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Annie era filha única, do último diretor da PIDE. José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz chamaram-lhe "A filha rebelde". Um exagero, decerto. Annie era, apenas, uma rapariga do seu tempo. Que não gostava assim lá muito dos chefes reacionários de Portugal. E que gostava um bocadinho lá muito dos chefes revolucionários de Cuba. Apaixonou-se, fugazmente, pelo guerrilheiro Che Guevara. Namorou, prolongadamente, com um ministro do Interior chamado Abrantes. Fora isso, tudo como dantes? Não. Porque, entretanto, também houve uma revolução em Portugal. E os filhos da revolução mandaram o pai, Silva Pais, para uma prisão que ele bem conhecia: Peniche. A vida de Annie dava um filme. Dava. Para já, deu um livro (um excelentíssimo livro!) e uma série (que começa, hoje, na RTP).
Desculpem o "politiquês" e o "juridiquês", mas, em situações de grande complexidade, é inevitável recorrer a uma linguagem mais técnica: "Em Portugal o Presidente tem um poder do caraças". António Franco, antigo Chefe da Casa Civil do Presidente Jorge Sampaio.
[José Pedro Castanheira (2017), Jorge Sampaio, Uma Biografia, ıı volume - O Presidente, pag. 701]
Fim-de-semana. TPC. Revisão da matéria dada.