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Seleção Natal

por Miguel Bastos, em 12.12.22

portugal marrocos.jpg 

Portugal. Não tive tempo para lamentar o afastamento da seleção. As responsabilidades do pai, sobrepuseram-se aos desejos do adepto. Não vi o jogo. Ouvi-o, em intermitência, até à morte. O mais velho gemia e suspirava no banco de trás. Percebi que tudo estava perdido, quando juntou as mãos em sinal de oração. Quando nos resta a vontade divina, para resolver um jogo pagão, estamos perdidos. Perdemos. Entrámos, cabisbaixos, na casa de Deus. Que diferença! "A igreja estava toda iluminada", como na canção, com dezenas de crianças e jovens à nossa espera. Tinham um concerto de Natal para nos oferecer. Muitos deles, gostariam de ter estado a ver o jogo. Mas não viram, por nossa causa. Enquanto a comunicação social debatia os méritos e deméritos da seleção, os meninos cantavam canções de Natal. Enquanto as redes sociais se incendiavam, com acusações ao selecionador e aos jogadores, o acordeonista bailava Piazzolla e um quarteto de cordas seguia o ritmo do tango. Enquanto Portugal se vestia de luto, as flautistas - andorinhas penduradas no coro alto - faziam esvoaçar melodias barrocas. Portugal perdeu na mesma. Eu também. Mas não perdi tudo, longe disso. Muito longe disso. 

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Força

por Miguel Bastos, em 06.12.22

Hoje, o grande objetivo de Portugal é chegar aos quartos.
O meu também. E o dia mal começou.
Força Portugal!
Força eu

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Gira, a seleção!

por Miguel Bastos, em 24.11.22

pauleta.jfif 

- Portanto, vamos ver futebol...
- O que é que achas? Hoje, é a seleção!
- Jogamos em casa?
- Isto é o Mundial, Ana, ninguém joga em casa! Só a equipa organizadora.
- Certo, certo. Somos os de vermelho?
- O que é que achas?
- Sei lá! Às vezes, jogamos de outra cor.
- Isso é quando jogamos com o equipamento alternativo.
- E como é que eu sei se estamos com o equipamento normal ou o alternativo?
- Sabes, conhecer os jogadores ajuda!
- Então, ajuda-me.
- Aquele é o Sérgio Conceição...
- Giro, não conhecia! E este?
- Vítor Baía. É o guarda redes.
- Hum, interessante... Aquele é o Figo...
- Estás a ver? Afinal, conheces alguns jogadores.
- A minha mãe compra a Caras, Manel. E ele é giro...
- Pois, diz que sim...
- E não é o único, o que é que se passa com os nossos jogadores?
- Como assim?
- Eram horríveis, com aqueles bigodes e as cabeleiras...
- Nem todos.
- Tu não tinhas bigode, mas aquele cabelinho atrás...
- Mas, depois, cortei. E fiquei todo giro!
- Mais ou menos. Desde que deixaste o futebol, ganhaste uns 20 quilos.
- Nunca estás satisfeita.
- Podias ser como aquele.
- Quem, o Pauleta? Não joga nada.
- Isso não sei. Mas é giro que se farta!
- Adoro ver futebol contigo, Ana.
- Eu também, amor.

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O Lãzinha

por Miguel Bastos, em 19.02.20

jordao.jpg

"Eu aplaudo os golos dos jogadores negros" é a nova versão do "eu até tenho amigos negros". Claro que todos os benfiquistas aplaudiram os golos do Coluna, todos os sportinguistas aplaudiram os golos do Jordão, todos os portistas aplaudem os golos do Marega. Não é aí que está a questão. A questão está em saber como é que a generalidade de portugueses lidam com os golos marcados pelos adversários negros. Ou como é que os portugueses lidam com os golos falhados pelos jogadores negros da sua equipa.
 
Eu também tive um amigo negro. Andava na minha escola, foi da minha sala e, ainda por cima, marcava imensos golos. Chamava-se Rui. Todos queriam ser da equipa dele. A rapidez, o passe, o drible e a ginga do Rui eram metade do sucesso da equipa onde ele jogasse. O Rui vinha da Guiné: era magricela, tinha a pele escura, o sorriso branco e um cabelo que parecia um novelo de lã. Chamávamos-lhe o "lãzinha". Mas, às vezes, chamavam-lhe "preto da guiné": bastava que o Rui marcasse um golo ao adversário ou que falhasse um golo a favor da sua equipa. Calculo que ficasse triste. Perguntei-lhe algumas vezes se ficava triste. Ele encolhia os ombros e dizia que não. Chutava para canto. Podia falhar um remate, mas o Rui era incapaz de marcar golos na própria baliza.

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