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Tem 90 anos de idade; 65 de jornalismo; mais de 30 como cronista, no Jornal de Notícias. Oficialmente, Germano Silva reformou-se em 1996. Mas, sabemos que é, apenas, "oficialmente". Desde que se "reformou", editou mais de 20 livros. O mais recente chama-se"Porto: As Histórias que Faltavam". No prefácio, o jornalista Miguel Carvalho avisa: "E nós, se não arrepiarmos caminho para acompanhar a passada do Germano pelo Porto – e em nome do Porto –, é que ficaremos para trás." Hoje, depois da uma da tarde, na Antena 1, vou tentar acompanhar a passada do Germano. A questão não é se vou, ou não, ficar para trás. Mas antes, quanto tempo é que eu vou conseguir acompanhar o Germano antes de, inevitavelmente, ficar para trás.
O estrangeiro, dizia alguém, é o país onde todos gostariam de viver. "No estrangeiro", dizem uns, "paga-se menos impostos". Talvez, se esse país for os Estados Unidos. "No estrangeiro", dizem outros, "temos melhores hospitais". Talvez, na Suécia. "No estrangeiro", acrescentam outros ainda, "as mães podem ficar com as crianças, em casa, até aos três anos". É verdade, na Alemanha. É verdade, e pode ser bom. Para quem gosta. A ex-ministra Constança Urbano de Sousa, descobriu, por experiência própria, que na Alemanha não havia creches. E não gostou. Está na entrevista da Notícias Magazine, deste fim de semana.
Na Alemanha (esse país estrangeiro e avançado!), a maioria das mulheres casadas deixa de trabalhar quando engravida. Como em Portugal, nos anos 40. O reverso de estar em casa com filhos, nos primeiros 3 anos, é não ter creches, nem carreira profissional. Nos Estados Unidos, os impostos são baixos, mas a qualidade da saúde pública também. E se a Suécia tem saúde, na hora de pagar impostos os suecos têm todas as razões para ficarem doentes.
Essa é a vantagem do estrangeiro. Podemos escolher o estrangeiro que quisermos, de acordo com as conveniências de cada momento. Só há um problema: o estrangeiro não existe. Mas, é melhor.
A D. Helena era uma crente fervorosa do PSD. Mas afirmava, entre duas vassouradas, que não gostava do Marcelo. Porque não percebia nada do que ele dizia. “Olhe que não, D. Helena!", repetia-lhe eu, "Olhe que não”. Mas ela não cedia. Gostava do Santana, que, ainda por cima, era mais giro. Estávamos, ainda, na ressaca do cavaquismo. Rebelo de Sousa liderava o PSD, mas não o coração das donas helenas. Nessa altura, difundiu-se a ideia que, sendo um intelectual, Marcelo não chegava ao povo.
E, de facto, Marcelo chegava, com facilidade, às páginas dos jornais; aos microfones da rádio; aos corredores do poder; às mesas dos pensadores e dos conspiradores. Mas não conseguia “subir ao povo”, como diz o Carlos do Carmo. Isso mudou, claro.
Hoje, Marcelo bate recordes de popularidade. O Presidente da República tem uma avaliação positiva de 97% dos inquiridos pela sondagem da Católica (para a Antena 1, a RTP, o JN e DN). A popularidade de Marcelo coincide com uma altura em que se fala de populismo. São coisas bem diferentes. Estou, até, convencido que ser popular pode ser um antídoto contra o populismo.