais bonitos que ouvi (nos últimos anos) foi o disco da Lena d' Água. E, no ano passado, maravilhei-me com o disco da Capicua, que tem a voz da Lena e, como o disco da Rita, é muito marcado pelo universo feminino e pela maternidade. Finalmente, lembrei-me que, há uns anos, a Paula Moura Pinheiro fez um programa em que juntou a Xana, dos Rádio Macau, e a Manuela Azevedo, dos Clã, para falarem do rock no feminino: coisa rara, em Portugal. As duas eram quase "as únicas". Felizmente, as coisas têm vindo a melhorar: a Rita é única, mas não "a única". E, isso, só pode ser bom. Já agora, o novo disco chama-se "Lado Bom" e é mesmo bom. E é lindo. Sai à mãe.
Em Maio, pareceu-me que estava a ouvir o disco do Ano. Agora, tenho a certeza. Para mim, "Desalmadamente" é o disco português do ano. Lena d'Água regressou, trinta anos depois, com dez belíssimas canções "heterobiográficas" de Pedro da Silva Martins (da Deolinda). Lena merecia um disco assim: novo, mas com memória; criativo, mas simples; irreverente, sem ser ridículo. Está tudo no sítio: música e letra, produção e arranjos, instrumentos e voz. Sobretudo a voz, de Lena, que teima em não envelhecer. Esta canção, não é a melhor, nem a minha preferida do disco: é só a mais adaptada à época do ano. Boas festas!